Publicado em 13 de janeiro de 2025 às 18:15
Por Tiago Taam
O Capixaba anunciou a demissão do técnico português João Carlos Moura, na última sexta-feira, por meio das redes sociais. Já desvinculado ao clube, o ex-comandante afirma ter sofrido interferência em escalações e convocatórias por parte do presidente Daniel Costa. Pouco menos de um mês de trabalho. Assim foi a curta passagem de João Carlos Moura, ex-técnico do Capixaba. Após treino comandado na sexta-feira, o profissional teve a saída anunciada a uma semana da estreia do Estadual 2025.
No mesmo dia, em comunicado, o clube anunciou o desligamento por motivos de "falta de resultados" no período de pré-temporada. Atualmente, na mesma publicação, o perfil alega "motivos pessoais" do treinador. Nesta versão atualizada, o próprio João Carlos teria pedido a demissão. Afinal, o que aconteceu?
Antes estabelecido em Fortaleza, o técnico João Carlos afirma ter deixado a capital cearense com recursos próprios. Depois de 2.000 km percorridos na estrada, o português chegou ao Espírito Santo para assinar contrato com o Capixaba. No entanto, segundo o técnico, este vínculo nunca foi firmado ou apresentado. Outra queixa de João Carlos é sobre interferência em escalações e substituições durante amistosos realizados contra Vilavelhense e Democrata.
"Esta semana, contra o Vilavelhense, ele (Daniel Costa) discordou de uma escalação que eu tinha feito e alterou a convocatória. Tirou jogadores e colocou outros. Quis fazer uma obrigação de determinados atletas jogarem e eu sou totalmente contra isso", disse João Carlos ao ge.globo. Além disso, o então comandante alega ter recebido promessas de que o presidente Daniel Costa iria solicitar o visto e a assinatura da carteira de trabalho, o que nunca aconteceu, conforme a versão do denunciante.
"O Daniel me fez uma promessa de um ano de contrato, mas já estou aqui há um mês e nunca me apresentou este contrato. Não tratou do meu visto, não tratou da minha carteira de trabalho. Agora, que ele rescindiu meu contrato, eu quero exercer o meu direito de receber a rescisão, mas ele quer pagar apenas os dias de trabalho. Obviamente, a lei brasileira me protege. Me disse que eu estava em fase experimental, isso não existe. Para existir, tinha que estar em contrato, o que nunca foi fornecido. Ao fim de dez dias trabalhados, há vínculo trabalhista", declarou o técnico.
O técnico João Carlos Moura tentou um acordo, que não foi aceito pelo presidente Daniel Costa. A proposta previa o pagamento ao profissional até que o mesmo encontrasse um novo emprego, conforme a versão do português.
O presidente do Capixaba respondeu questionamentos da equipe do ge.globo, conforme as denúncias feitas pelo ex-técnico do clube. Daniel Costa esclarece seu lado e explana que, antes do acerto entre as partes, foram explicadas algumas metodologias realizadas no clube. Dentre os temas abordados em reunião, o mandatário entende que havia um acordo de "experiência" durante o primeiro mês de trabalho. Sobre interferência na escalação, o mesmo dá versão sobre ter feito questionamentos nas convocatórias, ao invés de ter mudado a equipe, como afirma o treinador.
"Antes do João vir para o clube, fizemos uma reunião e explicamos como funciona o clube-empresa. Temos uma metodologia e ele poderia vir caso a metodologia de trabalho se encaixasse com o nosso sistema de jogo. É uma questão de filosofia da empresa, que tem o seu direito de trabalhar de forma experimental. Foi acordado que ele ficaria aqui durante 30 dias, e que nesse mês ele mostraria o trabalho dele. Houve intervenção e conversa com o treinador, por ter se comprometido a seguir as regras da empresa e depois decidido trabalhar de outra forma", disse o presidente ao ge.globo.
Uma das denúncias feitas por João Carlos Moura se deve ao compromisso de Daniel Costa em solicitar o visto de trabalho do profissional, além de assinar a carteira de trabalho e fornecer um contrato ao português. O presidente do Capixaba entende que, por acordo previamente feito, não houve promessas de contrato com o profissional, além de qualquer conhecimento sobre a situação trabalhista do técnico no Brasil. Conforme o mandatário, o ex-comandante não tinha licença suficiente da CBF que o permitia treinar o Tubarão.
"Aqui existem regras e se as regras não forem cumpridas, a gente faz o desligamento. Não houve, em nenhum momento, promessa de contrato em definitivo e muito menos tínhamos ciência que o treinador está com problemas com o visto e de provar que trabalha no Brasil. Quando cobramos dele a licença da CBF, o treinador falou que não tinha o curso regulamentado na CBF, sem qualquer atualização. Isso foi um dos motivos para a demissão. Quando solicitamos a documentação, ele não tinha licença apropriada para estar à frente do Capixaba", completou o mandatário ao ge.globo.
O Capixaba anunciou a demissão do técnico português João Carlos Moura por meio das redes sociais do clube. O motivo, antes apontado por falta de resultados na pré-temporada, sofreu edição na publicação oficial, que agora cita motivos pessoais do ex-treinador. Após a demissão, o Capixaba segue em busca de um novo comandante. Com a saída de João Carlos Moura, o clube havia tinha acertado a contratação de Max Sandro, ex-treinador do Tubarão. No entanto, as negociações foram quebradas. Em 2025, o Capixaba retorna à primeira divisão do Campeonato Capixaba. A estreia do Tubarão está marcada para o dia 20 de janeiro, às 16h, contra o Jaguaré, no Centro Esportivo Conilon.
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