Publicado em 27 de setembro de 2020 às 16:53
Uma troca de tiros entre criminosos e policiais militares terminou com quatro pessoas feridas, entre elas uma criança de 3 anos, no início da madrugada deste domingo, no Jaburu, Vitória. Nas proximidades ocorria uma festa de aniversário e a situação deixou moradores revoltados. >
Na versão da Polícia Militar, equipes da Força Tática realizavam patrulhamento a pé entre as escadarias do bairro quando avistaram um grupo com armas em punho na entrada do beco Vila Baiana. Ao perceberem a ação dos militares, houve disparos contra a tropa, que revidou com quatro disparos. >
A situação teria gerado uma perseguição entre as vielas do bairro e mais trocas de tiros. Ao todo, oito disparos foram realizados pelos militares. Um suspeito, de 22 anos, foi atingido por tiro na mão esquerda e na nádega. Na delegacia, os policiais entregaram um revólver calibre 38, com apenas duas munições intactas e quatro deflagradas, que estaria com o suspeito ferido. >
Os demais integrantes do grupo teriam invadido um quintal, onde ocorria uma festa de aniversário, e conseguiram escapar por meio de uma mata que margeia a região e dá acesso ao Morro da Floresta. Estilhaços da troca de tiros atingiram um menino de três anos e mais duas jovens, que estavam em uma festa de aniversário. Não foi possível precisar de onde partiram os disparos que atingiram os participantes do evento. >
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No entanto, para os integrantes da festa, a situação foi bem diferente da descrita pela PM. Segundo eles, os militares chegaram atirando no local e cometeram excesso na ação, em especial contra quem tentava ajudar os feridos.>
"A gente estava na festa quando ouvimos fogos e depois tiros. Eu estava com uma criança no colo, por isso me joguei no chão para protegê-la. A polícia chegou do nada e atirando, não queria nem saber, se era inocente ou não. Muitas pessoas pediram para parar, pois havia crianças. Foram cerca de cinco tiros e os estilhaços me machucaram. Pensei que eu fosse morrer, estou muito assustada e indignada com essa situação", afirma uma cuidadora de crianças, de 20 anos, em entrevista ao repórter André Falcão, da TV Gazeta. Nenhum dos entrevistados quis ser identificado. >
Outra jovem ferida é filha de um polidor de carros, de 40 anos, que disse estar indignado com a situação. Ele diz que se exaltou e acabou sendo alvo de represália dos militares. >
"Eu saí de dentro de casa, estava dormindo, quando ouvi os tiros e soube que minha filha estava ferida. Fui lá e encontrei ela no chão, a coloquei no meu colo pra esperar por socorro quando falei que iam 'queimar no fogo do inferno' . Foi aí que apontaram uma arma para mim. Isso é uma falta de respeito com as comunidades. Estava acontecendo um aniversário familiar quando eles saíram atirando para tudo quanto é lado. Como aqui é morro e favela, fazem o que querem sem ter direito", afirmou o polidor ao repórter André Falcão. >
A mãe da criança ferida, e aniversariante da festa, também acredita que houve erro na ação policial. "Comemorávamos meu aniversário tranquilamente quando começou uma correria, muitos tiros e desespero. Eu moro no morro, mas isso não dá o direito de chegar dessa forma em um lugar que tem criança. Poderia ter mais gente ferida, eles são treinados para defender a gente", disse a auxiliar de cabeleireira, 20 anos. >
Moradores registraram o momento em que os militares utilizaram spray de gás lacrimogêneo contra moradores, fato que foi confirmado pela corporação. Segundo ela, os policiais foram hostilizados pelos moradores e até foram alvo de pedradas e, por isso, teriam utilizado o spray e tiros com balas de borracha. >
Os PMs envolvidos na ocorrência entregaram, no Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP), a arma recolhida com o detido, 36 munições, uma pistola calibre 380 e um rádio comunicador recolhidos no trajeto da fuga dos suspeitos. Também foram entregues as armas dos militares como procedimento padrão para apuração dos disparos. >
"A Polícia Militar informa que durante incursão no Morro do Jaburu, área já conhecida pelos policiais devido ao intenso tráfico e ocorrências de confrontos armados, as equipes de militares foram recebidas a tiros, efetuados por criminosos que já estavam em confronto entre si. Ao perceberem a presença policial, somaram esforços para impedir o avanço da tropa no terreno, adotando, inclusive, condutas de patrulha, o que indica certo treinamento militar. >
Houve, portanto, reação proporcional àquela agressão e um homem foi atingido e detido, bem como armas e equipamentos da quadrilha foram apreendidos. >
Durante o socorro ao bandido, populares hostilazaram os policiais de forma violenta e injusta, chegando a atingir um dos militares de raspão com uma pedrada. >
A PMES ressalta que tais circunstâncias têm se tornado comuns nas ocorrências em locais cujo tráfico tenta dominar. A Polícia Militar, sempre que for agredida, responderá na proporção legal e adequada para garantir o cumprimento de seu dever constitucional. >
A Polícia Militar alerta ainda em relação à segurança das pessoas em áreas de conflito, em especial mulheres, idosos e crianças, que misturam-se à multidão agressora e acabam por sofrer as consequências da resposta proporcional. No caso em questão, foram utilizados equipamentos de menor potencial ofensivo, adequados quando ocorrem agressões não letais. >
Embora cause estranheza o fato de haver uma criança na madrugada, em área de confronto, ter sido supostamente atingida, a PMES lamenta e está à disposição para esclarecer todas as circunstâncias.>
Ressaltamos ainda que quaisquer ilações que atribuam à PMES culpa na lesão de qualquer pessoa, sem investigação, em área onde já ocorria confronto prévio entre criminosos, é pura leviandade. Estamos, contudo, prontos para ouvir a comunidade pelos meios oficiais de denúncia, garantindo uma apuração isenta e com observância ao que prevê o estado democrático de direito">
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