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Publicado em 28 de março de 2024 às 16:39
Uma carreira meteórica. Assim podemos definir a trajetória de Alexandre Lima (1969-2024), ícone da música capixaba no final dos anos 1990 e início dos anos 2000. Foi como vocalista e guitarrista da banda Manimal e Radio Esperienza que o músico deixou seu nome registrado na história do Espírito Santo. E mais do que isso, inspirou gerações. >
Mas antes de relatar os últimos anos de Alex, HZ abriu o baú do tempo para recordar os momentos mais marcantes da vida do artista. Inclusive, a maior parte desses eventos foi com a banda Manimal, que predominou a cena musical capixaba entre 1995 e 2008. >
Na época, a banda era composta por Amaro Lima (baixo e vocal), Alexandre Lima (vocal e guitarra), Queiroz (bateria), Fábio Carvalho (percussão) e Ronaldo Rosman (percussão). Esse era o começo de um ritmo que viria a ser bastante popular no ES: o “rockongo”, uma mistura de rock e congo. >
Na bagagem, a banda coleciona diversas conquistas. Entre elas, o prêmio de melhor arranjo do Festival de Alegre, em junho de 1996. No mesmo ano, o grupo ainda foi escolhido pelo concurso da rádio francesa France Internationale (RFI) como um dos oito melhores trabalhos da América Latina e Caribe.>
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Em maio de 1997, a banda Manimal comemorava seu CD de estreia, que levou o nome do grupo. Entre os sucessos do primeiro disco, podemos destacar “Tequila Brown”, “De Que Vale Tudo Isso?” e “Não Nasci Pra Ser Pobre”. Nesta época, o grupo começou a emplacar algumas faixas nas rádios e, paralelo a isso, aumentar o número de shows - com apresentações em outros estados como Minas Gerais e Rio de Janeiro. >
Diante de tanta energia e intensidade, os precursores do rockongo também não se limitaram as fronteiras capixabas - e nem brasileiras. Foi em 1998 que os jovens músicos levaram seus ritmos para sua primeira turnê europeia, onde se apresentaram na Expo’98, em Lisboa, Portugal. >
Em 1999, os meninos voltaram ao continente europeu para realizar mais uma série de shows. Ao todo, foram mais de 80 apresentações pela Europa, com passagens na Itália, Alemanha, Suíça, Bélgica e Espanha.>
Sucesso absoluto, o Manimal virou o milênio com novidade na pista: um novo CD. Foi em setembro de 2000 que o disco “Tow Tow” começou a ser produzido. “Chegávamos no estúdio no começo da tarde e só saímos de madrugada”, contou Alexandre para o jornal A Gazeta na época. >
Com “Água de Benzer” no repertório - que viria a ser um dos seus maiores hits - , o segundo CD do Manimal mesclou músicas inéditas com canções que foram testadas no palco nessa época. O trabalho contou com onze faixas, como “Rainha Do Congo” e “Ficção Cientifica”. Peço licença para dizer que, nesta época - e talvez até hoje -, os capixabas poderiam ser chamados de “Galera da Ilha”.>
À essa altura do texto, aposto que os fãs mais apaixonados por Manimal jamais esquecerão do famoso Dia D, festival que caminhou junto da cena da música capixaba. No dia 3 de julho de 1999, oito mil pessoas se reuniram na Praça do Papa, em Vitória, para ver bandas como Manimal, Dead Fish, Casaca e Mukeka di Rato.>
O Manimal ainda lançou mais dois CDs: “Espírito Congo” (2003) e “Manimal Ao Vivo” (2005). Em 2008, a banda perdeu o seu baterista Queiroz, devido a um infarto na manhã do dia 10 de abril. Desde o ocorrido, o grupo não continuou mais com as atividades.>
Em 2013, Alexandre Lima iniciou uma nova etapa em sua carreira. O músico foi convidado pelo então prefeito da época, Luciano Rezende, para exercer o cargo de secretário municipal de Cultura de Vitória. Lima chegou a cuidar da parte musical da campanha do político e foi apontado como o responsável por encontrar a voz do “gesto da mudança”, com a cantora Cris Monteiro.>
No dia 29 de dezembro de 2013, Alexandre passou mal durante uma reunião na Prefeitura de Vitória e foi socorrido pelo prefeito Luciano Rezende, que é formado em Medicina. O músico sofreu uma parada cardiorrespiratória durante uma cirurgia para a retirada de um aneurisma na aorta - o que acarretou em um coma induzido. >
Ao longo dos anos seguintes, amigos e familiares de Alexandre realizaram diversos eventos para arcar com o tratamento, como o “Viva Alex!”. A mãe do artista, Vera Lima, também criou campanhas com vendas de latas personalizadas - recicladas da alimentação do artista. A título de curiosidade, os custos chegavam a R$ 20 mil por mês.>
Após 10 anos em coma, Alexandre Lima morreu aos 54 anos na madrugada desta quinta-feira (28). Nas redes sociais, o músico Amaro Lima, irmão de Alex, escreveu suas últimas homenagens. “Meu irmão, Deus te chamou, mas o barco do amor que você fez continua a navegar".>
Renato Casanova, da banda Casaca, também prestou uma homenagem ao colega de profissão e disse que a música do ES está de luto nesta quinta-feira (28).>
O velório acontece das 10h às 17h, no Palácio Sônia Cabral, no Centro de Vitória, e será aberto ao público. Já o sepultamento será restrito aos familiares no cemitério Parque da Paz. Entre as primeiras homenagens, uma bandeira e um estandarte da escola de samba Unidos de Jucutuquara foi colocada por cima do caixão.>
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