Jemperli: conheça o novo remédio para câncer de endométrio

Disponibilizada no país neste mês, a imunoterapia é para uso em pacientes adultas com câncer endometrial avançado ou recorrente

câncer de endométrio

O principal sinal deste tipo de câncer é o sangramento interino geralmente na pós-menopausa. Crédito: Shutterstock

O câncer endometrial é encontrado no revestimento interno do útero, conhecido como endométrio. É um dos tipos de cânceres mais comuns que afeta os órgãos reprodutivos femininos e é o sexto câncer mais prevalente em mulheres em todo o mundo. Segundo as estatísticas mais recentes do Instituto Nacional de Câncer (Inca), 6.540 casos da doença foram registrados em 2020 e 1.944 mortes no mesmo ano.

 Um dos tumores ginecológicos mais frequentes, ele acomete principalmente mulheres após a menopausa, em geral acima dos 60 anos. Apenas 20%, ou menos, das mulheres com câncer de endométrio estão na fase de pré-menopausa. Menos de 5% estão abaixo dos 40 anos. O câncer de endométrio é um tumor altamente curável na maioria das mulheres.

Para pacientes adultas com este tipo de neoplasia avançado ou recorrente, um novo remédio começa a ser vendido no Brasil. Foi anunciado na manhã desta quarta-feira (10), em São Paulo, a chegada ao mercado brasileiro do Jemperli (dostarlimabe), da GSK. Trata-se de uma imunoterapia para uso em pacientes adultas com câncer endometrial avançado ou recorrente. Ele é indicado como monoterapia para o tratamento de pacientes adultos com câncer endometrial recorrente ou avançado com deficiência de enzimas de reparo ou alta instabilidade de microssatélite, que progrediu durante ou após tratamento à base de platina.  

O oncologista Fernando Maluf explica que o principal sinal deste tipo de câncer é o sangramento interino geralmente na pós-menopausa. "É muito fácil de perceber. Quando uma mulher pós-menopausada tem um sangramento interino, levanta um sinal de alerta. Geralmente é uma doença precoce para 2/3 dessas mulheres". O médico diz que o dostarlimabe serve para um grupo de pacientes com uma alteração chamada instabilidade de microssatélite. 

DEFICIÊNCIA DE ENZIMAS

A eficácia e a segurança de Jemperli foram avaliadas no Garnet11, um estudo clínico aberto, que incluiu 103 pacientes com carcinoma de endométrio, demonstrando uma taxa de resposta objetiva de 44,7%. O remédio apresentou um perfil de segurança tolerável, sendo náusea (12,7%), diarreia (15,9%) e fadiga (13,5%) as reações adversas mais comuns observadas durante o estudo.

O remédio é uma saída no tratamento de mulheres que receberam quimioterapia, apresentaram piora durante este tratamento e não mais responderam a ela. Tatiane  Pires, Gerente Médica de Oncologia da GSK Brasil, explica que as células tumorais têm uma capacidade de escapar do sistema imunológico. Elas fazem isso expressando alguns tipos de receptor, que quando se ligam a célula imunológica, ela não consegue reconhecer aquela célula tumoral como invasor ou que precisa ser morta.

"O remédio faz com que a célula de defesa passe a reconhecer aquela célula tumoral como cancerígena. O próprio sistema imunológico do paciente consegue reconhecer e matar a célula tumoral. Esse mecanismo da imonocologia está disponível para outros tipos de tumores como de pulmão, de pele, entre outros. Para endométrio que a novidade é mais recente".

"Hoje, a aprovação regulatória do remédio no Brasil é para o câncer endométrio recorrente ou avançado, em pacientes  que tem uma deficiência nas enzimas de reparo do DNA e que progrediram durante  ou após o tratamento com quimioterapia à base de platina"

"Hoje, a aprovação regulatória do remédio no Brasil é para o câncer endométrio recorrente ou avançado, em pacientes que tem uma deficiência nas enzimas de reparo do DNA e que progrediram durante ou após o tratamento com quimioterapia à base de platina"

Tatiane Pires

Geralmente, o medicamento é administrado uma vez a cada 3 semanas por 4 ciclos e, em seguida, uma vez a cada 6 semanas, de acordo com o protocolo médico. "Ele traz uma inovação terapêutica e é mais eficaz do que os tratamentos disponíveis atualmente, que eram muito mais baseados em quimioterapia. Estamos falando para o câncer de endométrio recorrente ou avançado", diz Tatiane Pires. 

O medicamento está disponível somente no sistema privado. "Tem o reembolso automático pelo rol (lista dos procedimentos, exames e tratamentos com cobertura obrigatória pelos planos de saúde) da Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) por ser um medicamento oncológico infusional", diz a profissional.

DETECÇÃO PRECOCE

A detecção precoce do câncer é uma estratégia utilizada para encontrar um tumor numa fase inicial e, assim, possibilitar maior chance de tratamento bem-sucedido. De acordo com informações do Inca, o diagnóstico precoce desse tipo de tumor possibilita melhores resultados em seu tratamento e deve ser buscado com a investigação de sinais e sintomas como o sangramento vaginal em mulheres após a menopausa, a dor pélvica, o cansaço, a perda de peso e apetite. Exames que permitem visualizar o útero e seu interior são utilizados para detectar e diagnosticar o câncer de endométrio.

* O repórter viajou a convite da GSK

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