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É baixa a probabilidade da febre amarela voltar ao ES, diz professor

É baixa a probabilidade da febre amarela voltar ao ES, diz professor

Após o surto de febre amarela que atingiu o Espírito Santo em 2017, casos que têm aparecido em outros estados do sul e sudeste voltaram a preocupar os capixabas, que se questionaram sobre a possibilidade da doença retornar ao Estado

Publicado em 17 de janeiro de 2020 às 22:45

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Casos de febre amarela no sul e sudeste preocupam capixabas; macacos são as principais vítimas. (Pixabay)

Após o surto de febre amarela que atingiu o Espírito Santo em 2017, casos que têm aparecido em outros estados do sul e sudeste voltaram a preocupar os capixabas, que se questionaram sobre a possibilidade da doença retornar ao Estado. Mas, de acordo com o professor de Zoologia da Universidade Federal do Espírito Santo (Ufes), Sérgio Lucena, entrevistado pela CBN Vitória na tarde desta sexta-feira (17), a probabilidade do vírus voltar a se instalar é pequena.

Para ilustrar a possibilidade, o especialista tratou da principal vítima da doença, o macaco. “Considerando o quadro atual, a probabilidade da doença voltar ao Estado é pequena, mas não é que não seja possível. No caso dos macacos, por exemplo, quando ocorre um surto muito forte, como foi o de 2017, são mortos praticamente todos os indivíduos suscetíveis, ou seja, aqueles que são mais sensíveis ao vírus. Os que ficam são mais resistentes, o que implica dizer que mesmo tendo sido picados, não morreram. Estes não vão morrer se o vírus retornar. Mas deve-se levar em conta que há uma nova população de macacos nascendo, as espécies estão se recuperando”, iniciou.

38 MORTES

Novas mortes por febre amarela foram identificadas em, ao menos, 38 macacos nos estados do Paraná, São Paulo e Santa Catarina, de acordo com um boletim epidemiológico divulgado pelo Ministério da Saúde na última quarta-feira (15). Em humanos, no mês de julho de 2019 a 8 de janeiro deste ano, 327 casos suspeitos de febre amarela foram notificados ao Ministério, mas apenas um foi confirmado, no estado do Pará.

Segundo Lucena, nem todos os casos de suspeita de morte pela febre amarela são de fato analisados e confirmados. “O Ministério da Saúde está relatando a compilação dos dados de 2019 e 2020, em que temos 38 macacos confirmados como mortos por febre amarela, em três estados. As notificações de morte de macaco por suspeita de febre amarela nesse período no Brasil foram mais de mil, só que de muitos que morrem, só alguns têm coletados o material, sendo apto à análise e então têm isso testado e confirmado. Dos 38, a maioria é no Paraná. Mas isso é muito preocupante sim, porque anos atrás a doença estava restrita à região norte”, explicou.

RESISTÊNCIA

De acordo com o professor, as várias espécies de macaco têm diferentes graus de suscetibilidade ao vírus. Diante dessa constatação, ele traça um paralelo com os seres humanos. “Nós temos várias espécies de macaco na Mata Atlântica, que é o principal bioma presente no Estado. Dentre eles, alguns são mais sensíveis ao vírus, outros menos. No caso dos bugios ou carpados, chega a morrer 80% a 90% da população quando atingida pelo vírus. Aqui no ES morreram milhares dessa espécie. Outros como o prego são menos sensíveis, por exemplo. Do mesmo jeito é o ser humano, a maioria das pessoas não é sintomática, pode até ter contato, mas nem tem sintomas ou só sintomas brandos, poucos chegam ao quadro grave da doença”, comparou.

VACINAÇÃO

Apesar de otimistas as perspectivas, o alerta para a vacinação está válido. “O informe do Ministério da Saúde é para alertar a população para a necessidade de se vacinar, em especial na região sul e sudeste, principalmente para quem for viajar para os locais de risco. Há grande oferta de vacina agora e as pessoas não estão buscando, mas devem”, indicou.

“Vacinar-se é se proteger e proteger outras pessoas. Porque se uma pessoa for portadora do vírus e viajar para outra região, pode infectar o mosquito e levar adiante. Uma das formas possíveis de transmitir é pelo próprio sangue humano, assim, uma pessoa não vacinada, mas parcialmente resistente, pode ter uma virania branda por alguns dias, viajar para local com mata e mosquito transmissor, se infectar e levar adiante. Se a pessoa não é vacinada, pode levar o vírus. Desse modo, a vacinação é muito importante”.

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