Repórter / fkhoury@redegazeta.com.br
Publicado em 17 de abril de 2025 às 09:00
Com o olhar atento e a voz cheia de firmeza, Castilho caminha entre as poltronas do Cineclube Metrópolis, na UFES, onde o longa “A Batalha da Rua Maria Antônia” está em cartaz. A atriz, que nasceu em Colatina e cresceu na Morada da Barra, em Vila Velha, é uma das protagonistas do filme eleito Melhor Longa do Festival do Rio 2023.
O longa, dirigido por Vera Egito, revive o confronto histórico entre estudantes da USP e do Mackenzie nos anos 1960, em plena ditadura militar. Para Castilho, que interpreta uma das jovens envolvidas nos embates da época, a história é também um resgate da memória coletiva.
A trajetória de Castilho tem raízes no Espírito Santo. Sua infância ribeirinha e a vivência caiçara moldaram a artista múltipla que hoje transita com força entre o cinema, o teatro, o streaming e a TV. “Ser capixaba é ter como herança a cultura de congadas e pescadores, além de todo um repertório histórico de aldeamentos urbanos e quilombos remanescentes. Isso sempre me ensinou a fluir em meus movimentos artísticos”, explica.
Na televisão, ela integra o elenco principal da série Santo, da Netflix, e viveu a personagem Cris Tênia na série Feras, da MTV. No streaming, participou do filme Anna, de Heitor Dhalia (Prime Video), onde protagonizou uma cena intensa como Ofélia. No teatro, foi aclamada em peças como Depois do Ensaio, Nora, Persona, onde foi reconhecida como Melhor Intérprete.
Em 2023, integrou o elenco do musical a céu aberto Mundaréu de Mim e assinou a direção de movimento de O Avesso da Pele, que teve temporadas de destaque no Tusp e no Theatro Municipal de São Paulo.
Graduada pela Escola de Arte Dramática da USP, Castilho se define como uma artista em constante expansão. “Sou um compilado de possibilidades. Acho que isso gera uma infinidade de portas e camadas que só ampliam meu repertório artístico”, afirma.
Sua pesquisa é atravessada pela arte periférica afroindígena e pelas experiências latinas em diáspora. Nomes como Leda Maria Martins, Conceição Evaristo e Clara Potiguara influenciam sua prática. “Artistas racializados nunca param de estudar. Descobri um misto de fúria, fuga, audácia e fortaleza através da ancestralidade e da arte”, reflete.
Para o futuro, Castilho já tem projetos em andamento: está à frente da direção de movimento de uma nova peça com estreia marcada para junho, em São Paulo, e prepara o elenco de um curta-metragem no mesmo período. Além disso, desenvolve uma pesquisa autoral intitulada #PRÓPIR4nh4, que terá sua primeira exposição visual lançada no segundo semestre.
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