Juliana Didone traz a Vitória peça que desmistifica a maternidade

"60 Dias de Neblina" será encenada sexta (6) e sábado (7), no Teatro Universitário (Ufes), com sessões às 20h. Montagem é baseada em sucesso literário de Rafaela Carvalho

Para Juliana Didone, 60 Dias de Neblina tenta desmistificar a maternidade

Para Juliana Didone, 60 Dias de Neblina tenta desmistificar a maternidade. Crédito: Divulgação

Eternizada como Letícia em uma das temporadas de maior sucesso de Malhação, entre 2004 e 2005, Juliana Didone encara outro desafio: as dores e as delícias da maternidade, tanto na realidade, com o nascimento da pequena Liz, de 5 anos, como nos palcos, com a peça 60 Dias de Neblina.

Baseado no fenômeno literário de Rafaela Carvalho - que vendeu mais de 200 mil cópias e ganhou adaptação para inglês e  espanhol -, a montagem chega a Vitória nesta sexta (6) e sábado (7), com sessões no Teatro Universitário (Ufes). O espetáculo conta com produção da capixaba WB dentro do projeto Circuito Cultural Unimed. A direção é de Beth Goulart.

É desnecessário dizer que 60 Dias de Neblina causa identificação imediata com a plateia, afinal, boa parte da história faz parte do cotidiano de muitas mulheres. Em cena, com humor e leveza, alegrias e descobertas de Luísa (Didone), uma mãe de primeira viagem - como a atriz- às voltas com os meses iniciais da maternidade.

A montagem tenta desmistificar desafios como amamentação, noites mal dormidas, choros e questionamentos sobre autoestima. A peça soa como um ato de acolhimento (abraço mesmo!) e rede de apoio para mulheres que desejam entender o turbilhão de emoções com a chegada da (temida para algumas pessoas) maternidade.

"O que a peça discute, e o que também senti, é a dualidade que surge quando a gente vira mãe. Uma hora vem a felicidade e, em outro momento, pode pintar um arrependimento. Não de gerar um filho, claro, mas sim quando pensamos como a mulher é tratada pela sociedade, especialmente em relação ao mercado de trabalho", confessou a atriz, em bate-papo com HZ.

"Temos o mito da mãe perfeita, responsável pela criação, mas também sabemos que mulheres são provedores do lar. São cerca de 11 milhões de mães-solo no Brasil, mulheres que, sozinhas, precisam se dedicar à profissão e bancar sua família. Isso, muitas vezes, sem ter a mesma oportunidade e salário que homens", desabafa, complementando a linha de raciocínio ao afirmar que algumas novas mães adoecem com a sobrecarga mental de ter um filho ao mesmo tempo que investe na carreira.

SEM TABUS

Complexidades à parte, 60 Dias de Neblina se propõe a ser uma diversão leve, sem culpas ou mesmo pecados. "Fazemos uma mãe humanizada. Ela precisa saber e aceitar que vai errar várias vezes. Sua vida muda após o parto. Inclusive, até no momento dele. Na adaptação que fizemos do texto - que contou com parceria de Renata Mizrahi -, incluímos o parto com suas expectativas, medos, ansiedades e angústias. Aproveitei para usar um pouco da minha experiência, mesmo não citando o caso efetivamente", afirmou a artista, que, durante o nascimento de Liz, passou por uma cesariana traumática marcada por intercorrências.

Juliana Didone estrela monólogo 60 Dias de Neblina

Juliana Didone estrela monólogo 60 Dias de Neblina. Crédito: Pino Gomes

Considerado a "Bíblia da Maternidade",  60 Dias de Neblina teve uma adaptação cuidadosa para os palcos. "Houve a necessária teatralização dos diálogos, como também adaptação de piadas e situações do cotidiano. Gosto do feedback da plateia. O público embarca nessa reflexão. Mulheres me falam que vivem situações semelhantes e homens, em sua maioria pais, contam que começaram a entender as dificuldades das esposas e, em alguns casos, tentam ser mais presentes na criação dos filhos".

Juliana Didone diz que está preparando a adaptação há cerca de cinco anos, logo após o nascimento de Liz. "Quando ela completou três meses (em 2018) descobri o livro da Rafaela. Logo veio o gatilho de levar essa história para o teatro. Os ensaios, por sua vez, começaram há dois meses, incluindo preparação vocal e corporal. Também ouvi muitos podcasts sobre maternidade", enumera Didone, realçando que pretende levar a obra para outras mídias, especialmente a televisão. 

Voltando ao início do texto, é impossível conversar com Juliana sem relembrar de Letícia, protagonista da 11ª temporada de Malhação, que, no ápice do sucesso, em 2004, chegou a atingir o pico de 40 pontos da audiência. Em tempo: a temporada do "folheteen" chegou ao Globoplay em setembro. 

"Estamos falando de um sucesso que perdura há quase 20 anos. Aquela temporada de 'Malhação' fez história por vários motivos. A entrega de boa parte do elenco, o bom roteiro e alguns temas que conquistaram o público, como a Vagabanda (quem não se lembra da interpretação icônica de Marjorie Estiano?) e também pela consciência ecológica de Letícia, um tema que ainda não era muito debatido entre os adolescentes, especialmente na televisão", acredita Didone, dizendo que até hoje é reconhecida pelo papel.  Abaixo, veja uma cena em que Letícia ouve de Gustavo (Guilherme Berenguer) a romântica Por Mais que eu Tente, um dos sucessos da Vagabanda. 

"Recentemente, após uma sessão de 60 Dias de Neblina, uma expectadora veio conversar comigo afirmando que o nome da filha é Letícia por conta do meu papel em 'Malhação'. Esse carinho e reconhecimento não tem preço", rememora a atrista, falando sobre seus próximos projetos.

"A peça acabou de estrear. Tivemos sessões no Rio de Janeiro e agora chegamos ao Espírito Santo. Depois vamos para Santa Catarina. São Paulo vai ganhar uma turnê em 2024. Na TV, acabei de gravar um trabalho com Miguel Falabella, 'O Som e a Sílaba', que deve estrear em 2024 na Disney +. É uma série superimportante, pois fala da superação de uma artista com diagnóstico de autismo e suas habilidades para música. Damos voz e protagonismo a pessoas excluídas", complementa. 

ESPETÁCULO 60 DIAS DE NEBLINA, COM JULIANA DIDONE

  • QUANDO: Sexta (6) e sábado (7), às 20h. Intérprete de Libras na apresentação de sábado
  • ONDE: no Teatro Universitário. Av. Fernando Ferrari, 514, Goiabeiras, Vitória.
  • INGRESSOS: Térreo Setor A e B, R$ 100 (inteira) e R$ 50 (meia). Mezanino, R$ 50 (inteira) e R$ 25 (meia). Clientes Unimed Vitória têm 50% de desconto em cima do preço de inteira, até dois ingressos por cliente. À venda no site Sympla ou na bilheteria do Teatro Universitário, de terça a sexta, de 14h às 19h.

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