Wish, criado para comemorar os 100 anos da Disney, virou uma prova da crise do estúdio

Animação foi planejado para encerrar as celebrações do centenário do estúdio, mas acaba demonstrando os problemas de criatividade da casa do Mickey

Wish chegou aos cinemas do Espírito Santo na quinta-feira (4)

Wish chegou aos cinemas do Espírito Santo na quinta-feira (4). Crédito: Disney

Os planos da Disney para os 100 anos de aniversário do estúdio não poderiam ter sido piores. Apesar da boa surpresa de Elementos, nada mais funcionou bem – filmes como Mansão Mal-Assombrada e Indiana Jones e a Relíquia do Destino fracassaram de crítica e público, enquanto a Marvel Studios patinou com As Marvels e Homem-Formiga e a Vespa: Quantumania. Agora, Wish: O Poder dos Desejos chega para coroar o ano desastroso.

Afinal, mais do que um lançamento de fim/começo de ano da Walt Disney Animation Studios, o longa-metragem era o grande projeto do estúdio para celebrar os 100 anos da Casa do Mickey Mouse. A ideia era que o longa-metragem fosse uma celebração a tudo que a Disney mostrou e criou com seus filmes – indo desde os arquétipos criados com os sete anões, passando pelas músicas e chegando até em vilões vivendo em castelos.

Wish: O Poder dos Desejos é uma mistura de todas essas referências ao contar a história de Asha, uma jovem que vive no reino de Rosas. Por lá, ao fazer 18 anos, você entrega seu desejo ao Rei Magnífico, o governante de Rosas, que irá escolher quando (e se) ele irá se realizar. É aí que as coisas se complicam: a protagonista logo descobre que o tal monarca não realiza desejos e, para mudar isso, irá contar com a ajuda de uma Estrela mágica.

REFERÊNCIAS DE WISH

Nesse caldeirão, dá pra notar vários elementos desses 100 anos de história se misturando. Asha se parece com uma Cinderela do mundo mágico, enquanto os amigos são os anões. Há até representações bem fiéis de Soneca e Atchim. O rei é uma versão de Malévola com qualquer madrasta das princesas. O cenário, enquanto isso, traz espelhos – confesso que cheguei a esperar que, em algum momento, o Rei soltasse um “espelho, espelho meu”.

Indo além na questão visual, é bom reparar nos traços de Wish: a arte da animação tenta ser uma mistura entre o 2D e o 3D, como se fosse um híbrido desses dois mundos da Disney. Passado, presente e futuro. Uma pena, porém, que a ideia não dê certo. Em tempos de Homem-Aranha: Através do Aranhaverso e Gato de Botas 2, o visual da animação desse novo filme da Disney parece apenas algo mal-acabado, como se fosse um traço incompleto.

Seria bom, aliás, se os problemas da animação parassem por aí. Não só os traços são fracos, como também a história não empolga. Essa colagem de clássicos não consegue despertar aquele sentimento nostálgico dos easter-eggs e das participações especiais, algo cada vez mais visto em filmes da Marvel. Despertam, na verdade, uma sensação de esgotamento. Essa homenagem é tão mal encaixada que soa como reaproveitamento.

HISTÓRIA FRACA

Preocupada em fazer essa conjunto de tributos, a trama de Wish também não vai para frente. Há um claro problema de direção da dupla Chris Buck (Frozen) e Fawn Veerasunthorn, que se preocupou com essas referências e não com o mais importante: contar uma boa história. Tirando a Estrela, que é divertida mesmo sem falar, todo o restante transita entre o vago e o trivial, o sem graça e o apático, o banal e o genérico.

Asha, por exemplo, não provoca absolutamente nada no público. É bonita sua relação com o avô e seu ímpeto por justiça, mas não é nada demais para quem já teve Bela, Tiana e, mais recentemente, até mesmo Moana, Elsa e Anna. Não há complexidade. E o vilão é uma pessoa má sem ambições: ele quer apenas impedir o desejo dos outros, sem realmente uma motivação por trás. Isso tira peso e, mesmo torcendo por Asha, torna a jornada chata.

Wish não diz muita coisa. Com uma ou duas cenas engraçadinhas, o longa não é marcante em sua história, em suas músicas, em seus personagens… O mais irônico de tudo é que o filme da Disney estreia nesta quinta-feira, 4, brigando por espaço com a animação Patos!, do Illumination Entertainment – dos Minions e de Sing, muito conhecido por ser mais comercial e menos criativo.

Mas, na briga entre os dois, não tem como: o filme sobre a família de patos migrando para a Jamaica é consideravelmente superior e mais divertido.

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