Publicado em 28 de fevereiro de 2023 às 15:25
As estimativas apontam que apenas um em cada três brasileiros consome frutas e vegetais regularmente. Esse é um número baixo. Mas ainda há aquelas pessoas que não comem esses alimentos de jeito nenhum, o que pode ser extremamente perigoso. “Frutas e vegetais contêm importantes compostos bioativos que demonstraram ter efeitos benéficos na saúde humana. Eles são fontes e ricos em vitaminas A, C, E e K e minerais como potássio, magnésio e cálcio. Além disso, também são uma boa fonte de fibras alimentares e possuem propriedades antioxidantes, além de fornecer também macronutrientes, como proteínas, carboidratos e gorduras boas”, explica a médica nutróloga Marcella Garcez. >
Um estudo publicado em julho de 2022 no Journal of Renal Nutrition mostrou que pessoas com doença renal comem menos frutas e vegetais. “Embora o estudo não tenha mostrado que a baixa ingestão é um fator de risco ou resposta à doença renal crônica, o baixo consumo de frutas e vegetais foi mais comum em pacientes com a doença. Mas sabemos que uma alimentação com mais frutas e vegetais está associada à diminuição de fatores de risco relacionados à doença renal. Isso acontece porque há um maior aporte de fibras e antioxidantes na dieta. Esses nutrientes ajudam o corpo contra componentes inflamatórios e o estresse oxidativo”, destaca a médica nefrologista Caroline Reigada. >
Segundo a nefrologista, a doença, que afeta cerca de 37 milhões de adultos nos Estados Unidos e 10 milhões no Brasil, deixa os rins menos capazes de filtrar os resíduos do sangue e pode levar à pressão alta, doenças cardíacas e derrame. “Após contabilizar fatores como tamanho da cintura, diabetes e pressão alta, os pesquisadores descobriram que aqueles com doença renal crônica eram consistentemente mais propensos a praticar um padrão alimentar que incluía menos frutas e vegetais do que pessoas sem a doença. São necessárias mais pesquisas para descobrir se o baixo consumo de frutas e vegetais contribui ou resulta da doença renal crônica e quais outros fatores podem estar envolvidos. Os médicos às vezes aconselham os pacientes com a doença a reduzir o consumo de potássio, um mineral comumente encontrado em frutas e vegetais”, explica Caroline Reigada.>
Mas também existe um contraponto a essa recomendação. Isso porque consumir mais vegetais e frutas é interessante, segundo a nefrologista, para que esses pacientes com doença renal crônica combatam alterações na microbiota que implicam em várias mudanças na fermentação bacteriana e na geração de proteínas tóxicas. >
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“Estas proteínas tóxicas se acumulam no plasma dos pacientes, contribuindo para a síndrome urêmica, e como efeito na progressão da doença renal, em mediadores pró-inflamatórios e estresse oxidativo, no risco cardiovascular e na resistência insulínica. Foi demonstrado que a produção desses solutos é influenciada por modificações nos hábitos alimentares, uma vez que dietas ricas em fibras não digeríveis podem reduzir em cerca de 60% a excreção urinária dessas proteínas tóxicas”, explica a médica. “Vale destacar também que pacientes com doença renal crônica são inflamados cronicamente. O consumo maior de fibras e os antioxidantes presentes em frutas e vegetais agem de forma importante para melhora da microbiota intestinal com efeito antioxidante e anti-inflamatório”, acrescenta a médica. Consumir esses alimentos pode representar, a longo prazo, melhor status antioxidante, já que contam como fitoquímicos, poderosos antioxidantes, impedindo a geração de radicais livres. >
Segundo a médica nutróloga, uma dieta rica em frutas e vegetais reduz também o risco de problemas cardiovasculares e complicações futuras. “Estima-se que o risco de doenças cardíacas entre os indivíduos que ingerem mais de cinco porções de frutas e vegetais por dia seja reduzido em 20%, em comparação com aqueles que comem menos de três porções por dia”, afirma Marcella Garcez. >
Segundo a revisão Effects of Vegetables on Cardiovascular Diseases and Related Mechanisms, o consumo de vegetais está inversamente correlacionado ao risco de doenças cardiovasculares. “Pesquisas de vários estudos epidemiológicos mostram que vegetais como aspargos, aipo, alface, brócolis, cebola, tomate, batata, soja e gergelim têm grande potencial na prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares. Esses vegetais apresentam ação protetora do coração principalmente por seus efeitos antioxidantes, anti-inflamatórios e antiplaquetários”, diz a nutróloga. “Frutas e vegetais ajudam a regular a pressão arterial e a glicose no sangue; eles também têm um efeito favorável no perfil lipídico. Além disso, previnem danos ao miocárdio, modulam as atividades enzimáticas, regulam a expressão gênica e as vias de sinalização associadas a doenças cardiovasculares. Com esses benefícios, eles ajudam a prevenir problemas nos rins”, finaliza a nefrologista Caroline Reigada.>
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