Estudando na Áustria, capixaba Fabio Lahass realiza primeiro recital em Viena

Artista de família de agricultores de Santa Maria do Jetibá foi o único brasileiro aprovado no rigoroso teste da Universidade de Música e Artes Performáticas, onde está se especializando em regência

Fabio Lahass está se especializando em regência na Universidade de Música e Artes Performáticas, na Áustria

Fabio Lahass está se especializando em regência na Universidade de Música e Artes Performáticas, na Áustria. Crédito: Reprodução/ Instagram @fabio.lahass

O sonho de Fábio Lahass, garoto de Santa Maria de Jetibá que, aos oito anos, treinava em um teclado imaginário desenhado em uma folha de papel, em se profissionalizar e ganhar reconhecimento no mundo da música está se tornando realidade. 

Após passar no curso de especialização em regência na Universität für Musik und darstellende Kunst (Universidade de Música e Artes Performáticas), na Áustria, sendo o único brasileiro aprovado no rigoroso processo seletivo da instituição, Lahass, há cerca de uma semana, realizou seu primeiro recital em Viena. A emoção não cabia no peito!

"Foi uma noite muito bonita, com um público muito simpático e motivador. Mais ou menos 80 pessoas estavam presentes. Houve risada, houve choro, música de amor, música daqui (da Áustria) e do Brasil. Também o público foi motivado a cantar um cânone pela paz no mundo", detalhou em post nas redes sociais.

Sobre ser o único brasileiro a entrar em uma das melhores escolas de música erudita do mundo, estudando na cidade que revelou nomes como Bach, Strauss, Beethoven e Schubert, o capixaba explica a façanha com a simplicidade que lhe é peculiar. "Se alguém me falasse, quando criança, que poderia fazer isso, nunca iria acreditar que seria capaz", afirmou.

Aos 23 anos, Fábio Lahass, que é filho de agricultores com poucos recursos financeiros, precisou contar com o apoio da população de Santa Maria - Região Serrana do Estado - para conseguir arrecadar dinheiro e custear a viagem à Áustria e a vida no país.

Foram feitas campanhas na igreja luterana de Santa Maria de Jetibá (onde ele começou a aprender música, ainda menino) na internet e, por fim, o artista conseguiu juntar quase R$ 100 mil para realizar seu sonho.

Na Europa, além de estudar, Fábio, em seu tempo livre, dá aulas de música pela internet para alunos do Brasil. "É um grande sonho que está se realizando. Gostaria também que isso inspirasse outras pessoas do Brasil. Pessoas que talvez tenham uma realidade parecida com a minha, no sentido de que a gente deve lutar pelos nossos sonhos, pois eles não são impossíveis", enfatiza, dando dicas de perseverança para quem busca um lugar ao sol.

"Sempre falo para as pessoas irem atrás dos próprios sonhos, mas isso não é fácil. Nunca disse que é fácil. Então precisamos ter força e alegria para isso", declarou, em entrevista à TV Gazeta, afirmando que ainda tem como objetivo dar uma vida melhor aos pais e retribuir com música - o que ele sabe fazer de melhor e tem talento de sobra - toda ajuda e carinho que recebeu.

BATALHA

A trajetória de Lahass rumo ao conhecimento técnico foi árdua. Os pais trabalhavam com café e ele precisava ajudar a família na lavoura. Seu talento para cantar e tocar instrumentos foi logo sentido pelo pastor da Igreja Luterana da cidade, Willy Topfer, que também é músico. Um detalhe: durante os cultos, Fábio era quem cantava mais alto.

O pastor, então, sugeriu a Fábio iniciar aulas de música e, com um harmônio (instrumento de teclas), começou a aprender as primeiras lições com a esposa de Willy. 

Aos 13 anos, o jovem artista prodígio participou de um festival de música em Domingos Martins, também na Região Serrana do Estado, e chamou a atenção da professora Elizabeth Poganski, mestre da Faculdade de Música do Espírito Santo (Fames).

Elizabeth ouviu a história de Fábio e, sabendo que ele não poderia se manter por conta própria em outra cidade, o convidou para morar com ela e estudar para entrar na Fames, onde teve aulas de canto e aprendeu regência de corais.

Tempos depois, ele recebeu outro convite, para estudar na escola de música do Teatro Municipal de São Paulo, onde fez aulas de piano erudito e canto lírico.

"Eu postava meus trabalhos, e então recebi um convite para trabalhar na Paróquia Cantareira, em São Paulo. Larguei tudo em Vitória e fui para São Paulo", detalhou Fábio.

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(Com informações do jornalista Mário Bonella, da TV Gazeta)

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