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Publicado em 7 de novembro de 2025 às 11:30
O mar, às vezes, decide contar segredos. E foi exatamente isso que aconteceu em um dia improvável na Ilha de Vitória, quando o fotógrafo Bernardo Martins Xavier registrou o surfista João Parmagnani deslizando sobre um longboard em plena Curva da Jurema. A cena, quase mítica, uniu técnica, sorte e intuição no ensaio fotográfico "Refrações e Conexões: Surfando a Ilha de Vitória" . >
Quem vive em Vitória sabe: o mar ali dentro é de águas mansas, propício para natação, canoagem e pesca. Ondas surfáveis? Quase nunca. Talvez em dias de ressaca em Camburi. A cidade, cercada por aterros e enseadas, raramente recebe o tipo de energia que forma picos consistentes. Mas, como conta Bernardo, aquele dia fugiu de qualquer lógica:>
“O especial dessa sessão foi que conseguimos algumas fotografias em um lugar muito raro de ter surfe, em um dia muito bonito, com uma baita paisagem”, relembra o fotógrafo.>
Eles chegaram à ponte da Ilha do Frade e perceberam algo diferente: ondas trianguladas, praias temporárias se formando, a água correndo em direções improváveis. Um espetáculo que parecia mais experimento natural do que prática esportiva.>
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As imagens revelam mais do que técnica: traduzem um instante em que a cidade e o mar conversam. A fotografia transforma o evento em narrativa visual - o cotidiano da capital capixaba suspenso em um raro momento de harmonia com o improvável. Como escreve Bernardo no blog Airdrop Culture, é o tipo de experiência que acontece quando refração e conexão se encontram.>
“Essa sessão foi ideia do João. Ele está nessa fase do longboard clássico e quis explorar lugares onde o surfe de pranchinha não chega. Foi tudo muito natural, deu certo na maré certa”, diz Bernardo.>
Enquanto isso, João deslizava em silêncio, como se testasse o impossível. “Eu nunca tinha visto essa onda quebrar, muito menos imaginava que fosse surfável. Surfar ali, em plena ilha de Vitória, foi engraçado e ao mesmo tempo mágico”, contou o surfista.>
O surf na baía é efêmero, quase uma miragem, mas quando surge, reconfigura o olhar sobre Vitória. A ilha, que abriga o concreto e o movimento urbano, se torna palco para um espetáculo de natureza e sensibilidade. Uma lembrança de que, às vezes, o mar ainda nos surpreende - e que há beleza em perseguir o que quase nunca acontece.>
Ensaio "Refrações e Conexões: Surfando a Ilha de Vitória"
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