Publicado em 14 de fevereiro de 2025 às 08:36
Morreu na madrugada desta sexta-feira o cineasta Cacá Diegues, aos 84 anos. Ele é conhecido por clássicos do cinema brasileiro, como "Bye Bye, Brasil", de 1980, e obras de vanguarda da filmografia nacional, como "Ganga Zumba", que foi exibido no Festival de Cannes, na França, em 1964.>
Ele morreu na clínica São Vicente, na zona sul do Rio de Janeiro, depois de complicações de uma cirurgia na próstata.>
Em mais de 20 filmes, desde "Cinco Vezes Favela", de 1961 —um conjunto de cinco curtas, produção do Centro Popular de Cultura (CPC), do qual era integrante—, passando "A Grande Cidade", de 1966, "Os Herdeiros", de 1970, "Quilombo", de 1984, até "O Grande Circo Místico", de 2018, sua última obra, Diegues contemplou as grandes questões sociais do país, da miséria à questão racial e da modernização do Brasil.
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Nascido em Maceió, em 1940, e aos seis anos se mudou com a família para o Rio de Janeiro, onde cresceu e estudou Direito na PUC, onde começaria sua aproximação com o cinema ao fundar um cineclube ao lado de nomes como Arnaldo Jabor e David Neves.>
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Estreia na direção em 1961, com David Neves e Affonso Beato, realizando o curta "Domingo" Mais representativo foi "Escola de Samba, Alegria de Viver", parte de "Cinco Vezes Favela", no qual um jovem sambista assume a direção de um escola de samba poucos meses antes do Carnaval, enfrentando problemas de dívidas, rixas de rivais e discussões com a esposa. A obra era estrelada por nomes como Abdias do Nascimento, Maria da Graça e Jorge Coutinho.>
Já em "Ganga Zumba", com Antonio Pitanga e Léa Garcia, por exemplo, é considerado o primeiro longa nacional com protagonistas negros. "A Grande Cidade" tratou dos imigrantes nas metrópoles, com Pitanga e Anecy Rocha.>
"Os Herdeiros", por sua vez, lançado na época da repressão mais pesada de ditadura militar, foi censurado ao trazer a sede de poder das elites brasileiras, ainda que metaforicamente, pela trama de um jornalista que entra, pelo casamento, para uma família produtora de café e começa a desvelar suas ambições políticas.>
Na ocasião, em 1969, ele recebe um convite para participar do Festival de Veneza e aproveita para deixar o Brasil e passar um período na França com sua mulher, a cantora Nara Leão. Após dois anos fora, retorna ao Brasil com duas produções que foram mal interpretadas por não tratarem tão diretamente de aspectos políticos.>
Foram eles o musical "Quando o Carnaval Chegar", hoje um registro histórico ímpar, estrelado por Nara, Chico Buarque e Maria Bethânia; e "Joanna Francesa", também com música de Chico e com Jeanne Moreau no papel de uma dona de bordel em São Paulo, nos anos 1930, que deixa a vida confortável para, numa aventura amorosa, ir para o interior de Alagoas com um coronel dono de um engenho de açúcar.>
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