Cânceres ginecológicos: "Atenção a sintomas de má digestão", diz oncologista

Fernando Maluf, um dos mais respeitados no Brasil, fala da importância de falar sobre os tumores ligados ao aparelho reprodutor feminino e dos desafios do câncer

Fernando Maluf

Fernando Maluf fala da importância da prevenção e boas práticas no combate à doença. Crédito: Divulgação Fernando Maluf

O câncer pode surgir em qualquer parte do corpo. Porém, alguns órgãos são mais afetados do que outros; e cada órgão, por sua vez, pode ser acometido por tipos diferenciados de tumor, mais ou menos agressivos. Os cânceres ginecológicos podem afetar, além do útero, outras partes que compõem o aparelho reprodutivo feminino, como ovário, vagina e vulva.

No caso das mulheres, segundo informações do Instituto Nacional do Câncer (Inca), o câncer de ovário é a segunda neoplasia ginecológica mais comum, atrás apenas do câncer do colo do útero. "É o sétimo mais comum na mulher brasileira e de todos os tumores ginecológicos ele é ainda o mais perigoso. Talvez o grande motivo é que a gente não conseguiu se antecipar ao diagnóstico precoce da doença. Geralmente as pacientes chegam no consultório com o tumor em estágio avançado", diz o oncologista Fernando Maluf.

O especialista, médico da Beneficência Portuguesa e professor da Santa Casa de São Paulo, é um dos mais respeitados no Brasil. Ele destaca que, como forma de prevenção, é preciso que as mulheres façam visitas anuais ao ginecologista, realizem os exames necessários, como o Papanicolau, e fiquem atentas ao histórico de câncer na família, caso haja algum caso.

Maluf também é conhecido por atender e cuidar de pacientes famosos, como os apresentadores Ana Furtado e Celso Portiolli e da cantora Simony, diagnosticada recentemente com câncer do intestino. O médico esteve presente no anúncio da chegada ao mercado brasileiro do Jemperli (dostarlimabe), da GSK, em São Paulo.

A imunoterapia é indicada como monoterapia para o tratamento de pacientes adultos com câncer endometrial recorrente ou avançado com deficiência de enzimas de reparo ou alta instabilidade de microssatélite, que progrediu durante ou após tratamento à base de platina. Na entrevista, o médico fala dos desafios do câncer, da necessidade de prevenção e da adoção de melhores hábitos de vida como armas mais poderosas contra o avanço da doença.

Por que é preciso falar mais sobre os tumores ligados ao aparelho reprodutor feminino?

É fundamental levarmos informações sobre saúde feminina e orientarmos os exames de prevenção ginecológicos. Quando estamos falando sobre tumores malignos, quanto mais precocemente a doença for diagnosticada, maiores são as chances de cura.

Quais são os principais sinais dos cânceres ginecológicos?

Devemos prestar atenção a sintomas de má digestão, sensação de empachamento, aumento do volume abdominal e dor abdominal. Além disso, alguns tumores podem se apresentar com sangramento vaginal fora do período menstrual ou sangramento vaginal em mulheres que já estão na menopausa.

Qual a importância o Jemperli, que começa a ser disponibilizado no país, para o tratamento de câncer de endométrio?

O Jemperli é importantíssimo pois representa mais uma possibilidade terapêutica para nossas pacientes, com efeitos colaterais manejáveis e melhora da qualidade de vida.

O câncer de colo de útero, que tem maior incidência no Norte e no Nordeste do país, é um tumor evitável com vacinação contra o HPV (papilomavírus humano) e exames preventivos. Por que o número de casos continua alto?

A vacinação contra HPV está disponível no Sistema Único de Saúde (SUS) desde 2014, para crianças de 9 a 14 anos que ainda não iniciaram a vida sexual. A grande maioria da população adulta não recebeu vacina pois não se enquadrava na idade estabelecida pelo sistema público e, por isso, deve recorrer à vacinação em clínicas particulares.

Ainda assim, também é importante salientar que o câncer de colo de útero é prevenível e curável se diagnosticado precocemente.  As mulheres devem manter consultas de rotina com seu médico ginecologista para exame preventivo.

O que podemos esperar de novidades nos tratamentos em um prazo curto de tempo para os cânceres ginecológicos?

Novas medicações orais e endovenosas são estudadas diariamente a fim de possibilitar novas terapias, com melhora da qualidade de vidas das nossas pacientes.

Existem testes genéticos que rastreiam o câncer cinco anos antes de ele atingir os órgãos? Qual a importância deles? A grande parte da população terá acesso?

Existem testes genéticos que mostram risco maior de surgimento de neoplasias em determinadas populações e seus familiares. Nesses casos são indicados exames de rastreio precoces e até mesmo procedimentos que podem diminuir o risco de surgimento da doença.

É importante a população se conscientizar sobre a importância da prevenção e de boas práticas no combate à doença?

Toda população deve estar informada sobre as medidas de prevenção, além de estimular que amigos e familiares façam exames periodicamente para cuidados com a saúde.

Por que os remédios orais são tão importantes no tratamento do câncer?

As medicações orais são quimioterapias que possibilitam maior comodidade ao paciente, que necessita de menos idas ao hospital e pode tomar suas medicações contra o câncer em casa. Além disso, os efeitos colaterais são manejáveis, permitindo que o paciente continue sua vida cotidiana sem prejuízos.

O câncer é a segunda causa de morte no mundo. Quais são os grandes desafios?

Os desafios são o acompanhamento para prevenção, o diagnóstico precoce e o tratamento da doença em estágios iniciais. Quando diagnosticado em fase mais avançada, o paciente precisa de tratamentos intensivos que podem prejudicar seu cotidiano. É muito importante o apoio da família e dos amigos.

O senhor tem inúmeros pacientes conhecidos. É difícil ser médico de artistas? E qual a importância quando eles revelam seus diagnósticos para a população, como aconteceu recentemente com a cantora Simony?

Todos os pacientes são importantíssimos para nós. Os pacientes famosos são de grande ajuda para propagar informações sobre sinais e sintomas de suas doenças, ajudando a desmistificar a doença oncológica e seus tratamentos.

*O jornalista viajou a convite da GSK Brasil

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