Publicado em 12 de maio de 2022 às 07:50
A Coreia do Norte confirmou de forma oficial nesta quinta-feira (12), ainda noite de quarta (11) no Brasil, os primeiros casos de Covid-19 no país desde o começo da pandemia. A mídia estatal KCNA informou que as autoridades detectaram um surto ligado à subvariante BA.2 da ômicron, cepa mais transmissível do coronavírus e responsável por grandes picos da doença em muitos países no começo deste ano.>
De acordo com a agência Reuters, a ditadura já fala em um quadro de "grave emergência nacional" e o líder Kim Jong-un determinou medidas de isolamento de parte da população.>
Um comunicado publicado no site da KCNA reconheceu "a grave situação [...] em meio ao agravamento da crise global de saúde" ao anunciar as restrições e definir que "o estado atual de trabalho de prevenção deve ser trocado para o sistema de máxima emergência". O país classificou o "buraco na barreira de segurança" de "o maior incidente de emergência do país".>
Os textos da agência estatal não especificam, porém, os números de casos detectados — nem se alguma morte já chegou a ser registrada. Sabe-se apenas que as amostras das pessoas infectadas com o vírus foram coletadas no último domingo (8).>
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O relatório foi divulgado após uma reunião do Partido dos Trabalhadores, chefiada pelo líder norte-coreano, para discutir a pandemia. Kim ordenou que todas as cidades e condados do país "bloqueiem rigorosamente" suas regiões para impedir a propagação do vírus e disse que o governo mobilizaria uma reserva de suprimentos médicos de emergência.>
A televisão estatal chinesa informou que a Coreia do Norte exigiu que seu povo ficasse em casa devido a "sintomas de gripe", sem se referir à Covid-19 — a China tem enfrentado um surto em grandes cidades e vê críticas à forma como lida com a questão vindas internamente e até da OMS (Organização Mundial da Saúde).>
Antes disso, um site com sede na Coreia do Sul que monitora as atividades em Pyongyang havia relatado nesta semana que os moradores foram instruídos a voltar para casa e permanecer lá por causa de um "problema nacional", sem maiores detalhes. Segundo Kim, citado pela KCNA, a quarentena imposta agora visa a controlar a disseminação do vírus e curar rapidamente os infectados, de forma a eliminar a fonte de transmissão o mais rapidamente possível.>
Um analista ouvido pela agência Reuters aponta que o fato de uma reunião do partido ter sido convocada às pressas e sua deliberação vir a público na sequência indica que a situação pode realmente ser urgente — e inclusive indicar, para o público externo, um pedido indireto de ajuda.>
Em junho passado, dois dias depois de ter afirmado à OMS (Organização Mundial da Saúde) que não havia casos de Covid-19 na Coreia do Norte, o ditador demitiu vários membros da elite do Partido dos Trabalhadores devido a um "grave incidente" relacionado ao coronavírus, "o que criou uma grande crise para o segurança do país e de seu povo".>
A última vez que a Coreia do Norte falou publicamente em um possível surto da doença foi em julho de 2020, quando um homem cruzou a mais patrulhada fronteira do país, com a Coreia do Sul. A cidade de Kaesong, onde ficam as principais bases de controle da divisa, ficou fechada por 20 dias, mas um eventual surto nunca foi confirmado oficialmente.>
Desde o começo da pandemia, a Coreia do Norte, já então considerado o país mais fechado do mundo, isolou-se ainda mais, proibindo todas as viagens internacionais, inclusive para as vizinhas China e Rússia, e restringindo as domésticas. O objetivo era evitar que a entrada do coronavírus agravasse ainda mais a já abalada situação humanitária do país, embora seja quase impossível verificar a afirmação, feita pelo governo, de que os norte-coreanos estivessem livres de contaminação.>
A preocupação é agravada porque, como lembrou em reportagem recente o jornal americano The Washington Post, há uma falta generalizada de vacinas no país asiático. Segundo a publicação, a Coreia do Norte ainda não administrou nenhuma dose de imunizante contra a Covid-19 e chegou a recusar ofertas do consórcio Covax Facilty e do governo chinês.>
Pelos dados mais recentes disponíveis na OMS, referentes ao final de março, o país de quase 25 milhões de habitantes já tinha realizado 64.207 testes de Covid, com nenhum resultado de infecção e nenhuma morte.>
Após a notícia desta quinta, Seul disse estar disposta a fornecer assistência humanitária à Coreia do Norte — o presidente Yoon Suk-yeol assumiu no começo desta semana com acenos a Pyongyang. O país, que também sofreu com uma onda provocada pela ômicron, sempre manifestou dúvidas em relação às estatísticas sobre a doença no Norte.>
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