Dia Mundial do Sono: 5 motivos para melhorar a qualidade do sono

Sono leve ou insuficiente, ronco, movimento excessivo, insônia e sonolência diurna indicam que a pessoa não está dormindo bem

Dia Mundial do Sono: mulher dormindo

O ideal é dormir consistentemente de sete a oito horas por dia. Crédito: Shutterstock

Ter uma boa alimentação e se exercitar são atitudes essenciais para a saúde do corpo e da mente. Mas, a cada ano, surgem novas pesquisas destacando a importância de um terceiro elemento nesta “fórmula” do bem-estar: o sono. Dormir bem é essencial e a qualidade do sono é um assunto cada vez mais estudado pela ciência.

Dormir bem é essencial para a saúde física, o desempenho cognitivo e o funcionamento diurno. No entanto, ao longo dos anos, essa tem sido uma tarefa cada vez mais difícil para a população mundial. No Brasil, segundo dados coletados por pesquisadores da Universidade de São Paulo (USP) e UNIFESP, 65% da população relata problemas para dormir, o que pode ter impactos desastrosos na saúde. 

“A qualidade de sono é um dos grandes pilares da medicina do estilo de vida. O ideal é dormir consistentemente de sete a oito horas por dia. Fugir desses valores é colocar a saúde em risco. Irritabilidade, dificuldade de concentração e cansaço durante o dia podem ser sinais de que você não está dormindo o bastante ou seu sono não está sendo reparador, mesmo que você tenha a impressão de que dormiu tempo suficiente”, explica a cirurgiã vascular Aline Lamaita. 

A médica Jessica Polese, especialista em Medicina de Sono, diz que o sono contribui para um dos fatores intimamente ligados à preservação da saúde mental. “Os distúrbios de sono podem causar vulnerabilidade a infecções virais, desequilíbrio inflamatório oxidativo/antioxidante, além de doenças metabólicas, cardiovasculares e crônicas como diabetes, obesidade, entre outras”, afirma. Quando dormimos, o cérebro fortalece emoções positivas e enfraquece as negativas. "Os problemas psiquiátricos e do sono afetam diretamente o bem-estar e produtividade, sendo grandes os prejuízos individuais e coletivos. Para combater isso e ter uma boa saúde mental, é ideal manter uma higiene do sono”, destaca.

DOENÇAS CARDIOVASCULARES

De acordo com o pneumologista Pedro Genta, do Serviço de Medicina do Sono do Hcor, a má qualidade do sono aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. “O sono é o momento de repouso cardiovascular. Dormir menos de seis ou mais de oito horas ou ter um sono de má qualidade favorece o surgimento de hipertensão, diabetes e obesidade, que culminam em infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs)”, alerta.

Para evitar essas complicações, é fundamental saber reconhecer os sinais. “Sono leve e/ou insuficiente, ronco, movimento excessivo, insônia e sonolência diurna indicam que a pessoa não está dormindo bem. Ao perceber esses sintomas, é preciso procurar um médico. Os diagnósticos são baseados nas queixas e hábitos do sono. Para alguns, a polissonografia deve ser usada, como na apneia do sono e distúrbios comportamentais durante o sono”, explica Pedro Genta.

O tratamento varia de acordo com a causa do problema. “Se for apenas comportamental, mudanças simples na rotina costumam resolver. Já para apneia, há indicação de perda de peso, prática de exercício físico e uso de aparelho CPAP (pressão positiva contínua nas vias aéreas) ou intraoral. Já para insônia, eventualmente, pode ser necessária medicação por curto período”, esclarece o especialista.

Além das doenças, a quantidade de horas dormidas e a qualidade do sono podem impactar o bom funcionamento do organismo, desde a beleza da pele até o controle do peso. Por isso, veja 5 motivos para melhorar a qualidade do sono. 

5  MOTIVOS PARA UMA NOITE BOA DE SONO

  1. 01

    Controle de peso

     Dormir bem é fundamental para manter o peso sob controle. “O papel do sono na saúde metabólica é objeto de estudo há anos. Para muitas pessoas, a quebra do padrão normal do sono resulta invariavelmente em ganho de peso e problemas fisiológicos. Graves perturbações da ordem temporal, bioquímica, fisiológica e dos ritmos comportamentais mexem também com a expressão de alguns genes que regulam nossas vias metabólicas e nossos hormônios. Muitos pacientes que enfrentam mudanças nesse ciclo não conseguem seguir um plano alimentar, têm maior carga de estresse e impulsos alimentares”, diz a médica nutróloga Marcella Garcez. 

  2. 02

    Interfere na saúde dos rins

    As horas mal dormidas podem interferir no bom funcionamento dos rins. “Pesquisas mostram que dormir poucas horas por noite aumenta o risco de perda da função renal. Mulheres que dormem 5 horas ou menos por noite, por exemplo, têm um aumento de 65% de chances de sofrerem rápido declínio das funções renais se comparadas àquelas que dormem 7 ou 8 horas”, explica a médica nefrologista Caroline Reigada. “As evidências sugerem que os distúrbios do sono afetam o desenvolvimento da doença renal, possivelmente como resultado do meio inflamatório e da ativação simpática que ocorrem no leito vascular renal, o que danifica estruturas como a membrana basal glomerular e o aparelho tubular renal, partes anatômicas importantes para a filtração do sangue”, explica a médica.

  3. 03

    Aumenta a predisposição a doenças cardiovasculares

    A má qualidade do sono aumenta o risco de desenvolver doenças cardiovasculares. "O sono é o momento de repouso cardiovascular. Dormir menos de seis ou mais de oito horas ou ter um sono de má qualidade favorece o surgimento de hipertensão, diabetes e obesidade, que culminam em infartos e acidentes vasculares cerebrais (AVCs)", diz o pneumologista Pedro Genta. 

  4. 04

    Prejudica a pele

    Uma boa noite de sono é fundamental para uma pele saudável e bonita. “Durante o sono ocorre um relaxamento muscular, que evita as rugas de expressão pela mímica facial durante o dia, e a liberação de substâncias como o hormônio do crescimento (GH), que é responsável pelo desenvolvimento e renovação celular, inclusive das células de colágeno, que são fundamentais para a firmeza e viço da pele. Uma noite mal dormida, além de diminuir a produção de colágeno, pode aumentar a liberação de hormônios do estresse, como o cortisol, com consequente aumento de radicais livres, oxidação das células da pele e aceleração do processo de envelhecimento cutâneo”, destaca a dermatologista Paola Pomerantzeff. 

  5. 05

    Reduz a fertilidade

    Dormir mal de maneira contínua pode interferir na fertilidade. “O sono é fundamental para o bom funcionamento da hipófise, glândula presente no cérebro que é responsável pela produção de uma série de hormônios, inclusive daqueles responsáveis pela estimulação dos ovários e dos testículos. Logo, quando o período de repouso é curto ou de pouca qualidade, essa glândula não funciona da maneira como deveria, o que, consequentemente, interfere na fertilidade”, diz Rodrigo Rosa, especialista em reprodução humana.

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