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Publicado em 24 de agosto de 2024 às 10:00
O que você faria aos 85 anos de idade? De fato, essa é uma etapa da vida em que muita gente preza pela tranquilidade e sossego. Uma combinação que não faz parte da nossa história de hoje. É que a paraibana Euvanice Fonseca, moradora de Vila Velha, decidiu descer a mega tirolesa de Pancas, Noroeste do ES, no auge da melhor idade. >
Antes de mais nada, gostaria de ressaltar que essa senhora aventureira é avó do repórter que está escrevendo esta matéria - por isso, peço que me perdoe caso extrapole nos adjetivos. Mas cá entre nós, ela é um belo exemplo. Então, vamos ao que interessa para entender como tudo começou.>
Dona Nice, como gosta de ser chamada, é uma veterana em tirolesas. Contando com a de Pancas, ela já foi em seis por todo o Brasil. Um detalhe: a primeira que desceu foi somente aos 77 anos, em Fortaleza, no Ceará. E depois não parou mais. Hoje, ‘minha avó’ coleciona momentos radicais no Rio Grande do Sul, na Bahia e em Domingos Martins. >
“Essa é a sexta tirolesa que desço. Gosto muito, sinto que essa adrenalina, a rapidez na hora que está descendo me faz me sentir viva. Eu até comecei tarde a ir em tirolesa, aos 77 anos, mas sei que ainda é tempo de conhecer várias por todo o Brasil. Enquanto minha saúde permitir, vou no máximo que puder”, contou Nice. >
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O espírito aventureiro é tanto que mesmo sem saber nadar, Dona Nice desceu na tirolesa de Morro de São Paulo, na Bahia, onde o final é no meio do oceano. Ela confiou apenas no colete salva-vidas e - claro - na sua própria coragem. Agora, aos 85 anos, não poderia ser diferente e ela topou um novo desafio: descer o maior complexo de tirolesas da América Latina.>
Inaugurado no dia 17 de agosto, o circuito é composto por duas tirolesas e possui 3 quilômetros de extensão - uma com aproximadamente 2.100 metros e outra com aproximadamente 900. A maior, fica a uma altura de 430 metros do nível do mar. Do ponto mais alto, confesso que bate um frio na barriga.>
“Antes de vir nessa tirolesa, eu fui ao médico do coração para saber se estava tudo bem. E ele disse que meu coração está igual ao de uma criança. Fiquei bem feliz de saber isso e me deu ainda mais gás para sentir essa emoção. Inclusive essa será a mais alta que já fui”, completou dona Nice. >
Dito e feito, nossa guerreira subiu junto a uma equipe de cinco pessoas e logo se equipou. É preciso seguir todas as medidas de segurança. Colocar o capacete e o equipamento no corpo, composto por um cinto, duas roldanas e dois mosquetões. O primeiro circuito conta com três cabos, que suportam até 14 toneladas cada. Também há um sinalizador para evitar acidentes aéreos. >
Por volta das 14h15, nos preparamos para enfrentar a primeira - e mais longa - descida. Por sinal, foi uma descida dupla, onde eu e minha avó descemos ao mesmo tempo. Em um mix de emoções, encaramos com a maior bravura e certeza de que esse momento ficará registrado em nossas vidas para sempre. E o visual para os pontões capixabas deixou tudo ainda melhor. >
“Foi muito legal. A descida foi maravilhosa e não deu medo nenhum. Relaxei na hora que desci e aproveitei o visual espetacular. E descer com meu neto deixou tudo ainda melhor, foi uma experiência que jamais vou esquecer na minha vida”. >
Já com a sensação de missão cumprida, também descemos a segunda parte do complexo. Ao final de todo o percurso, concluímos essa aventura juntos e entusiasmados para a próxima. Afirmo que foi um dia para entrar na história, na minha, e de Pancas - já que aos 85 anos, Dona Nice foi a pessoa mais velha a descer no trajeto. >
Por isso, termino este texto com a certeza de que colecionar momentos com os nossos avós já é, por si só, um baita privilégio. Mas andar de tirolesa com a minha avó no auge dos seus 85 anos, é mais do que isso: é uma história para poucos. Quem sabe ela não inspire você também. >
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