Publicado em 30 de abril de 2022 às 12:16
O lendário quadrinista Neal Adams, responsável por dar uma vida nova aos gibis do Batman nos anos 1970, morreu na última quinta-feira (28) aos 80 anos. Segundo Marilyn Adams, mulher do artista, em reportagem da Hollywood Reporter, ele estava em Nova York e teve complicações de uma sepse, doença desencadeada por uma inflamação que se espalha pelo organismo diante de uma infecção.>
Ao lado do roteirista Dennis O'Neill, Adams renovou as histórias do Homem-Morcego da DC Comics com uma boa dose de realismo, agilidade e um tom sombrio que ajudou a separar a imagem consolidada pela série com Adam West nos anos 1960. Da sua época, surgiram vilões como Ra's Al Ghoul -depois levado às telas em "Batman Begins", de 2005-, Talia Al Ghoul -que se tornou amante do herói- e o macabro Morcego Humano.>
Com isso, antecipou a imagem que ficou marcada do herói, a partir dos anos 1980, com as interpretações de Frank Miller nas HQs e de Tim Burton nas telonas. Não bastasse, as revistas com O'Neill ajudaram a consolidar a mitologia do Coringa, hoje considerado o maior vilão do Batman, que foi resgatado de histórias antigas e passou a ser menos humorístico e mais perverso. Dentre os trabalhos, "A Vingança do Coringa", de 1973, foi definitiva, abrindo o caminho que culminaria em "A Piada Mortal", assinada por Alan Moore, e de basicamente todos os intérpretes do vilão nos cinemas.>
Além do estranho personagem Deadman, na DC, Adams também criou o primeiro Lanterna Verde negro da história, John Stewart. Na Marvel, também desenhou histórias dos X-Men, Quarteto Fantástico e Jovens Vingadores.>
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Para além dos heróis das grandes casas americanas de quadrinhos, Adams teve um papel importante ao lutar pelos direitos dos artistas -um assunto complicado que se estendeu por décadas até obterem a devida remuneração e créditos- e acabou criando seu próprio selo, o Continuity Studios. Nomes como o prório Frank Miller e Bill Sienkiewicz foram seus pupilos nessa casa.>
Ao lado de outro gigante dos quadrinhos, Stan Lee, chegou a formar a Academy of Comic Book Arts, como uma sindicato para lutar em nome dos roteiristas e desenhistas de HQs. Como a intenção de Lee, afinal, era uma organização mais próxima aos "tapinhas nas costas" da Academia de Artes e Ciências Cinematográficas, que entrega as estatuetas do Oscar, os dois se separaram.>
Ainda assim, se manteria fiel ao legado de outros grandes nomes da indústria que tinha poucos direitos sobre seus trabalhos. Entre tantas conquistas nessa luta, conseguiu que Jack Kirby -outra lenda, co-criador do Quarteto Fantástico, Thor, X-Men e Hulk- recebesse os originais das HQs (que ficavam sob posse da Marvel) e ainda ajudou a projetar Jerry Siegel e Joe Shuster -os criadores do Super-Homem, ainda na década de 1930- quando eles começavam a cair no ostracismo e enfrentavam dificuldades financeiras.>
Neal Adams deixa a mulher, Marilyn, com quem foi casado por mais de 45 anos, cinco filhos -alguns trabalham com quadrinhos atualmente-, seis netos e um bisneto.>
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