Esclerose múltipla: entenda o que é e tratamentos disponíveis

Apesar de ser uma doença ainda sem cura, já existe uma série de medicamentos que auxiliam no melhor manejo das consequências no organismo

Esclerose múltipla

A esclerose múltipla é uma doença autoimune crônica que afeta o sistema nervoso central. Crédito: Shutterstock

A esclerose múltipla é uma doença autoimune crônica que afeta o sistema nervoso central, incluindo o cérebro e a medula espinhal. Nessa condição, o sistema imunológico erroneamente ataca a mielina, uma substância que protege as fibras nervosas, causando inflamação e danos. Isso resulta em uma comunicação prejudicada entre o cérebro e outras partes do corpo. 

No Brasil, segundo a Associação Brasileira de Esclerose Múltipla (Abem), estima-se que existam cerca de 40 mil pessoas vivendo com a enfermidade, enquanto, no mundo, mais de 2,8 milhões. É o caso da atriz Cláudia Rodrigues que descobriu a doença no auge dos 30 anos e também da atriz Guta Stresser. 

"Estamos falando de uma doença autoimune, crônica e inflamatória, que pode comprometer diversos sistemas, tais como visão, sensibilidade, coordenação ou força motora, ocasionando uma espécie de falha na comunicação entre o cérebro e o restante do corpo", diz a neuroimunologista Paula Zago, da Reuma.

A boa notícia, segundo ela, é que os tratamentos evoluíram, proporcionando mais qualidade de vida e menos sequelas. "Felizmente, o arsenal terapêutico à nossa disposição está em crescimento e, quanto antes a esclerose múltipla for diagnosticada e tratada, maior a chance de reduzir a incapacidade imposta aos pacientes".

A doença envolve várias causas, como fatores genéticos e ambientais, e até mesmo infecções virais, tabagismo e obesidade, entre outras condições. Apesar de ser uma doença ainda sem cura, existe uma série de medicamentos (de imunomoduladores a anticorpos monoclonais) que auxiliam no melhor manejo das consequências no organismo.

TRATAMENTO

Ainda não há um marcador específico identificado por exames para essa enfermidade. Por isso, para detectá-la, recomenda-se a avaliação do histórico médico do paciente, a realização de exames de imagem, como a ressonância magnética e, em alguns casos, punção lombar para a coleta do líquor. É importante consultar um neurologista especializado para um diagnóstico preciso.

Os tratamentos medicamentosos disponíveis para Esclerose Múltipla buscam reduzir a atividade inflamatória e os surtos (crise ou ataque inflamatório agudo) ao longo dos anos, contribuindo para a redução do acúmulo de incapacidade durante a vida do paciente. Os medicamentos devem ser indicados pelo médico neurologista que vai analisar caso a caso.

"Os medicamentos imunomoduladores visam reduzir a atividade inflamatória, com diminuição dos surtos em intensidade e frequência, contribuindo assim na redução da perda de capacidade ao longo dos anos. Já os medicamentos imunossupressores (que reduzem a atividade ou eficiência do sistema imunológico) também têm ocupado lugar de destaque no tratamento"

"Os medicamentos imunomoduladores visam reduzir a atividade inflamatória, com diminuição dos surtos em intensidade e frequência, contribuindo assim na redução da perda de capacidade ao longo dos anos. Já os medicamentos imunossupressores (que reduzem a atividade ou eficiência do sistema imunológico) também têm ocupado lugar de destaque no tratamento"

Paula Zago

Para o tratamento dos surtos, utiliza-se a pulsoterapia (administração de altas doses de medicamentos por curtos períodos) com corticosteroides.

NOVOS ESTUDOS

O neuroimunologista Alexandre Marreco, da Oncoclínicas Espírito Santo, destaca dois estudos que estão investigando o potencial de dois medicamentos visando reduzir a progressão da incapacidade provocada pela doença - Remibrutinibe (pesquisa de nome Remodel) e Evobrutinibe (pesquisa de nome Evolution).

Os medicamentos em questão estão atualmente em fase 3 de testes clínicos, um estágio crucial no desenvolvimento de novas terapias. "Nesta fase, a nova medicação é comparada com as terapias já existentes. O objetivo principal é determinar a relação risco/benefício a curto e longo prazo e o valor terapêutico do produto. Essa etapa envolve a avaliação das reações adversas mais frequentes e a comparação da nova medicação com as opções já disponíveis", explica Marreco.

O especialista ressalta que os estudos estão sendo conduzidos em diversos centros de pesquisa em todo o mundo, com resultados promissores publicados no Neurology Journals. "A obtenção de resultados positivos nesse estágio é um passo relevante para a futura comercialização desses medicamentos", acrescenta o médico.

Após a conclusão de todas as etapas de pesquisa, as autoridades regulatórias, como a Anvisa no Brasil, avaliarão os resultados e, se aprovados, permitirão a prescrição desses tratamentos aos pacientes.

Alexandre Marreco é responsável por avaliar os pacientes desde o início do tratamento, monitorando a resposta terapêutica alcançada e identificando possíveis efeitos adversos.

Quanto aos tratamentos, o médico ressalta que não há cura definitiva, mas existem abordagens que podem ajudar a controlar os sintomas, retardar a progressão da doença e melhorar a qualidade de vida. "O tratamento deve incluir medicamentos imunomoduladores ou imunossupressores para reduzir a chance de novos surtos da doença, além de tratamentos sintomáticos para controle de queixas como a fadiga, espasticidade, dor e depressão", diz Alexandre Marreco.

A reabilitação também é fundamental para melhorar a função física e cognitiva do paciente, assim como um estilo de vida saudável, incluindo uma dieta equilibrada, exercícios regulares, controle do estresse e um sono de qualidade.

É importante ressaltar que a EM é altamente variável e o tratamento deve ser adaptado às necessidades individuais de cada paciente. A orientação médica é essencial para o diagnóstico e gerenciamento adequado da doença.

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