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Cultura tem nome: conheça Carlos Gomes, compositor de ópera que dá nome a teatro

Autor da ópera “O Guarani”, ele colocou o Brasil no mapa da cultura na Europa e foi imortalizado dando nome ao teatro de Vitória

Isadora Lima

Reporter / [email protected]

Publicado em 28 de setembro de 2025 às 12:00

Imponente, histórico e icônico: o Teatro Carlos Gomes é uma das edificações mais emblemáticas e o teatro mais antigo do Espírito Santo. Amplamente conhecido por seus espetáculos, o espaço foi construído em 1927, no terreno do antigo Teatro Melpômene, que foi desativado após um incêndio. Mesmo com toda fama, é justamente a parte mais óbvia, o nome, que é menos conhecida pelos capixabas. Isso não é à toa, afinal, essa história não é daqui.

Antônio Carlos Gomes, ou Nhô Tonico, como era chamado em Campinas, sua cidade natal, nasceu em 1836 e se tornou o maior compositor de óperas do Brasil, pioneiro em levar a música brasileira para o cenário internacional. Desde cedo, a música esteve presente em sua vida. Filho de um mestre de capela, o responsável pela parte musical da igreja, iniciou suas composições ainda jovem e logo despertou atenção pelo talento.

“Foi então que apareceu um músico de fora, chamado Henrique Luiz Levy. Ele ficou hospedado na casa da família e, ao ouvir Carlos tocar, disse: ‘Esse menino tem talento. Vamos para o Rio de Janeiro ouvir ópera.’ Até então, Carlos não tinha muito gosto pela música sacra — embora já tivesse composto nesse estilo, por ser parte da profissão. O que ele realmente apreciava era a ópera. O pai, no entanto, disse que ele não poderia ir. Mas, naquela época, mesmo com 24 anos, a palavra do pai ainda tinha muito peso, como se fosse lei”, contou Lenita Waldige, doutora em ciências sociais e pesquisadora da obra do músico.

Com a autorização do pai, Carlos partiu para São Paulo acompanhado do irmão e de Levy. Lá, hospedou-se em repúblicas de estudantes de Direito e conheceu Bittencourt Sampaio, que lhe apresentou a letra usada para compor a modinha “Quem Sabe”, dedicada a Ambrosina, sua amada.

De São Paulo, seguiu para o Rio de Janeiro para estudar no Conservatório de Música. A mudança foi uma fuga, já que ele não avisou o pai previamente. Só depois, em carta, explicou seus planos e pediu desculpas. Na capital, compôs duas grandes óperas, apresentou-se no Teatro da Ópera Nacional com a peça “A Noite do Castelo” e foi apresentado ao imperador Dom Pedro II, que ficou encantado com seu trabalho.

Com esse destaque, conquistou a bolsa para estudar na Itália, onde, em 1870, apresentou “O Guarani” no Teatro Alla Scala, de Milão, um dos mais importantes da época. Por lá, fez um enorme sucesso e foi uns dos pioneiros em levar a música brasileira para o mundo. Ele levou para a Europa o exotismo e o indígena, que estava em moda (em plena era indianista) e foi muito bem recebido. Documentos da época mostram que sua obra circulou pelo mundo, chegando a países como Estados Unidos e Rússia.

A partir daí, vieram outras óperas, como “Salvador Rosa”, “Maria Tudor”, “Lo Schiavo” (dedicada à princesa Isabel) e “Colombo”, além de canções e peças menores. Esse conjunto consolidou sua carreira internacional.

Carlos Gomes faleceu em Belém do Pará, em 1896, enquanto exercia o cargo de diretor do Conservatório local. Morreu vítima de um tumor na língua, em um período bastante difícil de saúde.

Homenagem não só no Espírito Santo

Em 1905 o artista deu nome ao Teatro Carlos Gomes em um prédio histórico na Praça Tiradentes, no Rio de Janeiro. E 22 anos depois foi a vez de Vitória ganhar o seu próprio Teatro Carlos Gomes, projetado pelo arquiteto italiano André Carloni e inspirado justamente no Teatro Scala, de Milão.

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