Publicado em 25 de outubro de 2021 às 15:14
O plano para concessão do Maracanã deixa o preço do estádio mais barato e força o envolvimento de pelo menos três clubes do Rio de Janeiro no projeto para sair do papel.>
Entre as exigências previstas para o concorrente está a comprovação de garantia de realização de, no mínimo, 70 partidas no estádio -Libertadores e Sul-Americana inclusas no pacote. Dessas, no mínimo 54 devem ser das Série A ou B do Brasileiro e da Copa do Brasil. >
Pelo modelo atual, cada clube é mandante de 19 partidas no campeonato nacional e pode participar de, no máximo, oito fases na competição mata-mata. >
Por essa conta, os atuais administradores do estádio, Flamengo e Fluminense, podem somar uma garantia máxima de 54 jogos em casa. O número deve ser ainda menor, já que ambos costumam entrar em fases mais avançadas da Copa do Brasil. >
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O edital foi feito para envolver também o Vasco da Gama, atualmente fora do acordo. O clube já demonstrou interesse em participar da licitação. >
"O Vasco é parte da lenda do Maracanã. Foi o primeiro campeão do estádio e conquistou seus principais títulos lá. A intenção é fazer um 'mix' com São Januário, deixando as partidas mais importantes para o Maracanã", disse o vice-presidente do Vasco, Carlos Roberto Osório. >
O governo fluminense disponibilizou no início de outubro para consulta pública as regras previstas para a licitação de concessão do estádio. A intenção do estado é que o contrato seja assinado em janeiro do ano que vem com o vencedor da disputa. >
As regras vão ser debatidas em audiência pública na próxima quarta-feira (27) e podem ser alteradas até o lançamento do edital definitivo. >
De acordo com o secretário estadual da Casa Civil, Nicola Miccione, o objetivo foi forçar o compromisso de utilização do estádio pelos grandes clubes da cidade. >
"Havia dois opostos em que o estado se viu num dilema: trabalhar de uma forma historicamente atrasada, a partir de um órgão público sem capacidade de investimento, ou transformá-la num equipamento de shows com poucas datas de jogos. Procuramos um meio termo. O Maracanã é dos clubes do Rio de Janeiro", afirmou o secretário. >
A outorga mínima prevista é de R$ 5 milhões anuais, menor do que os R$ 8,85 milhões (referente a R$ 5,5 milhões em valores atualizados) que o consórcio Maracanã, liderado pela Odebrecht, havia se comprometido a pagar ao vencer a licitação de 2013. >
Além do pagamento anual, a antiga concessionária tinha um plano de investimento de R$ 597 milhões que incluía a demolição do antigo Museu do Índio, do estádio de atletismo Célio de Barros, do parque aquático Júlio Delamare e da escola municipal Friedenreich. A área seria explorada comercialmente pela concessionária. >
Sob pressão de manifestações, o ex-governador Sérgio Cabral decidiu cancelar as demolições, afetando o plano de negócios da empreiteira, que meses depois entraria em crise em razão das investigações da Operação Lava Jato. >
O contrato com o consórcio foi revogado em março de 2019 por decisão do ex-governador Wilson Witzel (PSC), após uma tentativa de renegociação que se arrastava havia quatro anos. >
Desde abril de 2019, Flamengo e Fluminense assumiram provisoriamente a administração do estádio. O contrato inicialmente de seis meses foi prorrogado por quatro vezes até o estado lançar o novo edital de concessão, após o TCE (Tribunal de Contas do Estado) exigir a licitação até março do ano que vem. >
Atualmente, os clubes pagam apenas cerca de R$ 2 milhões por ano para a manutenção do parque aquático e do estádio de atletismo. >
A minuta do edital abre a possibilidade de participação de empresas com experiência em gestão de arenas, consorciadas ou não com os clubes. >
"O modelo é aberto. Se uma empresa gerenciadora de arenas tiver o compromisso formal [dos clubes] para aquelas datas, nada impede que seja uma profissional de eventos. Até se recomenda que se tenha no consórcio uma empresa do tipo. Mas a regra é aberta", afirma Miccione. >
O grupo francês Lagardère, que se movimentou para herdar o antigo contrato de concessão da Odebrecht, tem interesse no estádio. >
Contudo, Flamengo e Fluminense, atuais gestores do Maracanã, avaliam disputar a concorrência sem o envolvimento de uma gestora profissional de arenas, como no modelo em vigor. >
Não há também um plano de investimentos detalhados definido pelo estado. Mas os futuros concorrentes devem apresentar suas propostas que serão avaliadas por uma comissão técnica. >
"O plano de trabalho para investimento será proposto pelas concorrentes. Há algumas obrigações mínimas, como a reforma da cobertura do Maracanãzinho. Mas se o teto vai ser retrátil ou não, ninguém melhor que o mercado para discutir", diz o secretário.>
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