Repórter do Divirta-se / [email protected]
Publicado em 16 de março de 2022 às 11:11
Os acordes de sua potente guitarra encantam o mundo. Afinal, são 40 anos de uma carreira irretocável, seja como instrumentista, arranjador ou produtor musical. Parcerias no Brasil, foram inúmeras, com pessoas de alta patente como Djavan, Cazuza, Flávio Venturini, Marina Lima, Caetano Veloso, Gal Costa, Leo Gandelman, Ed Motta e Sidney Magal - sendo um dos autores da música "Me Chama Que Eu Vou", um dos hits do cantor.>
Sucesso nos EUA - "Ocean Way" ficou nos primeiros lugares nas rádios FMs na faixa "adult contemporary" durante seis messes - e no Japão - os CDs "Estação Paraíso" ("Paradise Station") e "Atelier" ("Last Look") ganharam boa repercussão -, Torcuato Mariano traz seu talento para Vitória, como sendo uma das atrações mais esperadas do Marien Calixte Jazz Music Festival, que acontece sexta (18) e sábado (19), no Parque Pedra da Cebola, em Vitória.>
Os ingressos para as apresentações presenciais (cerca de 400 por dia) estão esgotados, mas o público pode conferir a programação pelo canal do YouTube, gratuitamente, no conforto do seu lar. Entre as atrações, só "biscoito fino", como Amaro Freitas Trio; Esdras Nogueira e Grupo; Camerata Jovem Vale Música dividindo o palco com Ricardo Herz e Pedro Ito; Thaysa Pizzolato; Chico Chagas; Malê Dixieland; e o duo chileno Madela.>
Além disso, o próprio Torcuato Mariano ministrará uma masterclass gratuita nesta sexta (18), a partir das 14h, no Palácio Sônia Cabral (Centro de Vitória), com o tema "Produção Sobre o Enfoque da Guitarra". A aula é gratuita, com inscrições podendo ser feitas pela internet. No sábado (19), no mesmo horário e local, acontece a aula "Vivendo de Música Instrumental", com Esdras Nogueira, com inscrições também podendo ser feitas pelo site Sympla. >
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Voltando ao espetáculo, Mariano, que é argentino, mas mora no Brasil desde o final da década de 1970, apresenta um apanhado de seus seis álbuns, especialmente "Escola Brasileira", feito em comemoração aos 40 anos de carreira, além de prestar homenagens a alguns músicos que influenciaram sua trajetória, sempre passeando pelo Blues, Jazz, Rock e a MPB. O guitarrista terá o acompanhamento de Felipe Alves, na bateria, Arthur de Palla, no baixo, e David Feldman, nos teclados.>
"O show vai ser um passeio por um pouquinho dos seis álbuns que fiz, contando parte da minha história", destacou Torcuato Mariano, em bate-papo com "HZ" para falar da apresentação. >
Durante a conversa, o artista detalhou seu processo criativo, o sucesso no exterior e o premiado trabalho como produtor musical do "The Voice Brasil", da Rede Globo, onde atua desde 2012, chegando a ser indicado ao Emmy em 2018, por seus arranjos no "The Voice Kids".>
Isso mesmo! O show vai ser um passeio por um pouquinho dos seis álbuns que fiz, contando parte da minha história. Não deixo de prestar homenagens a meus ídolos guitarristas, especialmente os de Blues e rock, como Jeff Beck (britânico que tocou em bandas ícones dos anos 1960, como The Yardbirds) e Jimi Hendrix (que dispensa apresentações), até porque estou em um momento muito Blues (risos), onde tenho focado mais minha carreira nesses últimos três anos. Lógico que "Escola Brasileira" também estará no cardápio, especialmente resgatando esses 40 anos de trabalho.
Essa mistura teve uma influência direta. Quando comecei a tocar com Johnny Alf tinha 17 anos (suspira). Meu sonho era estudar na Berkeley - famosa universidade californiana -, o que acabou não acontecendo, mas tudo o que aprendi em consistência musical começou com Alf, porque, em seu repertório, tinha artistas e estilos muito ricos, como Cole Porter, Tom Jobin, João Gilberto, João Donato e Marcos Valle, por exemplo. A gente tocava faixas que fazem parte de uma espécie de "Bíblia da Música". Então, isso já era uma faculdade. Trabalhar com ícones é um start de base sólida para qualquer carreira musical. Isso só foi se complementando com outros artistas com quem trabalhei, como Cazuza (no icônico "Ideologia") e Lobão. Djavan nem se fala, porque sua riqueza musical é algo fora da curva.
Isso (a repercussão internacional) é uma as minhas maiores surpresas. Demorou muito para boa parte do público nacional descobrir a repercussão que tive no exterior. Acho que, até hoje, algumas pessoas não tem ainda essa noção. Há alguns anos, cheguei a excursionar pelos Estados Unidos de costa a costa, com minha música entre as mais tocadas nas rádios, e isso nunca reverberou no Brasil. Você não imagina como é a experiência de andar de carro por Miami, por exemplo, e sintonizar uma rádio e encontrar sua música ou mesmo ouvi-la tocando em um restaurante. Não digo nem por vaidade, mas sim por poder viver da música, o que sei que não é fácil em nosso país, principalmente para segmentos diferentes, não sendo o estilo padrão que toca nas rádios. Um festival como o Marien Calixte, por exemplo, nos enche de esperança, para que surjam cada vez mais espaços com outras opções musicais, distante do foco do que tradicionalmente é apresentado ao público.
Conheço sua importância, especialmente porque Marien é citado por vários amigos de Vitória. Teve uma relevância muito grande como jornalista, além da forte ligação com a cultura musical.
O trabalho na TV tem uma diferença grande das outras mídias, na medida que seja algo que precisa ser feito com muita rapidez, como uma grande "explosão" quando vai ao ar e, no dia seguinte, se torna "atração de ontem". Por isso, é preciso trabalhar com muita agilidade sem perder a qualidade. Isso acaba se tornando um aprendizado diário. Você precisa encontrar maneiras de levar emoção para a casa das pessoas, sem deixar a "peteca cair". Vivo dizendo que cada música que você faz é a vida de um candidato que está sob sua responsabilidade, o que acaba se tornando uma missão.
Escolhi essa abordagem porque, em meus contatos em workshops, descobri que, por conta da pandemia, muitas pessoas que não estavam conectadas com produção musical precisaram se conectar por conta das gravações online. Todos começaram a gravar dentro de casa, com troca de arquivos e fazendo álbuns cada um em sua residência. De alguma maneira, todo músico ou guitarrista teve que se tornar um pouco produtor. Vou contar um pouco da minha experiência. Vim a trabalhar como produtor por conta da guitarra. Vamos tentar desenvolver [na aula] os dois lados: o do produtor que precisa contratar um guitarrista e o de um guitarrista que precisa atender o produtor.
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