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Óleo que poluiu praias do Nordeste chegou em Guriri, no Norte do ES

Óleo que poluiu praias do Nordeste chegou em Guriri, no Norte do ES

As amostras da substância foram encaminhadas para o Instituto de Estudos do Mar (IEAPM), que confirmou ser o mesmo óleo encontrado na região Nordeste

Publicado em 8 de novembro de 2019 às 21:54

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Mutirão no litoral se São Mateus em busca de possíveis manchas de óleo. (Prefeitura de São Mateus)

O óleo que polui as praias do Nordeste chegou ao litoral capixaba, em Guriri, praia de São Mateus, no Norte do Espírito Santo. A informação foi confirmada pela Marinha do Brasil em comunicado oficial, divulgado na noite desta sexta-feira (8). O material chegou em fragmentos, e as amostras da substância foram encaminhadas para o Instituto de Estudos do Mar (IEAPM), que confirmou ser o mesmo óleo encontrado na região Nordeste. Um Destacamento Operativo com 75 Fuzileiros Navais permanece em Conceição da Barra e São Mateus realizando ações de monitoramento, desde terça-feira (5).

Um comitê foi formado um dia antes, na última segunda-feira (4), para capacitar municípios de toda a costa capixaba com a chegada do material tóxico. O trabalho é conduzido por equipes do Iema, Ibama e ICMBio. Na terça-feira (5), militares do Exército e Marinha também passaram pela capacitação.

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Nota da Marinha do Brasil sobre chegada de óleo no ES

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A instrução é que as praias atingidas sejam evitadas, pelo menos até que se faça a retirada dos resíduos e a água seja testada. A orientação é de Fabrício Machado, secretário de Estado de Meio Ambiente. Ele explica que a recomendação inicial é de que não se tome banho nas praias onde o óleo for encontrado.

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Com a chegada dos fragmentos será feita a limpeza, o manejo dos resíduos. Em seguida será feita a análise da água e o município informará quando a praia estará liberada para uso. Mas de forma preventiva, e tem sido uma recomendação nacional, na localidade onde o óleo for encontrado, por cautela, deve ser evitado o banho de mar até que a liberação do local seja comunicada

Fabrício Machado
Secretário de Estado de Meio Ambiente
Aspas de citação

Segundo Machado, há situações em que além dos fragmentos que chegam até as praias há um volume de petróleo que fica submerso. "Os fragmentos podem ser retirados, mas, dependendo do peso, da densidade ele pode estar submerso. E para liberar o uso da praia é preciso uma avaliação", relata, acrescentando que a defesa civil das cidades vai se encarregar de informar os locais liberados para banho e os que estiverem temporariamente interditados. "As praias não vai ficar interditadas por tempo indefinido", assinala o secretário.

PEQUENOS FRAGMENTOS

Nas últimas praias do litoral baiano onde o óleo foi avistado, ele tem aparecido na forma de pequenos fragmentos, a exemplo do que foi encontrado em Guriri. Ainda assim será necessário cautela e uso de equipamentos de proteção no manejo da substância.

"Todas as informações que temos, do ponto de vista de saúde e ambiental, recomendam que se tenha cautela, mesmo que ele perca densidade. Não se deve ter contato direto com o produto. Será necessário usar equipamentos de proteção individual, como luvas. Também vai demandar cuidados no seu armazenamento e destinação final", explica.

Uma expedição foi realizada no município de Conceição da Barra para identificar as áreas críticas e que podem sofrer um dano maior com a contaminação do óleo, como os manguezais e os estuários. "O Ibama está utilizando redes como técnica de contenção para proteger estas áreas", explicou Machado.

São ações que fazem parte do plano de ação preparado pelo Estado e que foi acionado no último final de semana, quando as manchas chegaram à região de Caravelas, na Bahia, em decorrência da sua proximidade com a divisa do Estado.

O tempo que a contaminação ambiental causada por petróleo lançado ao mar levou para chegar ao litoral capixaba permitiu que o Estado tivesse condições de se organizar e estar preparado para minimizar os danos, avalia o secretário.

"Aprendemos com a experiência de outros estados, que foram surpreendidos. Tivemos tempo para reunir os órgãos ambientais estaduais, federais e municipais e preparar um plano de atuação, que já está sendo posto em prática. Não podemos impedir o desastre, mas teremos como minimizar os impactos. Queremos errar o mínimo possível", assinala Machado.

A elaboração do plano contou com a participação dos municípios que podem ser afetados num primeiro momento, como Conceição da Barra, São Mateus e Linhares. E mais recente com a participação de Aracruz, Fundão, Serra, Vitória e Vila Velha. Os municípios do Sul, a partir de Guarapari, também vão receber treinamento e apoio.

Participam ainda das ações os órgãos estaduais (Iema, Ibama, Idaf) e os federais (Ibama, ICMBio, Marinha, Exército). "No contexto geral organizamos uma capacitação elaborada pelo ICMbio Ibama e Iema e que foi aplicada nas cidades do litoral Norte da Região Metropolitana. Nós fizemos um treinamento com 280 homens do Exército e Marinha, que estão a posto no sentido de atender qualquer demanda de convocação para atuar", explicou.

Também foi solicitada a empresas apoio de estrutura de contenção e proteção individual para o manejo dos materiais. "As empresas responderam e no decorrer dos próximos dias o material estará chegando", relatou o secretário.

Equipes fizeram vistoria na praia de Barra Nova, em São Mateus. (Raphael Verly/TV Gazeta Norte)

MPES CRIOU FORÇA-TAREFA

Na última quarta-feira (6), o Ministério Público do Espírito Santo (MPES) criou a Força-Tarefa Poluição por Óleo (FTPO) para atuar de forma preventiva contra o impacto do desastre ambiental. A ação será supervisionada pelo subprocurador-geral de Justiça Institucional, Alexandre José Guimarães, e coordenada pelo dirigente do Centro de Apoio Operacional do Meio Ambiente (Caoa), promotor de Justiça Marcelo Lemos Vieira.

O derramamento de óleo na costa do Nordeste brasileiro foi identificado no final de agosto. Mais de 80 municípios e nove Estados nordestinos foram impactados pelo desastre ambiental, com a contaminação de praias, costões rochosos, recifes, manguezais e outros ecossistemas de grande vulnerabilidade por volumes expressivos de óleo. Além de impactos ambientais, o composto pode causar transtornos de saúde, econômicos e sociais, impactando na qualidade de vida da população.

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