Publicado em 25 de julho de 2020 às 12:27
Para quem vai votar pela primeira vez, estabelecer critérios para um voto responsável é um desafio. O fato de as eleições deste ano serem municipais, no entanto, acaba aproximando os jovens das propostas dos candidatos. >
"Eu diria que estrear o voto escolhendo um prefeito e um vereador é uma das melhores formas de iniciar a participação política, porque é algo mais próximo da realidade das pessoas. Esses jovens sabem ou deveriam saber dos problemas dos bairros e da cidade onde moram. Não é algo tão abstrato como a discussão de um plano de reforma da Previdência no Congresso, por exemplo", avalia Rodrigo Prando, cientista político e professor da Universidade Mackenzie. >
Diante dessa responsabilidade, a inexperiência dos jovens eleitores pode motivá-los a pesquisar mais sobre os candidatos e suas ideias, o que, segundo especialistas, é o caminho certo a ser seguido. >
Humberto Dantas
Professor da Fundação Escola de Sociologia e Política (Fesp) e doutor em Ciência PolíticaMoradora de Itacibá, Cariacica, Izabelle Santos Pereira, 17 anos, vai usar o histórico de cada candidato como aliado na escolha nestas eleições. Ela acredita que isso vai ajudá-la a fugir de promessas milagrosas e optar por ideias que podem trazer alguma mudança efetiva. >
>
"Vou analisar as propostas e a índole de cada candidato, dar um 'Google' sobre a vida deles. Se eu me interessar por alguém que já tenha experiência política, que passou por mandato, vou pesquisar o que ele fez, se cumpriu o que prometeu. Se for novo na política, pretendo procurar saber o histórico pessoal, se tem algum tipo de processo, ver o que fazia antes da política, qual conhecimento tem", adianta.>
A estudante do primeiro ano de Medicina Kaylane Zuqueto Silva, 17 anos, também pretende suprir a inexperiência nas urnas com conhecimento. Para ela, que é de Vila Pavão, município com pouco mais de nove mil habitantes, conhecer bem os candidatos não será uma tarefa difícil.>
"Por morar em uma cidade pequena, é muito mais fácil conhecer o histórico de cada um deles. Vou procurar saber quais iniciativas eles têm no município, como eles se relacionam com áreas como violência e educação, e se têm competência para realizar o que propõem.">
Na escolha para prefeito, Kaylane diz que ainda vai utilizar como critério de voto quem são as pessoas que apoiam os candidatos, já pensando na formação de equipes técnicas para a gestão do município.>
"Quem está ao lado de um determinado candidato pode vir a constituir a equipe dele, com um cargo de secretário, por exemplo. E essas pessoas vão ajudar a tomar decisões para a cidade. Acho importante ter gente que tem conhecimento e experiência no que fala e vou levar isso em conta", conta. >
Além do conhecimento prévio dos candidatos e das suas propostas, o diálogo com a família deve ser levado em conta pelos jovens na hora de decidir o voto. Por mais que as ideologias entre pais e filhos possam ser destoantes, especialistas apontam que a experiência de quem já exerceu esse direito várias vezes é extremamente válida. >
Rodrigo Prando
Professor da Universidade Mackenzie e Cientista Político"Dialogar, contudo, não significa votar no candidato que meu pai ou minha mãe queira, mas estar disposto a saber o que eles pensam. Acho que promover esse debate é um ganho muito grande para quem vota pela primeira vez", pontua Prando.>
Esse não será um problema para estudante de Letras Sofia Malinoski Iacomini, 19 anos. O diálogo com os pais é algo que ela vai adotar. "A ajuda da família é bem-vinda, mesmo com divergências. É importante ouvir opiniões diferentes das nossas porque, no meio disso, a gente pode encontrar algo que deixou escapar, mas que faria diferença na nossa decisão. Pretendo debater isso com meus pais.">
Já na casa de Celso, a situação é diferente. "Meus pais não são muito engajados, não discutem política em casa. Então, pretendo não debater sobre isso. Vou decidir individualmente, pesquisando sobre os candidatos", diz.>
A forma como os políticos se posicionaram durante a pandemia do novo coronavírus e aqueles que estavam em mandatos conduziram suas ações, deve influenciar no voto de muitos eleitores, inclusive dos jovens. Humberto Dantas acredita que esse pode ser um critério interessante a ser adotado. >
"A pandemia vai impactar, seja para o bem ou para o mal. É um assunto importante e que deve guiar muitos eleitores na hora da escolha.">
Sobre esse critério, o estudante Breno Basseti Alexandre, 19 anos, é enfático: "Candidato que não usou máscara na pandemia não vai ter meu voto". Para ele, a norma, que é regra básica nos cuidados para reduzir a disseminação do vírus, vai ter um peso grande no voto.>
Breno Basseti Alexandre
EstudanteA pandemia também vai influenciar o voto de Isabelle Mafessoni de Souza Ferreira, 18 anos. A estudante, contudo, pretende priorizar candidatos em Vila Velha que se preocuparam em apresentar propostas para desempregados.>
"Pode ser que a pandemia não acabe agora. Então, vou considerar a capacidade de cada candidato em ajudar e fazer algo para ajudar as pessoas. Tenho familiares que perderam o emprego e sei o quanto isso está sendo difícil", diz. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta