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EUA decidem barrar estrangeiros com passagem recente pelo Brasil

EUA decidem barrar estrangeiros com passagem recente pelo Brasil

Pessoas que estiveram no Brasil nos últimos 14 dias. não poderão ingressar no país, com algumas exceções, segundo decreto assinado pelo presidente Donald Trump

Publicado em 24 de maio de 2020 às 19:11

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Donald Trump
Donald Trump, presidente dos Estados Unidos. (Jim Bourg)

O governo americano anunciou neste domingo, 24, a proibição da entrada de viajantes estrangeiros provenientes do Brasil. A ameaça de limitar voos vindos do País vinha sendo mencionada publicamente pelo presidente americano, Donald Trump, desde o final de abril. Na sexta-feira, no mesmo dia em que a Organização Mundial da Saúde classificou a América Latina como novo epicentro do vírus, dando destaque ao Brasil, a Casa Branca e o Departamento de Estado americano concordaram em oficializar a restrição, como antecipou o Estadão.

A medida anunciada barra estrangeiros que estiveram no Brasil nos últimos 14 dias. A restrição passa a valer a partir das 23h59, no horário de Nova York, do dia 28 de maio. Ainda podem entrar no país aqueles que possuem residência permanente nos EUA, além de cônjuges, filhos e irmãos de americanos e de residentes permanentes. Estrangeiros que possuem visto específicos, como os que representam outros governos, também estarão excluídos da restrição.

Trump é considerado o principal aliado internacional do presidente Jair Bolsonaro e tem evitado críticas abertas ao brasileiro, mas deixou claro nas últimas semanas que não pouparia o País. "Eu não quero pessoas entrando e infectando nosso povo", afirmou na terça-feira, quando o Brasil ultrapassou a marca de mil mortes diárias por covid-19.

A pressão para que o governo americano adotasse restrições à chegada de brasileiros cresceu na última semana, quando a situação no Brasil se agravou e passou a ser destaque na imprensa internacional. O prefeito de Miami, Francis Suárez, foi um dos que defenderam abertamente o bloqueio dos voos. O Brasil é considerado um epicentro da pandemia, com trajetória de rápido crescimento dos casos, enquanto os EUA caminham para um processo de reabertura econômica e de controle interno da primeira onda da epidemia, que deixou mais de 1,6 milhão de infectados e quase 100 mil mortos no país.

Fontes do governo brasileiro veem na iniciativa americana mais uma mensagem eleitoral de Trump. A Flórida, onde chegam quase metade dos voos hoje em operação entre Brasil e EUA, é um Estado-chave para a eleição presidencial americana, que ocorrerá em novembro.

A avaliação para impor a medida, entretanto, levou em consideração fatores além do eleitoral. Em 23 de março, um funcionário do alto escalão do Departamento de Segurança Interna disse a jornalistas que a rápida aceleração de casos na América Latina, com destaque para o Brasil, era acompanhada com preocupação nos EUA. Na época, o Ministério da Saúde informou que o Brasil tinha 1.891 casos de covid-19 confirmados e 34 mortes. Dois meses depois, o Brasil tem quase 350 mil casos confirmados e mais de 22 mil mortos.

Atualmente, há 13 voos semanais em operação entre os dois países, sendo que seis têm a Flórida como destino e outros sete, o Texas. Só a Latam tinha 49 viagens semanais entre os dois países. Com a restrição de entrada, as empresas podem continuar a operar as rotas, se desejarem, mas os passageiros que se encaixem na medida não poderão ingressar nos EUA. A tendência, portanto, é que o número de voos seja ainda mais reduzido.

O governo brasileiro adotou uma restrição geral à entrada de estrangeiros. Em 27 de março, editou uma portaria para proibir temporariamente a entrada de estrangeiros que chegassem ao País. Em 22 de maio, uma nova portaria renovou esta limitação, que vale para todas as nacionalidades e tem exceções semelhantes às previstas pelo governo americano.

Nos bastidores, o governo brasileiro diz ver com naturalidade a medida americana. Na prática, no entanto, a diplomacia do País atuou para evitar essa barreira. Em abril, o encarregado de negócios pela Embaixada do Brasil em Washington, Nestor Forster, chegou a enviar uma carta ao governador da Flórida, Ron de Santis, na qual argumentou que a maioria dos voos era usada para repatriar brasileiros que estão nos EUA e para o transporte de cargas. Forster também se colocou à disposição de De Santis, da Casa Branca e do Conselho de Segurança Nacional para compartilhar informações sobre as respostas do governo brasileiro para controlar a pandemia.

Esta é a quarta vez que Trump decide restringir o ingresso ao país para conter o avanço do vírus. O primeiro bloqueio foi imposto em 31 de janeiro sobre a China. Na sequência, os EUA limitaram a entrada de passageiros vindos do Irã, em fevereiro, e da União Europeia, Irlanda e Reino Unido, em duas decisões tomadas em março.

Na manhã deste domingo, 24, o Conselheiro de Segurança Nacional dos EUA, Robert O?Brien, afirmou durante entrevista à rede de TV CBS News que a ideia é "proteger o povo americano" e a expectativa é de que a decisão seja temporária. "Esperamos que seja temporário, mas em razão da situação no Brasil iremos tomar todos os passos necessários para proteger o povo americano", afirmou O?Brien.

As restrições impostas anteriormente pelo presidente continuam em vigor, mesmo depois de China e Europa mostrarem sinais de que a epidemia está sendo controlada.

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