Publicado em 25 de abril de 2025 às 16:36
- Atualizado há 19 dias
XANGAI, CHINA - A GWM (Great Wall Motors) prepara uma nova etapa de expansão no Brasil com a inauguração de sua fábrica em Iracemápolis (SP), prevista para junho de 2025. Além de abastecer o mercado nacional, a unidade deve transformar o país em base de exportação para outros mercados da América Latina. A região ganhou relevância com a guerra tarifária em curso. No momento, os planos de entrada da montadora nos EUA foram congelados.>
A ideia é do próprio presidente global da companhia, Jack Wey. Durante o Salão do Automóvel de Xangai, o executivo disse em entrevista a jornalistas que o plano da GWM é fazer do Brasil um centro regional.>
Em abril, a operação brasileira completou dois anos. Segundo o COO (diretor de operação) Diego Fernandes, a montadora fechou 2024 com 29 mil carros vendidos no país, o que representou uma participação de 1,2% no mercado de automóveis no ano passado. Com a fábrica em operação, a expectativa é crescer 20% neste ano, alcançando 35 mil unidades.>
Em linha com o plano de Wey, a liderança brasileira da GWM já trabalha com a estratégia de ampliar o uso de conteúdo nacional na fábrica como forma de acessar mercados vizinhos do Mercosul. No início, os veículos serão montados com peças totalmente importadas da China.>
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Segundo Ricardo Bastos, diretor de relações institucionais da companhia, se a GWM atingir cerca de 35% de conteúdo local nos veículos feitos em Iracemápolis, já é possível acessar mercados vizinhos sem pagar imposto de importação, o que ajudaria a diminui custos e dar e lucratividade para a operação.>
Inspirada em montadoras como a Honda, a GWM busca equilibrar volume, marca forte e rentabilidade. Nesse caminho, vem ampliando sua presença internacional com uma estratégia que aposta no "multi powertrain", na coexistência de diferentes tipos de motorização.>
Jack Wey, por exemplo, descartou a ideia de um futuro 100% elétrico, como alguns analistas vinham apostando há alguns anos. "A menos que se invente uma bateria que permita mil quilômetros de autonomia com uma única carga, o mercado não será 100% elétrico", afirma. >
Com senso de humor, ele aproveitou para provocar o discurso da energia limpa ao lembrar que, na China, 70% da eletricidade é gerada por carvão. "Nem todo EV é tão limpo assim." Atualmente, a GWM vem trabalhando nesse reposicionamento, por entender que o discurso de eletrificação plena pode ser restritivo. No caso do Brasil, por exemplo, consumidores fora dos grandes centros urbanos ainda não demandam esse tipo de tecnologia.>
A picape Poer, anunciada para o mercado brasileiro nas versões híbrida plug-in e a diesel, é um exemplo de como a GWM vem buscando dialogar com diferentes perfis de consumidores - nesse caso, com o importante mercado do agro nacional. A empresa quer ser reconhecida não só por inovação tecnológica, mas também pelo sucesso comercial de suas marcas. Por isso, o discurso da rentabilidade é recorrente entre os executivos da montadora.>
A GWM é uma empresa chinesa 100% privada e se orgulha de ter se mantido lucrativa enquanto concorrentes operam no vermelho para ganhar mercado. Na entrevista, Jack Wey até reconheceu que a linha Ora - a divisão de elétricos da GWM - está "atrás" dos rivais em vendas. "Mas não estamos perdendo, estamos fazendo dinheiro", ressalta.>
André Leite, diretor de marketing da GWM, adiantou que a linha Ora passará por um reposicionamento em 2026, impulsionado pela alta do dólar e o aumento de custos na matriz. A ideia é lançar um modelo intermediário entre o Ora de entrada e o GT, mirando o consumidor que busca valor e qualidade, sem brigar apenas por preço.>
"Vamos sair da disputa pelo carro de R$ 150 mil. Queremos entregar um produto que faça sentido para quem busca algo mais", afirmou. "Não queremos ser conhecidos como o carro do Uber.">
*O repórter viajou a convite da GWM e Stellantis>
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