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Publicado em 27 de setembro de 2024 às 10:21
Há quatro anos, uma conversa mal-entendida culminou no fim da vida de quatro jovens inocentes no crime que ficou conhecido como a Chacina da Ilha. Os assassinatos aconteceram em 28 de setembro de 2020, na Ilha Doutor Américo de Oliveira, região de Santo Antônio, em Vitória. >
Além dos jovens mortos, outros dois ficaram feridos, mas conseguiram fugir. Os amigos assassinados foram:>
A Polícia Civil inicialmente indiciou seis autores e coautores do crime, mas só quatro deles foram denunciados pelo Ministério Público do Espírito Santo (MPES). Todos estão presos. São eles:>
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Havia uma expectativa do julgamento dos envolvidos acontecer em 2022, o que não aconteceu. Agora o julgamento está marcado para 29 de outubro.>
Na época da chacina, o delegado Marcelo Cavalcanti, que era titular da Delegacia de Homicídio e Proteção à Pessoa (DHPP) de Vitória, explicou que o crime foi um quebra-cabeça elucidado em menos de dois meses. >
As investigações apontaram que as vítimas estavam na ilha em um momento de lazer. Os jovens de Santo Antônio, em Vitória, se encontraram no local com outros dois, de Cariacica. >
Em um determinado momento, as vítimas até conversaram com os dois jovens, mas depois disso, os grupos se separaram no local. >
Foi aí que tiveram início os fatos que culminaram na chacina. Os jovens de Santo Antônio começaram a conversar. Um rapaz, de Cariacica, ouvindo o assunto, deduziu que as vítimas seriam de uma facção criminosa de Vitória, rival do tráfico de Porto de Santana, de Cariacica.>
Foi quando o rapaz, de Cariacica, ligou para Felipe Domingos Lopes, o Boizão, líder do tráfico de Porto de Santana. Este homem reuniu comparsas para realizar um ataque contra as vítimas. Posteriormente, as investigações apontaram que a informação estava errada e que os rapazes que foram mortos não teriam ligação com nenhuma facção. >
Felipe e os suspeitos pegaram um barco e saíram em direção à ilha. Quando chegaram lá, desembarcaram e já tinham a informação de que as vítimas estavam desarmadas e o local onde estavam.>
Em um primeiro momento, apenas três das seis vítimas foram rendidas. Isso porque os outros três tinham ido a Santo Antônio buscar cerveja e drogas para consumo. No entanto, ao voltarem, os jovens também foram rendidos. Segundo o delegado Marcelo Cavalcanti, eles foram ameaçados e subjugados por pelo menos 30 minutos.>
Durante a ação, um dos autores ligou para uma pessoa do celular de uma das vítimas, para perguntar quem seriam e se teriam envolvimento com a facção criminosa. De acordo com as investigações, a pessoa que atendeu o telefone negou que os jovens tivessem ligação com alguma organização. E, mesmo de posse dessa informação, eles acabaram executados.>
“Mesmo assim, tendo essa negativa, foram feitos os vídeos que foram divulgados, e o Felipe Boizão resolveu executar as vítimas, sendo seguido pelos outros quatro, com exceção do Adriano, que não atirou, pois tinha certeza que as vítimas não eram envolvidas”, disse o delegado na época do caso. “Esse fato é comprovado pela perícia, pois ele estava com uma arma de calibre 9mm e nenhuma cápsula desse tipo foi encontrada no local”, completou Marcelo Cavalcanti.>
Naquele dia, uma segunda-feira, os moradores da região relataram terem ouvido muitos tiros vindos da Ilha Dr. Américo de Oliveira, uma coisa incomum para um lugar usado de lazer por quem habita a Grande Santo Antônio.>
Em pouco tempo a informação começou a circular através de redes sociais. Familiares correram para os arredores do Sambão do Pov, em busca de mais detalhes. >
Na ocasião, para salvar a própria vida, um dos baleados se fingiu de morto durante o ataque. Ele foi socorrido por um tio, que ouviu os disparos e foi de barco até a ilha salvar o sobrinho. >
A tia de uma das vítimas, que prefere não se identificar e nem informar de qual vítima é familiar, contou que os jovens foram criados na região, iam para a ilha nadando ou de barco. >
Ela lembra que, na época do crime, algumas pessoas chegaram a julgar a morte do sobrinho, dizendo que era usuário de drogas e com envolvimento no tráfico de entorpecentes. >
Todos os apontados pela Chacina da Ilha estão presos. O último a ser detido foi Victor Bertholini Fernandes, em janeiro de 2022, no bairro Porto de Santana, Cariacica. >
Os quatro acusados pelo crime foram ouvidos pela Justiça estadual em maio de 2022. >
Segundo apurou na época a colunista de A Gazeta, Vilmara Fernandes, na audiência em que os acusados foram ouvidos em juízo, Victor negou a participação no crime. Adriano e Felipe decidiram permanecer em silêncio, mas no processo há depoimentos deles prestados à polícia onde confessaram o crime. Já Werick optou por confessar a sua participação, sem citar o nome dos demais envolvidos.>
Procurada pela reportagem para atualizações do processo, o Ministério Público do Estado de Espírito Santo (MPES), por meio da Promotoria de Justiça Criminal de Vitória, informou que ofereceu denúncia contra os quatro réus e requereu que fossem julgados perante o Tribunal do Júri. >
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