Publicado em 24 de abril de 2020 às 09:00
O Projeto de Lei 48/2020, de autoria do vereador Roberto Martins (Rede), que propunha o corte de 30% dos salários dos vereadores de Vitória durante a pandemia do novo coronavírus, foi arquivado na tarde desta quinta-feira (23) durante sessão ordinária da Câmara Municipal. A Comissão de Justiça da Casa julgou que não era possível admitir a proposta, já que a maioria dos membros da Comissão de Finanças se recusou a assinar o projeto.>
Os vereadores que integram o colegiado dizem que já fazem doações por conta própria e, portanto, não seria necessária a redução salarial.>
O projeto de lei foi pauta da primeira sessão presencial realizada por vereadores após uma sessão virtual no dia 7 de abril. Para que a proposta fosse encaminhada para votação, era necessário receber aprovação da Comissão de Finanças, que avalia projetos com esta temática. >
Contudo, quatro dos cinco vereadores que fazem parte da comissão se recusaram a assinar o projeto: Dalto Neves (PTB), Mazinho dos Anjos (PSD), Denninho Silva (Cidadania), e Vinícius Simões (Cidadania). O vereador Luiz Paulo Amorim (PV) também faz parte da comissão, mas não estava presente na sessão por fazer parte do grupo de risco da Covid-19. Sem a admissão do projeto pela comissão, a proposta foi arquivada. Veja a posição dos vereadores abaixo.>
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"O projeto não preenche os requisitos de admissibilidade, não tem as assinaturas dos membros da Comissão de Finanças, à qual compete fiscalização e controle, conforme manda o regimento desta Casa. Diante disso, não há outra forma a não ser emitir parecer pela inconstitucionalidade da matéria", disse o vereador Sandro Parrini (PDT), que preside a Comissão de Justiça da Câmara.>
Um dos membros da Comissão de Finanças, o vereador Denninho Silva, alegou que a proposta não mudaria nada e que ele já tem destinado parte do salário para entidades no enfrentamento ao novo coronavírus no Estado. >
Dennino Silva
VereadorApesar da afirmação do parlamentar, o projeto não previa que a medida valeria só a partir do ano que vem. O texto dizia que "Pelo período de duração da situação de emergência em razão da pandemia do novo coronavírus (COVID-19), reduzir-se-á os vencimentos dos Vereadores do Município de Vitória em 30% (trinta por cento) do valor bruto atual".>
O vereador Dalto Neves também afirmou que tem doado parte do salário e que, por isso, não aprovaria o projeto de lei. Ele chegou a pedir que Roberto Martins faça o mesmo e apresente os recibos das doações que tem feito. >
"Para ajudar não precisa de projeto de lei. Eu já fiz minhas doações, não vou assinar. E vou pedir, inclusive, que o senhor [Roberto Martins] passe a fazer suas doações e apresente os recibos no plenário", disse.>
Já Mazinho dos Anjos afirmou que a proposta não era clara e que o dinheiro que seria cortado não poderia ser usado pela Câmara para auxiliar pessoas atingidas pela pandemia. Ele também disse que tem feito doações para o enfrentamento da pandemia no Estado. >
"Não estou preocupado com o subsídio dos vereadores, cada um faz o que quiser. Pedi no meu subsídio um corte de 30%, mas a Procuradoria disse que não era possível. Então eu estou doando, há dois meses já, os 30% do meu salário para instituições. O que elas estão fazendo, eu não sei, mas estou fazendo minhas doações. Vou votar contrário a este projeto porque acredito que até ele ser votado, sancionado, ter o corte, esse recurso vai ficar retido na Câmara e não vai ser direcionado para as pessoas que estão sendo afetadas pela pandemia. Então acho que ele perde a função", declarou. >
Vinícius Simões criticou Roberto Martins e disse que o projeto era ilegal: "O vereador sugere que seja descontado um percentual do subsídio. Esse recurso vai ficar no caixa da Câmara e ela vai ajudar às famílias no combate do coronavírus? O presidente da Casa que vai gerir esse recurso? O projeto não diz! É absolutamente ilegal. Também estou fazendo minhas doações, que cada um faça sua bondade sem ter necessariamente uma lei", destacou. >
O Projeto de Lei 48/2020 propunha cortar 30% do salário dos vereadores para que o dinheiro fosse destinado a ações de combate à pandemia do coronavírus. De acordo com o autor da proposta, Roberto Martins, o objetivo é que esse recurso seja deixado na Câmara Municipal e usado para auxiliar famílias prejudicadas pela crise atual. >
Roberto Martins
VereadorPara o autor do projeto, os vereadores se posicionaram contra a proposta para continuar praticando medidas que ele considera como "populistas" como doação de dinheiro à população e entidades. >
"No fundo, eles arrumaram uma desculpa para não votar. Eles querem fortalecer uma política assistencialista de cunho populista que eu sou contra. Nós deveríamos ganhar menos e esse dinheiro ser usado pela Câmara para ajudar as pessoas que estão passando por dificuldades nessa pandemia. Infelizmente, sem a aprovação, o projeto morre", finalizou.>
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