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Casagrande critica pronunciamento: 'Não temos uma liderança no país'

Casagrande critica pronunciamento: "Não temos uma liderança no país"

Para governador, palavras do presidente Bolsonaro contrariam a OMS, a Ciência e deslegitima o Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta

Publicado em 25 de março de 2020 às 08:32

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Renato Casagrande e Jair Bolsonaro
Renato Casagrande e Jair Bolsonaro. (Reprodução)

Depois de criticar, pelas redes sociais, o pronunciamento do presidente Jair Bolsonaro na noite desta terça-feira (24), o governador do Espírito Santo, Renato Casagrande (PSB), reforçou a posição contrária às falas do presidente sobre a pandemia de coronavírus. Em entrevista ao Bom Dia ES, da TV Gazeta, na manhã desta quarta (25), o chefe do executivo estadual afirmou que Bolsonaro vai contra as orientações de especialistas, deslegitima o próprio Ministério da Saúde e que o país não tem uma liderança para coordenar os trabalhos contra a doença.

Casagrande critica pronunciamento - Não temos uma liderança no país

Segundo o governador, as medidas anunciadas pelo presidente nos últimos dias, que pareciam reconhecer a gravidade da crise, eram, na verdade, um reconhecimento político da pressão que vinha sofrendo.

Aspas de citação

Anteontem e ontem parecia que o governo tinha tomado medidas que o presidente reconhecia a gravidade da crise. Mas acho que o presidente só reconhece a importância politicamente. Eu gostaria muito que o presidente estivesse certo. Eu nunca desejei tanto que as palavras de um presidente estivessem corretas. Agora, a minha responsabilidade não permite pagar para ver. Eu tenho responsabilidade com o povo capixaba. E, infelizmente, eu tenho agora que reconhecer que não temos uma direção, uma coordenação, uma liderança no país que possa coordenar um trabalho na área de saúde, economia, assistência social, que é o que estamos precisando neste momento

Renato Casagrande
Governador do Espírito Santo
Aspas de citação

Discordando do discurso do presidente, Casagrande citou a previsão do Ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, sobre o agravamento da doença no próximo mês. Para o governador, as falas do presidente tiram a legitimidade do Ministério da Saúde.

“O ministro tem dito que vamos entrar em uma situação de muita gravidade agora no mês de abril, e está tomando todas as medidas. E as palavras dele (do presidente) tiram até a legitimidade do ministro. É a palavra que está contrária a Ciência do mundo e todos que estão se manifestando”, destacou.

"RECONHECIMENTO POLÍTICO"

Casagrande reconheceu a importância das medidas anunciadas pelo governo federal nos últimos dias. No entanto, afirma ser um reconhecimento político e que não acredita que o presidente reconheça pessoalmente a gravidade do problema.

“Ele já anunciou alguns recursos. O anúncio do presidente, eu até fiz elogios, foi um bom anúncio. Mas parecem medidas que são para atender a uma pressão política que está tendo. Ele não se convence pessoalmente de que é uma situação grave que estamos vivendo. Espero que não só comigo, mas que todos os governadores que vão ter essa reunião mais tarde, porque o trabalho e a manifestação dele atrapalha o trabalho nos Estados e municípios. Espero que a declaração e o menosprezo dele à realidade não tire do governo o apoio que os Estados e municípios precisam nesse momento”, afirmou.

REUNIÃO COM GOVERNADORES

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Casagrande e outros governadores participarão de uma reunião com o presidente Jair Bolsonaro, por videoconferência, ainda na manhã desta quarta (25). Em pauta estarão as ações tomadas para o enfrentamento do coronavírus.

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