Redes Sociais

Capixaba leva moqueca para a Itália e vira a chef queridinha dos jogadores famosos

Depois de levar a panela de barro na mala, ela transformou a moqueca capixaba em cartão de visita e hoje é referência gastronômica em Roma

Publicado em 23 de agosto de 2025 às 11:00

A chef capixaba Roseli Schwartz com o jogador italiano Francesco Totti
A chef capixaba Roseli Schwartz com o ex-jogador italiano Francesco Totti Crédito: Solange Souza / Acervo Pessoal

Quando desembarcou na Itália em 2005, Roseli Schwartz tinha planos modestos: passar um período no exterior, guardar algum dinheiro e garantir uma casa para a mãe em Vila Velha. O que parecia apenas uma experiência temporária virou uma trajetória de duas décadas, marcada por conquistas e sabores que atravessaram fronteiras.

Hoje, a capixaba é reconhecida como uma das chefs brasileiras mais respeitadas em Roma. De panelas de barro levadas na mala a menus sofisticados que encantaram famílias inteiras, sua jornada mostra como a gastronomia pode se transformar em elo cultural e afetivo.

Do hobby à profissão

No início, Roseli não enxergava a cozinha como profissão. Trabalhou como babá em Roma até ser convidada a preparar refeições em encontros entre amigos. O talento logo chamou atenção e a levou a cozinhar para diplomatas e embaixadores.

A chef de cozinha Roseli Schwartz
A chef de cozinha Roseli Schwartz Crédito: SOLANGE SOUZA

Foi tudo muito natural. Quando percebi, já estava organizando jantares importantes e sendo apresentada como chef

A virada veio quando decidiu apresentar a moqueca capixaba em seus eventos. O prato, feito em panela de barro trazida do Espírito Santo, passou a ser sua marca registrada. “A moqueca não era só comida, era memória e orgulho. Foi ela que abriu as portas para mim na Itália”, conta.

O reconhecimento não demorou a chegar. O prato típico capixaba foi decisivo para que conquistasse o trabalho na casa do ex-jogador Juan Santos, ex-Flamengo, Seleção Brasileira e hoje dirigente da CBF. A partir dali, passou a ser requisitada por outros atletas brasileiros e italianos.

Roseli já serviu nomes como Francesco Totti, Alisson Becker, Leandro Castán, Marquinhos e Rafael Tolói. Em um dos episódios mais marcantes de sua trajetória, comandou sozinha o jantar de aniversário de Juan, que reuniu mais de 120 convidados, entre eles todo o elenco da Roma. “Era feijoada, picanha, frutas brasileiras. No meio da correria, ouvi Totti elogiando a comida. Foi inesquecível”, revela.

A chef de cozinha Roseli Schwartz e o jogador Allisson Becker
A chef de cozinha Roseli Schwartz e o goleiro Alisson Crédito: Acervo pessoal

Mais do que cozinhar, a chef tornou-se símbolo de acolhimento. Para muitos jogadores brasileiros que chegavam à Itália, Roseli representava um pedaço de casa. “Quando o Alisson disse em uma entrevista que se sentia bem em Roma por causa da ‘dona Rose’ e do arroz com feijão que nunca faltava, eu percebi a dimensão do meu trabalho”, emociona-se.

Sabores que unem culturas

Ao longo dos anos, Roseli buscou formação em alta gastronomia italiana e criou releituras de pratos brasileiros com técnicas sofisticadas. Mas garante que sua essência continua ligada às origens. “Adapto o tempero para agradar os italianos, mas nunca abro mão da raiz. Cada prato que sirvo carrega o Espírito Santo comigo”, afirma.

Moqueca, torta capixaba, feijão bem temperado e picanha assada são algumas das receitas que apresentou a chefs renomados da Itália, aproximando culturas e fortalecendo sua identidade como cozinheira brasileira.

De volta ao Espírito Santo para uma temporada curta, Roseli já está com a agenda cheia de palestras e jantares. “Fui para a Itália pensando que ficaria pouco tempo. Hoje volto com orgulho de ter levado o Espírito Santo para a Europa. Descobri que a cozinha pode ser mais do que profissão: pode ser identidade, memória e ponte entre culturas”, completa a chef.

Este vídeo pode te interessar

  • Viu algum erro?
  • Fale com a redação