Publicado em 9 de julho de 2025 às 08:25
Uma homenagem a Sebastião Salgado, que morreu em maio em Paris, aos 81 anos, marcou a noite desta terça-feira do Rencontres d'Arles, no sul da França, um dos principais festivais de fotografia do mundo.>
A viúva, Lélia Wanick Salgado, e um dos filhos do fotógrafo, o documentarista Juliano Salgado, falaram ao público que lotou o Teatro Antigo, construído na época do Império Romano e cujas ruínas são abertas a visitação e eventos. Lélia lembrou que Sebastião Salgado era presença constante no festival, realizado desde 1970.>
"Se há algo que queríamos transmitir hoje, é a ideia que, muito além do enquadramento, do estilo, do preto e branco que todos conhecemos, atrás dessas fotos há valores muito importantes que Sebastião e Lélia transmitiram durante esses anos", discursou Juliano, enquanto eram exibidas algumas das imagens mais marcantes feitas pelo pai. "Sua máquina fotográfica era um microfone para milhões de pessoas.">
Este ano diversas mostras e palestras do festival estão relacionadas ao Ano do Brasil na França, programação de eventos culturais que vai de abril ao final de setembro.>
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No mesmo evento em que Salgado foi homenageado, a fotógrafa americana Nan Goldin recebeu um prêmio especial, o Women in Motion, ou mulheres em movimento, atribuído pela Kering, empresa francesa do setor de luxo que patrocina o evento.>
"É engraçado receber esse prêmio agora, que mal consigo andar", brincou Goldin, 72, que teve problemas de saúde nos últimos anos devido ao vício em opioides. Ela discursou contra a indústria farmacêutica e contra a perseguição do atual governo americano à população transgênero, tema recorrente de sua obra.>
Depois de receber o prêmio, Goldin chamou ao palco o escritor francês Édouard Louis. Juntos, os dois exibiram um vídeo silencioso com imagens da destruição de Gaza e fizeram um apelo emocionado em favor do povo palestino. "Não aplaudam. Ajam", discursou Louis. "Saiam às ruas, votem na esquerda para não serem cúmplices.">
Uma mulher na plateia gritou: "E os reféns?", referindo-se às vítimas do atentado do Hamas de 7 de outubro de 2023, estopim do conflito em Gaza. "Coisas horríveis aconteceram em 7 de outubro, é verdade", reconheceu Goldin, que é judia. "1.300 civis israelenses foram mortos. Agora, 75 mil palestinos foram mortos. Quais vidas importam? Não houve vingança suficiente?", perguntou a fotógrafa, sob aplausos.>
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