Publicado em 4 de março de 2021 às 17:17
- Atualizado há 5 anos
O número de novos casos de Covid-19 voltou a crescer na Europa depois de seis semanas em queda, o que levou a Organização Mundial da Saúde (OMS) a fazer novo alerta nesta quinta (4) contra o relaxamento descontrolado de medidas de prevenção ao contágio. >
Os 31 países acompanhados pelo centro de controle de doenças europeu (ECDC) registraram 1,093 milhão de novos infectados na oitava semana do ano, uma alta de 12% em relação aos sete dias anteriores. Considerando 51 países e territórios europeus monitorados pela OMS, o aumento foi de 9%, também quebrando uma série de seis quedas consecutivas.>
Segundo o diretor da seção europeia da entidade, Hans Kluge, a retomada de transmissão é preocupante principalmente em países das regiões central e leste do continente, mas países da Europa ocidental -em que as taxas já era altas- também mostram tendência de recuperação do contágio.>
"Após um ano de pandemia, nossos sistemas de saúde, nossos hospitais e nossos profissionais não deveriam estar nessa situação de pressão contínua", afirmou ele. O desenvolvimento da pandemia na Europa tem sido bastante desigual, com países mantendo os números sob controle desde o começo da pandemia, como Dinamarca e Finlândia, enquanto outros viveram poucos meses de alívio, como França, Reino Unido e Espanha.>
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Alguns dos países mais afetados pela primeira onda, como a Itália, contiveram relativamente melhor a segunda. Por outro lado, nações que haviam aparecido como modelos em meados de 2020 entraram em colapso no começo deste ano, como Portugal.>
Kluge repetiu as orientações de que os países redobrem medidas básicas como testes, rastreamento de contatos e isolamento e aumentem a vigilância para variantes mais contagiosas do Sars-Cov-2.>
O coronavírus mutante identificado no Reino Unido, B.117, já foi detectado em todos os principais países europeus. A variante da África do Sul, B.1.351, já foi encontrada em 26 países e a P.1, identificada no Brasil, está hoje em 15. Autoridades de saúde têm alertado para a necessidade de rastrear e conter esses mutantes porque há indícios de que eles sejam menos suscetíveis às vacinas atualmente em uso.>
Kluge também recomendou que os países acelerem seus programas de imunização -6 dos 51 países da região ainda não começaram a vacinar suas populações. Enquanto Israel já aplicou 97 doses por 100 habitantes, na Europa o país mais avançado, o Reino Unido, chegou a um terço disso (32/100), seguido pela Sérvia, com 22/100.>
A maioria dos países da Europa, porém, administrou menos de 10 doses por 100 habitantes, incluindo as três maiores nações da União Europeia, Alemanha (8,1), França (7,1) e Itália (7,9). Na média de 40 países acompanhados pela OMS, de acordo com Kluge, apenas 1,9% da população e 24,5% dos profissionais de saúde receberam as duas doses necessárias.>
As campanhas de imunização europeias têm enfrentado vários tipos de problema, como falta de vacinas, erros de planejamento, atraso regulatório e falhas de comunicação.>
Os fabricantes dos três imunizantes já aprovados para uso na UE -AstraZeneca, Pfizer e Moderna- cortaram o fornecimento previsto neste semestre, levando a Hungria e a Eslováquia a comprar vacinas da Rússia.>
Além disso, dos 42,7 milhões de doses já enviados aos países-membros, 12 milhões (27%) ainda não foram usados, por diferentes falhas. Segundo Kluge, a pandemia "agravou e iluminou desigualdades de gênero" -maioria dos profissionais de saúde, mulheres correm maior risco de contrair a doença. Ele também pediu que os governos reforcem ações de prevenção, detecção precoce e combate à violência doméstica.>
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