Publicado em 19 de julho de 2020 às 09:58
Uma professora de Linhares, no Norte do Espírito Santo, está ajudando um aluno deficiente auditivo com as lições durante a pandemia do novo coronavírus. Para isso, Joyce Barcelos Barbosa percorre cerca de 40 quilômetros, pelo menos uma vez por semana, até a casa do aluno, que mora na comunidade de Bananal do Sul, no mesmo município. >
Edilson tem 15 anos e está no primeiro ano do Ensino Médio. A professora conta que não o conhecia pessoalmente, porque ele ainda não tinha ido à escola este ano: "Ele estava matriculado na escola desde o início do ano, mas eu não tive contato com ele porque, devido a esse percurso , que não tem ponte nem acesso ao transporte, ele ainda não tinha ido à escola".>
Ainda no começo do ano letivo, o problema do transporte foi resolvido, mas a chegada da pandemia manteve o estudante longe da sala de aula. Logo, a professora teve a ideia de acolher o aluno e a família para que Edilson não desistisse dos estudos e tivesse um estímulo para continuar.>
Joyce Barcelos Barbosa
ProfessoraPara chegar até a comunidade de Bananal do Sul, a professora percorre parte do trecho em estrada de chão e precisa parar o carro duas vezes para abrir porteiras. >
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"Num primeiro momento, eu me assustei um pouco pela estrada, pelo percurso, que é bastante difícil o acesso. Mas é o que eu sinto no meu coração: quando passo por esses obstáculos todos, com chuva ou sol, e chego aqui, não tem dinheiro que pague", declara a professora. >
Mesmo sem se comunicar verbalmente, Edilson deixa clara a gratidão que sente pela dedicação da professora. "Fico muito feliz, tenho um carinho enorme", diz o aluno, em Libras. >
Para a professora, ver os olhos do aluno brilhando após cada atividade é uma motivação para continuar. >
"Quando eu chego aqui, vejo a recepção da família e do aluno, o brilho nos olhos dele, o sorriso, a dedicação. Acho engraçado quando terminam as atividades no final da manhã, eu pergunto a ele se está cansado, se é chato, mas ele fala que é muito bom", afirma. >
As aulas acontecem debaixo de uma mangueira. A mãe do rapaz, Valdelice Gomes da Silva, acompanha todo o trabalho de perto. "Agradeço a Deus todos os dias por isso. Se não tivesse o apoio dela, eu não saberia o que fazer", relata a mãe.>
No vilarejo em que a família mora, vivem cinco famílias, com crianças de 7 a 11 anos. Lá, a internet quase não funciona. Valdelice conta que a dificuldade não é só do filho dela, mas de todos os outros alunos da comunidade. Pela falta de acesso, eles não conseguem acompanhar as aulas. >
"Algumas coisas não têm como explicar porque têm que ser pesquisadas na internet, e aqui não pega. Algumas coisas ficam sem fazer", explica. >
No início do mês, um levantamento feito pelo site G1 mostrou as dificuldades de acesso à educação por parte de estudantes em todo o país durante a pandemia. Dos 25 Estados que implantaram atividades à distância, 15 monitoram a adesão dos estudantes ao ensino remoto. Os índices mostraram também que as aulas on-line não são acompanhadas por todos os alunos. Isso significa que, apesar dos esforços das redes, parte dos estudantes pode não ter acesso à educação na pandemia. As razões são várias e incluem falta de estrutura em casa, de computadores ou de conexão.>
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