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Fios irregulares também foram usados em prédio de 12 andares em Cariacica

Fios irregulares também foram usados em prédio de 12 andares em Cariacica

Fiação irregular, que oferece riscos de incêndio, foi identificada no condomínio Ilha de Vera Cruz e na construção de residências no município de Laranja da Terra, no Noroeste do Estado

Publicado em 16 de novembro de 2021 às 20:12

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Dois novos casos de uso de fios elétricos irregulares, que podem causar incêndio, foram confirmados no Espírito Santo: um em residências que estavam sendo construídas no município de Laranja da Terra, no Noroeste do Estado, e outro em um prédio de 12 andares em Cariacica — cujos moradores já haviam denunciado problemas, como o derretimento de tomadas.

Presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Assembleia Legislativa do Espírito Santo (Ales), o deputado Vandinho Leite informou que o edifício se chama Ilha de Vera Cruz, que tem 67 apartamentos e está localizado no bairro Vera Cruz. A empresa responsável já teria recebido diversos acionamentos dos proprietários.

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A empreiteira vai ter que prestar os esclarecimentos necessários porque já vinha tendo muitas reclamações: incêndio em tomada, quedas de energia, curto-circuito...

Vandinho Leite
Deputado estadual e presidente da Comissão de Defesa do Consumidor da Ales
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Prédio Ilha de Vera Cruz, em Cariacica, tem 12 andares e 67 apartamentos
Prédio Ilha de Vera Cruz, em Cariacica, tem 12 andares e 67 apartamentos. (Divulgação | Kemp Engenharia)
Fios irregulares também foram usados em prédio de 12 andares em Cariacica

Ainda segundo o deputado, um dos moradores viu as reportagens a respeito das investigações no âmbito da Operação Elétron e procurou a comissão. "Os fios irregulares, que eram da Luzzano, foram analisados e ficaram comprovados o risco de incêndio e o aumento do consumo", revelou Vandinho.

Diante da irregularidade, ele garantiu que a Kemp Engenharia, responsável pelo empreendimento, será notificada nos próximos dias para fazer a troca da fiação elétrica do edifício. "É o que está previsto no Código do Consumidor. Se não tivemos sucesso, vamos acionar a Justiça", afirmou.

NOVO CASO EM LARANJA DA TERRA

Além do edifício em Cariacica, o outro caso confirmado durante a quarta fase da Operação Elétron — deflagrada na última semana e cujos resultados foram divulgados nesta terça-feira (16) — ocorreu em residências que estavam sendo construídas em Laranja da Terra, no Noroeste do Espírito Santo.

"Um empreendedor que constrói casas e outros empreendimentos comprou 157 mil metros de cabos da Luzzano. Quando ele viu o caso na imprensa, ele paralisou as obras e enviou o produto para ser analisado. Infelizmente, todo o material está comprometido", comentou o deputado Vandinho Leite.

"NÃO TEMOS COMO MENSURAR VÍTIMAS"

À frente da Delegacia Especializada de Direito do Consumidor (Decon), o delegado Eduardo Passamani afirmou que "não tem como mensurar a quantidade de vítimas" em decorrência da produção e venda dos fios irregulares. Investigações apontam que há lotes de fiações irregulares desde 2016.

O QUE DIZEM AS EMPRESAS

Em setembro deste ano, a Luzzano afirmou à TV Gazeta que as acusações são graves, que precisam de comprovação e que não condizem com os padrões de qualidade da empresa. A fábrica também informou que está tomando as providências para comprovar a eficácia do produto. Nesta terça-feira (12), a empresa foi novamente acionada, mas não atendeu às ligações.

A reportagem de A Gazeta entrou em contato com a Kemp Engenharia devido à situação irregular encontrada no prédio Ilha de Vera Cruz, em Cariacica. Assim que houver retorno, este texto será atualizado.

OPERAÇÃO ELETRON

  • Primeira fase

A Operação Eletron é consequência de uma investigação feita diante de uma "avalanche" de denúncias de superaquecimento de fios e aumento injustificado do consumo de energia elétrica. A primeira fase foi deflagrada no dia 10 de agosto deste ano, em duas cidades da Grande Vitória.

Na ocasião, um empresário de Vitória foi preso. Ele é o dono de uma fábrica de fios e condutores elétricos que apresentavam irregularidades capazes de causar curto-circuitos e incêndios. Em 2019, o suspeito já havia sido preso por produção irregular, mas pagou a fiança de R$ 100 mil e acabou solto.

A Fábrica Luzzano que ele possuía também foi interditada. Ela fica localizada no bairro Boa Vista II, na Serra. O produto irregular chegou a ser vendido para hospitais, escolas e centenas de lojas e revendedoras. Além de ter sido comercializado em dez estados, incluindo o Espírito Santo.

  • Segunda fase

Nove dias depois, cerca de 40 mil metros de fios elétricos irregulares foram apreendidos em lojas de Vitória, Vila Velha, Serra e Cariacica, durante a segunda fase da Operação Eletron. A princípio, não havia indícios de que tais estabelecimentos estariam cientes do problema.

Após o recolhimento da mercadoria, ficou constatado que as embalagens possuíam, de forma indevida, o selo do Instituto Nacional de Metrologia, Qualidade e Tecnologia (Inmetro) – que deveria assegurar a qualidade, mas que, nesse caso, se referia a outros produtos feitos pela empresa.

  • Terceira fase

Deflagrada no dia 26 de outubro, a etapa cumpriu mandados de busca e apreensão no escritório da fábrica investigada e na residência do proprietário. Documentos e um celular foram apreendidos. Nesta fase, a Justiça também autorizou o bloqueio dos bens do dono, avaliados em R$ 10 milhões.

A terceira fase da Operação Eletron ainda trouxe à tona que os fios irregulares foram usados em duas creches de Vila Velha e em 17 unidades de saúde de Cariacica. Além de cinco escolas e 30 condomínios no Estado. O prejuízo gerado ao mercado foi estimado em R$ 75 milhões.

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