Publicado em 10 de março de 2022 às 12:00
- Atualizado há 4 anos
O avanço da Rússia sobre o território da Ucrânia estagnou nesta quinta (10), dia em que a guerra entra na terceira semana, mas os bombardeios em áreas estratégicas do país não cessaram. Tropas russas seguem pressionando Mikolaiv, cidade-chave para acessar Odessa, importante território na costa do mar Negro, e Mariupol, área portuária palco de um ataque a uma maternidade na quarta (9).>
Enquanto o governo ucraniano renova as tentativas de abrir corredores humanitários para a retirada de civis - calcula-se que mais de 35 mil tenham sido retirados na véspera, mesmo sem um cessar-fogo completo -, ocorreu a primeira reunião entre os principais diplomatas dos países desde que a invasão russa teve início.>
Serguei Lavrov, chanceler russo, e seu homólogo ucraniano, Dmitro Kuleba, encontram-se em Antália, na Turquia, país-membro da Otan (aliança militar ocidental) que ofereceu-se para sediar negociações.>
Após três rodadas de conversas frustradas entre delegações dos dois países na Belarus, o encontro entre os principais diplomatas do conflito, como indicavam declarações prévias, não culminou em acordos para o fim da guerra, tampouco para a mitigação do conflito.>
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Kuleba, que levou para a mesa da reunião mais um pedido de cessar-fogo e de respeito aos corredores humanitários, disse posteriormente que não houve progresso. Lavrov, por sua vez, voltou a atacar o Ocidente e a reivindicar as demandas de desmilitarização da Ucrânia e distanciamento do país da Otan, cartas que Moscou coloca na mesa reiteradamente em>
O encontro entre os diplomatas ocorreu um dia após Kiev acusar Moscou de bombardear uma maternidade e hospital infantil em Mariupol - o Kremilin nega o ataque e o descreve como fake news. Pelo menos três pessoas, entre elas uma criança, foram mortas no local, segundo informou à rede britânica BBC o vice-prefeito da cidade. Outros 17 ficaram feridos, incluindo gestantes.>
Ainda que não tenha assumido o controle de Mariupol, a defesa russa alega que suas tropas tomaram vários bairros da cidade, informação que não pôde ser confirmada de forma independente. A pasta diz, ainda, que o saldo de destruição deixado em território ucraniano inclui mais de 2.900 instalações de infraestrutura militar.>
A Ucrânia retomou os esforços de retirada de civis nesta quinta, com o anúncio da abertura de sete corredores humanitários. Moradores já teriam começado a deixar a cidade de Sumi, no nordeste, de acordo com autoridades locais. Foi de lá que a maior parte dos 35 mil ucranianos que conseguiram ser retirados na quarta partiu, além da capital, Kiev, e de Energodar, em cifras menores.>
Organizações internacionais seguem denunciando o agravamento da crise humanitária. O Comitê Internacional da Cruz Vermelha anunciou que enviou mais equipes para a Ucrânia após descrever o cenário como "cada vez mais terrível e desesperador". A organização também enviou uma equipe de descontaminação do território, para ajudar os civis a limparem a artilharia de guerra não detonada.>
Também nesta quinta, a diplomacia russa anunciou que está deixando o Conselho da Europa, órgão voltado para a promoção dos direitos humanos e que reúne 47 países-membros. O país já havia sido advertido na instância, que suspendeu a participação russa após o início da guerra. Como justificativa, a chancelaria acusou países-membros de serem hostis com Moscou.>
O número de refugiados da guerra ultrapassa 2,4 milhões, de acordo com estimativas das Nações Unidas, que projeta que outros 4 milhões devem deixar a Ucrânia nos próximos seis meses. A maior fatia tem como destino a Polônia, onde já entraram pelo menos 1,43 milhão de pessoas, segundo a última contagem da guarda da fronteira.>
Dos 2,4 milhões, pelo menos 1 milhão é formado por crianças, de acordo com o Unicef (Fundo das Nações Unidas para a Infância). E muitas das vítimas do conflito também são crianças. Pelo menos 37 teriam morrido até aqui, e outras 50 estariam feridas. Ao todo, o saldo de mortos ultrapassava 516, de acordo com estimativas reconhecidamente subestimadas de quarta.>
Em outra frente diplomática, a vice-presidente dos Estados Unidos, Kamala Harris, viaja à Polônia nesta quinta para conversar com o premiê Mateusz Morawiecki e o presidente Andrzej Duda. O ponto central da conversa deve girar em torno de divergências entre os países sobre como armar a Ucrânia para combater a invasão russa.>
Na véspera, os EUA rejeitaram a oferta feita pela Polônia de transferir sua frota de caças MiG-29 para uma base americana na Alemanha e, daí, para reforçar a Força Aérea da Ucrânia, pedido que havia sido feito pelo presidente ucraniano, Volodimir Zelenski.>
Kamala também deve debater com as autoridades polonesas maneiras para que os membros da Otan implementem sanções econômicas coordenadas a Moscou. Ela deve, ainda, encontrar-se com refugiados que estão no país e debater um pacote de assistência humanitária e de segurança à Ucrânia e à vizinhança.>
Líderes do Congresso americano chegaram a um acordo bipartidário na quarta para alocar US$ 13,6 bilhões (R$ 68 bilhões) em ajuda emergencial para a Ucrânia.>
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