Curso de Residência em Jornalismo / residencia@redegazeta.com.br
Publicado em 3 de novembro de 2022 às 16:15
Tatuagens e piercings fazem parte da história desde as civilizações antigas, com diferentes significados. No Brasil, o uso do piercing começou nos anos 1970, com a onda hippie, e passou a se popularizar na década de 1990. Nos anos 2000, o adereço virou febre, com o uso da calça baixa e sua aplicação nos umbigos de milhares de mulheres. Quem não lembra de Britney Spears em suas apresentações na época ou a mulherada de biquíni desfilando os brilhosos na praia?
Durante esse processo de popularização, o piercing passou por uma marginalização por parte de algumas pessoas. Hoje em dia, ele é utilizado em diferentes lugares do rosto, orelha, umbigo e até mesmo em outras partes mais inusitadas do corpo. É o que afirma a body piercing Maria Eduarda Moreira Marques, conhecida como Madu, dizendo que o adereço nunca deixou de ser querido.
“O piercing nunca deixou de ser moda e está mais ainda atualmente. Parece que as pessoas querem se ver bem, querem ter autoestima de novo, querem se ver diferentes mesmo, além de aceitarem mais o diferente”, afirma a profissional.
Prova de que está na moda e em diversos locais do corpo, o piercing pode até ser colocado no colo, como a atriz Giovanna Antonelli está usando. Para interpretar a delegada Helô em "Travessia", a atriz colocou um piercing microdermal no colo — que não tem orifício de saída e fica alojado na pele — para inovar no visual da personagem.
"Tem que tomar um pouco de cuidado, mas dá um charme no decote. Dói muito para colocar, só que depois de 90 dias cicatriza e fica uma maravilha. É um lugar mais sensível, que não tem muita gordura também, né? Façam com um bom profissional sempre. E vamos inovar, né gente? (risos)", disse a artista ao Gshow.
Carlos Alberto Correia da Silva, mais conhecido como Carlos Tattoo, também é body piercing e afirma que o número de procedimentos feitos em um ano é altíssimo. “No ano de 2020, mesmo durante a pandemia com todos os cuidados, eu fiz 2.238 (procedimentos). Já dá pra perceber que é uma quantidade bem grande de pessoas”, avaliou.
Apesar dos locais mais pedidos serem a orelha, nariz e o umbigo, Madu revela que atualmente os procedimentos no rosto tem se popularizado muito no Espírito Santo. "Todo mundo está querendo mudar o rosto um pouco, colocar algo diferente mesmo, está virando tendência mesmo o piercing no rosto", cita ela, falando de locais como lábios e sobrancelhas, queixo e bochechas. Ela acredita que isso vem acontecendo como uma forma de reafirmação das pessoas.
Há mais de 29 anos no mercado, Carlos afirma ainda que, com o passar dos anos, os materiais utilizados também evoluíram e hoje, ajudam nessa segurança. “Tudo vem se desenvolvendo a cada dia. Tem muita gente estudando e tem empresas seríssimas desenvolvendo produtos para que possamos fazer procedimentos com mais segurança para as pessoas. Hoje, por exemplo, todo o material é descartável”, afirma.
Apesar da aplicação ser segura, Carlos ressalta que o cliente tenha práticas de higiene e conservação desses piercings após sua aplicação. Ele destaca que a pessoa não deve ficar tocando excessivamente no local e fazer a limpeza corretamente do furo.
Vale lembrar que para aplicar o piercing, é necessário machucar a pele com uma perfuração. Assim, todo cuidado é pouco, tanto na hora de colocar como no momento de cuidar até que a ferida seja cicatrizada. Afinal, existe o risco de alergias e infecções.
Para a aplicação dos piercings, diversos cuidados precisam ser tomados já no estúdio em que será feita o procedimento. Verifique as condições de limpeza, higienização, conservação geral e privacidade do estúdio de tatuagem. Do contrário, o cliente corre o risco de pegar hepatites B e C, e até mesmo HIV.
Mesmo você colocando o piercing num estúdio com tudo certinho, ainda tem que ficar de olho na cicatrização pois pode haver reações do nosso corpo, causando uma cicatrização excessiva, queloides ou reação ao material do piercing.
Outro ponto importante, citado por Carlos é a limpeza após a aplicação. Se o local não for bem limpo no período de cicatrização, pode haver sérios riscos. Normalmente, a assepsia é feita com sabonete especial, soro fisiológico e Povidine. Ela deve ser realizada conforme a orientação do piercer.
Caso apareça um inchaço no local fora do normal, dor intensa, vermelhidão intensa, sangramento ou presença de pus, um médico deve ser procurado com urgência. O motivo é que pode haver uma infecção, que se for para a corrente sanguínea e chegar a órgãos como o coração, causando endocardite, e até mesmo o cérebro, pode levar à morte.
Os profissionais devem seguir algumas regras de segurança propostas pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA), divulgadas em 2009 através do relatório de normas para o serviço de tatuagem e piercing. Essas práticas devem ser adotadas pelos profissionais a fim de garantir a segurança e a confiança nos procedimentos.
*Nara Rozado é aluna do 25º Curso de Residência em Jornalismo da Rede Gazeta. Esta matéria teve orientação do editor de HZ, Erik Oakes
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