Publicado em 10 de setembro de 2020 às 17:57
O perdão de dívidas de igrejas e templos religiosos de cerca de R$ 1 bilhão teve apoio da maioria dos deputados da bancada capixaba em Brasília. Dos 10 parlamentares do Espírito Santo, sete votaram a favor da proposta e apenas dois foram contrários: Felipe Rigoni (PSB) e Sérgio Vidigal (PDT). Helder Salomão (PT) não votou, pois não estava presente. >
O presidente Jair Bolsonaro (sem partido) tem até esta sexta-feira (11) para vetar ou sancionar a emenda aprovada pelo Congresso Nacional. Apesar da pressão que vem sofrendo da bancada evangélica e de religiosos, ele deve seguir a recomendação da equipe econômica do governo e barrar o perdão das dívidas. >
O trecho que anula as dívidas tributárias e previdenciárias de igrejas foi inserido no projeto de lei 1581/2020, que regulariza descontos em pagamentos de precatórios e que não tem relação com o tema. A emenda foi apresentada pelo deputado David Soares (DEM-SP), filho do pastor R.R Soares, fundador da Igreja Internacional da Graça de Deus.>
A votação aconteceu em julho na Câmara dos Deputados e a aprovação foi chancelada em agosto no Senado. Foram 345 deputados federais a favor da emenda e 125 contrários. Entre os senadores foi feita uma votação simbólica, quando não há registro individual de votos. >
>
Na Câmara, os parlamentares capixabas seguiram as orientações dos partidos. Sérgio Vidigal (PDT) votou contra o projeto, conforme orientou o PDT. O mesmo fez o PT, mas Helder Salomão, deputado pela sigla, estava ausente da sessão.>
Já o PSB liberou a bancada para votar de forma independente. Os dois representantes do partido na bancada capixaba votaram de maneira distinta. Felipe Rigoni se posicionou contra o perdão das dívidas e disse que não é favorável a esse tipo de isenção de tributos. Já Ted Conti votou a favor. >
Os demais parlamentares seguiram recomendações das legendas para votar a favor da emenda. Foram eles: >
"Votei a favor das igrejas. Sabemos que essas instituições fazem um trabalho filantrópico muito importante para a nossa sociedade. Temos que apoiá-las", afirmou Soraya Manato, por meio de nota. >
Rigoni, por sua vez, afirmou ser contrário a isenções tributárias, ou seja, permitir que determinadas pessoas, empresas ou entidades, deixem de pagar tributos, sem comprovação de que isso tenha impactos sociais ou econômicos positivos: Sou contra qualquer isenção tributária que não implique em redução da desigualdade ou estímulo à inovação e ao desenvolvimento, comprovados cientificamente".>
Isso foi um destaque em cima de um projeto que tinha outra finalidade na sessão. Eu votei contrário porque a emenda destacada, que exclui as igrejas de certas tributações e perdoa dívidas precisa ter uma lei específica. Da forma como foi apresentada, ela é inconstitucional. Nada contra as igrejas, mas também acredito que contribuição previdenciária não tem como perdoar, ressaltou Sérgio Vidigal. >
Todos os parlamentares foram procurados pela reportagem, mas até a publicação deste texto apenas Soraya, Rigoni e Vidigal haviam respondido. >
A emenda apresentada altera a lei de 1988 que instituiu a Contribuição Social sobre Lucro Líquido (CSLL), removendo as igrejas da lista de pessoas jurídicas consideradas pagadoras do tributo. Além disso, a proposta suspende cobranças e anula multas pelo não pagamento de contribuições previdenciárias nas remunerações destinadas a membros religiosos, como pastores. >
Dívidas antigas e que estão sendo questionadas na Justiça também seriam perdoadas, de acordo com o texto. >
Segundo levantamento divulgado pelo governo federal, o total de débitos pendentes de entidades religiosas é de aproximadamente R$ 1 bilhão. Assim, o perdão dessas dívidas representaria um impacto fiscal no país. Diante da situação, a equipe econômica já emitiu dois pareceres recomendando o veto da emenda.>
No momento que tenta construir uma base de aliados na Câmara, uma decisão de Bolsonaro contra o perdão pode custar o apoio de parlamentares evangélicos, um dos pilares da sustentação do governo. O presidente vem sofrendo pressões tanto de deputados quanto de eleitores e religiosos, que pedem pela sanção do texto. >
Apesar disso, tudo indica que Bolsonaro deverá vetar pelo menos uma parte da emenda, seguindo a recomendação da equipe econômica. Representantes da bancada evangélica disseram que o presidente sinalizou que faria isso para não cometer crime de responsabilidade fiscal, pois não teria amparo jurídico para sancionar o texto da forma como está. >
Bolsonaro tem até esta sexta-feira (11) para vetar ou sancionar o perdão das dívidas. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta