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Marido de jovem morta confessa ter atirado para 'dar um susto'

Marido de jovem morta confessa ter atirado para "dar um susto"

O rapaz de 21 anos, que não teve o nome divulgado pela polícia, afirmou que o tiro foi acidental. Ele prestou depoimento e foi liberado em seguida

Publicado em 5 de novembro de 2020 às 19:41

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Evellin Bernardo de Oliveira, de 20 anos, morreu com um tiro na cabeça
Evellin Bernardo de Oliveira, de 20 anos, foi morta ao comemorar aniversário. (Reprodução | TV Gazeta)

Seis dias após a  jovem Evellin Bernardo de Oliveira, de 20 anos, ser morta com um tiro na cabeça enquanto comemorava o próprio aniversário, na última sexta-feira (30), no Morro da Garrafa, em Vitória, o companheiro dela se apresentou à polícia nesta quinta (5) confessando a autoria do disparo. O rapaz, que possui 21 anos e não teve nome divulgado, afirmou que o tiro foi acidental. Segundo ele, após uma crise de ciúmes, decidiu "dar um susto" na companheira com uma arma que ele não sabia que estava municiada. Ele foi ouvido na delegacia e liberado em seguida. 

De acordo com Marcos Daniel Vasconcelos Coutinho, advogado do suspeito, o casal estava em uma festa de comemoração do aniversário de Evellin, quando os dois começaram a discutir por ciúmes. O advogado falou com a equipe da TV Gazeta ao sair da Delegacia Especializada de Homicídios e Proteção à Mulher (DHPM), em Vitória. 

Marido de jovem morta confessa ter atirado para dar um susto

"Eles começaram a discutir, ele retirou o carregador da arma e achando que a arma estava sem munições, apontou para a companheira e apertou o gatilho. Isso sem saber que, como é uma pistola, fica uma munição na agulha. E foi essa munição que acabou causando essa dolorosa morte. O aniversário dela era no dia seguinte, ele fez essa festa para comemorar e aconteceu essa briga e a fatalidade. Ele veio aqui hoje assumir a autoria do disparo. Agora vamos aguardar as investigações", afirmou o advogado. 

Assassino de Evelyn confessou ter atirado para
Assassino de Evellin confessou ter atirado para "dar um susto". O nome dele não foi divulgado pela polícia. (Reprodução/TV Gazeta)

Ainda de acordo com Marcos Daniel, após atirar em Evellin, o cliente dele levou a jovem para a rua, onde teria pedido para que um conhecido do bairro a socorresse. Depois, o rapaz afirma que jogou a arma usada no mar. Indagado onde o jovem ficou nos últimos seis dias, o advogado afirmou não saber.

"A princípio, todo mundo logo pensa que ele esperou sair do flagrante. Mas, na verdade, ele ficou muito abalado.  Foi um crime familiar, contra a mãe da filha dele. Ele é muito novo, ficou atordoado, muita pressão", argumentou.

LIBERADO APÓS CONFESSAR CRIME

Procurada, a Polícia Civil informou, por nota, que o caso segue sob investigação na DHPM. A PC confirmou que o companheiro da vítima se apresentou espontaneamente na delegacia, acompanhado do advogado. 

"Em depoimento, (ele) confessou a prática e alegou que foi um disparo acidental. A Polícia Civil esclarece que a legislação brasileira estabelece que a prisão só deve ocorrer em situações de flagrante delito, ou mediante mandado de prisão em aberto. No caso em tela, não se configura nenhuma das duas situações e, além disto, houve a apresentação espontânea. Desta forma, o depoimento foi colhido e o homem liberado", explicou a PC, em nota. 

JOVEM QUE ATIROU FOI PRESO COM ARMA EM JULHO

Ainda de acordo com a Polícia Civil, ao verificarem as informações a respeito do investigado, constatou-se que ele possui ficha criminal com, pelo menos, cinco passagens pela polícia.

"A última prisão, realizada pela Polícia Civil, ocorreu na 9ª fase da Operação Caim, em 24/07/2020. Na ocasião, ele foi autuado em flagrante pelos crimes de tráfico de drogas e porte ilegal de arma de fogo de uso restrito, sendo liberado no dia seguinte à prisão, por decisão judicial, em audiência de custódia. Na decisão, o juízo determinou, como medida cautelar, o uso de tornozeleira eletrônica. No entanto, em outubro, ele removeu a tornozeleira por conta própria."

O advogado Marcos Daniel contou que nem mesmo o suspeito acreditou que iria confessar ter atirado em Evellin e ser liberado em seguida.

"Ele me perguntou: 'Mas como assim, eu vou lá confessar e não vou ser preso? Não é possível!' Foi até uma dificuldade colocar na cabeça dele que a lei do Brasil permite que ele não seja preso agora, porque não tem mandado e não tem flagrante", narrou.

Evelyn deixou uma filha de 4 meses
Evellin deixou uma filha de 4 meses. (Reprodução/TV Gazeta)

MÃE DE VÍTIMA DESCONFIAVA DE FEMINICÍDIO

De acordo com o boletim de ocorrência registrado pela sogra de Evellin, a jovem foi deixada no Pronto Atendimento (PA) da Praia do Suá, em Vitória, com um tiro na cabeça e depois foi encaminhada ao Hospital Estadual de Urgência e Emergência (HEUE), onde não resistiu ao ferimento e morreu.

Na ocasião, a sogra contou à polícia que a jovem tinha saído de casa com amigas para comemorar o aniversário de 21 anos. Dias depois, outros relatos começaram a surgir e levantaram hipóteses sobre o que aconteceu na noite do crime.

A mãe de Evellin, Aline Bernardo, contou à reportagem na última quarta-feira (4) que havia recebido áudios de pessoas que diziam ter participado do evento, e que ouviram o disparo que matou a vítima. 

Segundo testemunhas, Evellin estava em uma festa no Morro da Garrafa, próximo ao local onde ela morava com a sogra e o companheiro. De acordo com uma das testemunhas, um homem teria atirado na jovem. Alguns relatos afirmam que o companheiro de Evellin estava no local. Para a mãe da vítima, a suspeita era de que a filha havia sido vítima de feminicídio.

Esse mesmo companheiro, segundo Aline, já havia agredido Evellin quando a jovem estava grávida. Eles têm uma filha de quatro meses. "Eu trouxe a minha filha para casa em um caixão, no dia do aniversário dela. Fiz de tudo para trazer a minha filha de volta e eu trouxe ela em um caixão junto comigo", desabafou.

Com informações de Leandro Tedesco, da TV Gazeta.

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