Jornalista capixaba lança livro para crianças sobre as queimadas no Brasil

Livro foi distribuído nesta teça-feira (30) no Dispensário Santa Terezinha, na Gávea, onde a escritora foi homenageada pelo primeiro livro, "O Medo Amigo". Crédito: Divulgação

A capixaba Manoela Ferrari lança "Um Pingo Fora do Lugar", sua segunda obra para crianças e o 11º em sua carreira literária, que começou em 2011. A edição é ilustrada por Gabriel Medeiros e trabalha a consciência ambiental e a preservação florestal de forma firme, porém, doce e singela. Os primeiros 150 exemplares foram doados à Secretaria Municipal de Educação do Rio, cidade em que jornalista e escritora reside, e distribuídos às bibliotecas.

A obra, da editora Jordem, fala sobre uma gotinha de água que consegue mudar o planeta porque tem boas intenções: ajuda a proteger Dona Floresta da esquentada e traiçoeira Kei Mada. Pingo fica para trás do restante da família, cuja nuvem é levada pelo vento. O fato de ter ficado será de crucial ajuda para sua grande amiga, Dona Floresta, que é vítima dos maus tratos constantes de Kei Mada.

A invejosa personagem planeja invadir a casa de Dona Floresta, e Pingo alia presteza à astúcia para atrapalhar os planos da vilã, numa trama onde personagens fictícios mesclam-se a outros da vida real, como grileiros e madeireiros.

"Um Pingo Fora do Lugar", de Manoela Ferrari. Crédito: Divulgação

À reportagem de HZ, Manoela revela que há quem pense que este não seja assunto para crianças, mas o crescimento desenfreado das queimadas no país foi que a levou a escrever “Um Pingo fora do lugar”. "O Brasil é o quinto país que mais contribui para o aumento do efeito estufa no planeta, e que um dos principais fatores que levaram o país a ocupar tal posição está relacionado às queimadas nos seus diferentes biomas. Essas mesmas queimadas levaram o país a alcançar, em 2020, o primeiro lugar no desmatamento da maior floresta tropical do planeta, a Amazônia”, detalha.

"Um Pingo Fora do Lugar" é vendido pelo Instagram da editora por R$ 20. A edição encerra-se com uma lista de láureas conquistadas por Kei Mada, através da qual, o leitor toma conhecimento do posicionamento do Brasil diante do avanço das queimadas em biomas como o Pantanal e a Amazônia. Apoiada no jornalismo e na literatura, Manoela Ferrari tem o propósito de mostrar que é possível educar e conscientizar de forma atraente e cativante.

"O homem e a natureza são partes indissociáveis do mesmo campo vibracional. Está tudo interligado. Mas nos distanciamos tanto da natureza que passamos a ver o problema ambiental como algo fora da nossa própria condição, como se nós e o mundo não fôssemos unos. Não medirei esforços para reverter esse quadro, dentro do que estiver ao meu alcance. Acredito na educação e na cultura como instrumentos obrigatórios em qualquer projeto de futuro", explica Manoela.

A AUTORA

A literatura entrou na vida de Manoela Ferrari quando ela era criança. Filha da pianista Sônia Cabral e do jornalista Marilio Cabral, a jornalista diz que a cultura nunca foi tabu na casa onde ela e seu único irmão – o pianista Manolo Cabral (1965-2006) – cresceram em Vitória. Formada em Comunicação e em Letras, a escrita seria um caminho natural na sua vida.

Sua estreia na Literatura dá-se em 2011, quando publica “Entrelinhas”. Sua entrada na literatura infantil dá-se alguns anos depois, mais exatamente em 2020. Essa estreia foi provocada justamente pela pandemia da Covid-19, que isolou populações de seus entes queridos.

Impossibilitada de estar com as crianças do Dispensário Santa Terezinha, no Rio de Janeiro, onde é voluntária há 23 anos (tendo ingressado em 1998), a saída para romper o distanciamento foi colocar no papel uma das histórias contadas nas suas aulas, sempre elaboradas a partir de temas pedagógicos. E, assim, nasceu “O medo amigo”, seu primeiro livro infantil. A tiragem da obra foi doada às crianças do Dispensário como a outras, de instituições ligadas à Secretaria Municipal de Educação.

Em “O medo amigo”, a autoconfiança é um dos temas abordados a partir do medo que o pequeno José tem do escuro. Já a resiliência é uma das bandeiras levantadas pela autora em “Um Pingo fora do lugar”.

“Um Pingo fora do lugar”