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“Um filme que provoca os jovens a mudarem a história”, diz Camila Pitanga sobre Malês

O longa, dirigido por Antônio Pitanga, estreia nos cinemas dia 2 de outubro e conta a história da Revolta dos Malês de maneira sensível e sem reproduzir estereótipos

Publicado em 27 de setembro de 2025 às 09:53

O longa, dirigido por Antônio Pitanga, estreia nos cinemas dia 2 de outubro e conta a história da Revolta dos Malês de maneira sensível e sem reproduzir estereótipos

Um dos capítulos mais importantes, e pouco conhecidos, da história do Brasil chega às telonas no próximo dia 2 de outubro. Dirigido por Antonio Pitanga, o filme “Malês” narra as duras condições de vida de homens e mulheres negros na Bahia do século 19 e reconstrói a Revolta dos Malês, um dos maiores levantes organizado por pessoas escravizadas no país, em 1835.

O longa tem roteiro de Manuela Dias e conta com elenco estrelado, incluindo os filhos do diretor, Camila e Rocco Pitanga, além de nomes como Bukassa Kabengele, Samira Carvalho e Rodrigo de Odé.

Uma história no DNA dos Pitangas

No filme, Antonio Pitanga interpreta Pacífico Licutan, líder religioso que mobilizou diferentes etnias e crenças na luta pela liberdade. Para o ator e diretor, contar essa história é também um ato pessoal:

Quem nasce na Bahia já vem com a história da Revolta dos Malês cravada na alma. Eu sempre tive esse desejo no coração. Malês já estava no meu DNA

O diretor relembra que, ainda durante a ditadura militar, viajou para o norte da África em busca das próprias raízes. Essa vivência, somada a décadas de carreira, se transformou em combustível para dar vida ao projeto.

Cena do filme
Camila Pitanga destacou o olhar do pai para o papel das mulheres na revolta Crédito: Reprodução filme "Malês"

Mais do que um registro histórico, Pitanga destaca o papel educativo do longa: “Malês tá trazendo para as universidades, para as escolas, para o povo, uma leitura que muita gente nunca ouviu falar. O filme é importante quase que didaticamente. Traz essa memória da nossa história”, diz.

Ele reforça ainda que a obra vai além do entretenimento. “Malês não é só um filme, ele é memória viva de um povo sequestrado que ousou fazer um levante, que sonhou com um Brasil sem preconceitos”.

Para Camila Pitanga, filha de Antônio, viver essa experiência ao lado do pai e do irmão foi algo simbólico. “Foi a realização de um sonho. O sonho do meu pai também é meu e do meu irmão. Nós fomos criados em uma visão de cidadania, num entendimento de que não dá pra pensar só na nossa sobrevivência, mas pensar enquanto comunidade. Esse filme é um projeto da minha família para todas as famílias”.

Religião, diversidade e resistência

Cena do filme
No filme, a Revolta dos Malês é retratada não apenas como um ato de resistência, mas também como um encontro de diferentes culturas, religiões e etnias trazidas à força para o Brasil Crédito: Reprodução filme "Malês"

No filme, a Revolta dos Malês é retratada não apenas como um ato de resistência, mas também como um encontro de diferentes culturas, religiões e etnias trazidas à força para o Brasil. Os malês, muçulmanos, aparecem com destaque, revelando como a fé funcionava como um elo de esperança em meio à escravidão.

A obra também mostra as divergências internas do próprio povo negro, lembrando que não se tratava de um grupo homogêneo, mas de sujeitos com trajetórias, crenças e opiniões distintas. A direção cuidou para representar essa complexidade, valorizando as subjetividades e as diferenças que compunham a experiência das pessoas escravizadas.

Camila Pitanga destacou o olhar do pai para o papel das mulheres na revolta. “Meu pai teve todo o cuidado para admitir o protagonismo feminino nessas lutas, que muitas vezes são invisibilizadas por quem conta a história”.

Um olhar para o futuro

Cena do filme
Cena do filme "Malês" Crédito: Reprodução filme "Malês"

Ao falar sobre a mensagem que deseja deixar ao público, Camila ressalta a importância de provocar reflexão, especialmente entre os jovens. “Acho que o filme tem essa função de evocar a luta pela soberania, pela identidade, pela liberdade. Embora aconteça em um período de escravização, ele apresenta famílias, afetos, a condição humana que é pouco vista nos livros didáticos. Espero que o filme provoque a juventude a parar de pensar que as coisas já estão dadas. A gente pode e deve mudar a história”.

A atriz ainda fez questão de destacar a capacidade do pai de conciliar atuação e direção em uma grande produção. “É impressionante como ele conseguiu atuar e dirigir. A alegria e a paixão que ele tem contagia. A gente tinha uma equipe apaixonada, um elenco apaixonado, que compartilhou esse projeto, esse sonho”, completa.

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