Publicado em 29 de maio de 2023 às 18:08
A equipe multidisciplinar do Hospital Meridional Cariacica utilizou, pela primeira vez no Estado, a nova máquina de perfusão de quimioterapia, em uma peritonectomia (cirurgia para retirada da camada que recobre os órgãos abdominais) com infusão de quimioterapia dentro do abdômen, aquecida a mais de 40 graus Celsius. O equipamento consegue atingir a temperatura ideal, entre 40 e 42º C, para chegar diretamente às células cancerosas. >
A cirurgia aconteceu na semana passada, em um paciente com câncer na região do peritônio, que teve início no apêndice. O procedimento foi realizado com êxito, durou cerca de 6 horas e o paciente encontra-se internado para total recuperação.>
De acordo com o cirurgião do Aparelho Digestivo Alberto Stein, da Rede Meridional, a técnica consiste em infundir na cavidade peritoneal uma solução de quimioterapia aquecida a 40-42⁰C, por um período de 30 a 90 minutos, após a ressecção de todo o tumor visível. Com o aquecimento, a célula cancerosa remanescente se “abre” e facilita a entrada do medicamento.>
O médico explica que a cirurgia combina duas abordagens terapêuticas. A primeira é a cirurgia citorredutora, que tem como objetivo remover o máximo possível de tecido tumoral do abdômen. A segunda é a HIPEC (hypertermic intraperitoneal chemotherapy), quimioterapia intraperitoneal hipertérmica, que consiste na administração de quimioterapia diretamente no abdômen durante a cirurgia.>
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Durante o procedimento, o cirurgião remove todos os tumores visíveis da região, em seguida faz a lavagem do abdômen com quimioterapia aquecida. A quimioterapia é administrada em temperaturas elevadas para aumentar sua eficácia, uma vez que as células de tumor são mais sensíveis ao calor do que as células saudáveis.>
“Já realizamos peritonectomia em alguns pacientes, mas essa é a primeira vez que utilizamos essa técnica com a nova máquina de perfusão abdominal. Essas cirurgias são extremamente agressivas e complexas, com duração de até 12 horas. Nessa intervenção conseguimos otimizar o tempo, com a combinação das abordagens terapêuticas em um equipamento mais preciso”, relatou Stein.>
Dada a alta complexidade, a cirurgia requer a atenção de uma equipe multidisciplinar especialmente treinada para estas situações. Além de UTI e centro cirúrgico devidamente equipados, são necessários cirurgiões, clínicos, instrumentadores, anestesiologistas, perfusionistas e fisioterapeutas, preparados e habilitados para cuidar dos pacientes.>
A cirurgia pode ser utilizada no tratamento de alguns tipos de câncer, como o colorretal, o de apêndice, endométrio, ovário, estômago, mesotelioma. Porém, o especialista esclarece que tem de ser realizado um estudo de caso de cada paciente, pela equipe multidisciplinar para traçar a melhor estratégia possível para cada paciente, como foi realizado nesse caso.>
Stein lembra que, no passado, as expectativas de cura para o paciente com câncer no peritôneo eram baixíssimas. Eles eram submetidos apenas a tratamentos paliativos, o que levava a óbito precoce em decorrência de complicações, principalmente a obstrução intestinal. Com a evolução das técnicas cirúrgicas como a peritonectomia junto com a HIPEC, os pacientes têm mais chances de chegar à cura e, outros, são favorecidos com sobrevidas longas e controle dos sintomas.>
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