Repórter do Divirta-se / [email protected]
Publicado em 9 de setembro de 2022 às 09:00
Mostrar uma terra repleta de diversidade, histórias fascinantes e que, antes de tudo, respeita sua ancestralidade e oralidade. Esse é o ponto de partida do musical "A Menina Akili e Seu Tambor Falante", que personifica o poder e a voz do continente africano por meio de um conto infantil lúdico e repleto de cores vibrantes, que flertam com o Afrofuturismo, >
Após vencer o 16º Prêmio da Associação dos Produtores de Teatro e ser exibido para mais de 8 mil pessoas em sua primeira temporada (realizada com sessões virtuais, por conta da pandemia da Covid-19), a montagem anuncia pela primeira vez sessões presenciais em turnê pelo Brasil, fazendo sua estreia em Vitória, no Teatro do Sesi, com sessões no sábado (10) e domingo (11). >
Baseado no livro homônimo de Verônica Bonfim - que também atua como atriz principal -, "A Menina Akili" (integrante da programação do projeto Diversão em Cena ArcelorMittal) narra a história de uma menina africana que vive numa pequena aldeia chamada Adimó. Junto com o melhor amigo, um tambor falante de nome Aláfia, ela seguirá uma jornada para se tornar uma griote, ou seja, contadora de histórias e guardiã da tradição oral do seu povo. >
Os griôs, inclusive, já são velhos conhecidos do público capixaba. Em 2020, os ancestrais africanos foram muito bem representados em enredo da escola de samba Unidos de Jucutuquara. >
>
Voltando à montagem teatral, "Akili" pode ser vista como uma aventura que valoriza a ancestralidade e os valores civilizatórios africanos, apresentando uma África plural, com diversidade de povos, línguas e cores. Além de Vitória, o espetáculo, em um primeiro momento, vai circular por Curitiba (PR), Salvador (BA), Osasco (SP) e Belém (PA).>
Verônica Bonfim adianta que a montagem é inspirada em um personagem real. "O livro foi escrito para ser um musical desde a sua concepção inicial, em 2014, quando brincava com Akili, a neta do cientista social e escritor Dr. Carlos Moore, um amigo e uma das maiores referências no combate ao racismo no mundo. Ela foi minha inspiração quando tinha dois anos e hoje, aos nove, leu o roteiro, sugeriu coisas e amou tudo. É uma linda menina, inteligente, adora dançar, pintar e é muito estudiosa”, explica Bonfim, que gravou um vídeo nas redes sociais convidado o público para conferir a apresentação.>
Instrumento ancestral de comunicação, o tambor é personagem central da peça. "É ele quem anuncia a partida e a chegada, quem nos leva de volta para casa, seja na Bahia, Minas Gerais, Cuba ou África... O tambor que foi 'demonizado' na cultura ocidental, recebe na história o status que merece. Pulsando as batidas do coração, ele é um guia da menina Akili", comenta a autora. >
A história sobre amor, afeto, amizade, laços e valorização do feminino e das raízes ancestrais é ainda uma homenagem à Mãe África com toda a riqueza que reside no continente. "Temos pouquíssimas produções teatrais voltadas para as crianças e suas famílias com foco em histórias afro referenciadas. É uma lacuna de muito tempo, mas que hoje, felizmente, estamos conseguindo avançar um pouco", acredita a artista.>
O espetáculo, de acordo com Verônica Bonfim, é permeado por uma miscelânea de linguagens, com uma trilha executada ao vivo. Elementos estarão em cena para expandir as referências positivas da negritude, fortalecendo o protagonismo feminino negro por meio do encantamento, da empatia e da valorização da identidade. >
"Sou do interior da Bahia. Corria descalça, jogava bola, brincava de boneca e bola de gude. Essa menina que fui, vai emprestar à personagem todo o encantamento que tem uma criança em qualquer lugar do mundo, quando este não ceifa sua beleza, alegria, potência, liberdade e leveza de só ser criança", complementa a atriz, em tom de crítica social.>
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta