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Presos com armas, suspeitos de crime de pirâmide são soltos no Sul do ES

Presos com armas, suspeitos de crime de pirâmide são soltos no Sul do ES

Durante a operação, duas pessoas foram detidas pelo crime de posse ilegal de arma de fogo. Eles pagaram fiança e foram liberados

Publicado em 10 de junho de 2021 às 15:16

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Homens do Gaeco, da Polícia Civil e Militar participam de Operação Lobo de Wall Street no Sul do ES
Homens do Gaeco, da Polícia Civil e Militar participam de Operação Lobo de Wall Street no Sul do ES. (MPES/Divulgação)

As duas pessoas que foram presas durante a Operação Lobo de Wall Street, nesta quarta-feira (09), em Cachoeiro de Itapemirim, no Sul do Espírito Santo, foram liberadas após pagamento de fiança. Os empresários foram detidos, em flagrante, pelo crime de posse ilegal de arma de fogo. As investigações dos outros crimes continuam em andamento.

Presos com armas, suspeitos de crime de pirâmide são soltos no Sul do ES

De acordo com a Polícia Civil, além do crime de pirâmide financeira, existe uma suspeita de que eles possam ter cometido estelionato e lavagem de dinheiro. Na ação, foram apreendidos veículos, computadores, documentos e uma grande quantia de dinheiro.

Foram sequestrados mais de 10 veículos, sendo uma BMW X1, um Honda Civic, duas Toyotas Hilux, uma S10, um Golf GTI, um Tracker, um Fiat Toro, duas motos Ducati Monster 1200cc, uma Kawasaki Z1000, um quadriciclo e duas motos elétricas.

“Foram cumpridos oito mandados de busca e apreensão domiciliar nas residências dos investigados e na sede de uma empresa, onde foi apreendida a quantia de R$ 103 mil em espécie”, explicou o delegado Rafael Amaral.

Também foram apreendidos uma pistola calibre 9mm, um revólver calibre 357 e dois revólveres calibre 38, uma espingarda calibre 12 e outra calibre 38, além de 135 munições calibre 9mm, 17 munições calibre 38, 99 munições calibre 357 e 31 munições calibre 12.

Homens do Gaeco, da Polícia Civil e Militar participam de Operação Lobo de Wall Street no Sul do ES
Homens do Gaeco, da Polícia Civil e Militar participam de Operação Lobo de Wall Street no Sul do ES. (MPES/Divulgação)

Além dos dois detidos, mais seis pessoas são P investigadas. Segundo as autoridades, eles usavam, supostamente, cotas de consórcios como vitrine para atrair investidores e captar recursos com a promessa de gerar ganhos para esse consumidor.

Entenda o suposto esquema fraudulento no Sul do ES

A empresa:  empresa investigada ofertava supostas cotas de consórcios de companhias conhecidas que têm autorização do Banco Central. 

Consórcios: A firma suspeita fazia contratos com os investidores prometendo lucratividade com as operações de consórcios. 

Lucro de 50%: O lucro inicialmente prometido chegava a 50% do valor aplicado. Ou seja, se o consumidor colocava R$ 100 mil era garantido um retorno de R$ 50 mil, além do depósito inicial. Após um tempo, a rentabilidade caiu para 20%, embora ainda seja acima do valor de mercado. 

Comissão: Ao vender o consórcio para a empresa, em um trabalho de intermediação, a firma suspeita recebia uma comissão da emissora do título de consórcio. 

Quebra de contrato: Após o aporte inicial do consumidor e de receber a comissão, o contrato da firma suspeita com a empresa de consórcio era quebrado e o pagamento das parcelas, suspenso.

Poder sobre o dinheiro: Os depósitos dos consumidores eram mantidos nas mãos da suposta associação criminosa que pode ter movimentado R$ 68 milhões desde outubro de 2019, quando a firma foi constituída. 

Esquema Ponzi: As autoridades apuram o esquema Ponzi, um tipo de pirâmide financeira sofisticada, que ocorre quando o valor do investimento de uma pessoa é usado para pagar a rentabilidade de outra que ingressou no negócio anteriormente. 

Vítimas: As autoridades não sabem quantas vítimas saíram no prejuízo com o esquema, que fechou mais de 800 contratos. Além dos consumidores, suspeita-se que as empresas de consórcio também foram prejudicadas.

EMPRESA PODE TER MOVIMENTADO R$ 68 MILHÕES

Até agora, o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco-Sul), e a Polícia Civil identificaram ao menos 800 contratos assinados com clientes. Ainda não é possível saber quais entre os consumidores são vítimas ou beneficiados pelo possível esquema.

Os investigados também têm vínculos com empresas com características de serem de fachada, já que as forças policiais não encontraram atividades dessas firmas nos endereços visitados. Também é apurado se os membros da suposta associação criminosa já havia atuado em outros crimes de pirâmide financeira.

O delegado disse ainda que a empresa está em funcionamento desde outubro de 2019, mas há suspeita de que o esquema já era aplicado pelos empresários antes de abrirem a empresa.

Segundo o MPES, todos os materiais apreendidos serão enviados ao Laboratório de Tecnologia Contra a Lavagem de Dinheiro (LAB-LD) para extração de informações e os dados serão encaminhados para a delegacia para análise. “A finalidade da operação é a busca de outros elementos de convicção para fomentar o inquérito policial que tramita aqui no Gaeco, para que possibilite uma possível ação penal. Mas ainda temos que aprofundar as investigações. A princípio sabemos que são oito pessoas envolvidas, e a maioria reside em Cachoeiro, mas alguns vivem em cidades vizinhas”, informou o promotor.

A operação Lobo de Wall Street foi em conjunto com o Ministério Público do Estado do Espírito Santo (MPES), por meio do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (GAECO Sul), com o apoio da 7ª Delegacia Regional e do Núcleo de Inteligência da Assessoria Militar do Ministério Público do Espírito Santo (MPES).

ESQUEMA PONZI

Apesar de a empresa ter indícios de atuar como uma pirâmide financeira, as atividades se assemelham a um sistema mais elaborado do golpe, que é o Ponzi. Neste caso, os criminosos se aproximam das vítimas e as convencem a fazer investimentos, prometendo lucros rápidos e altos, bem acima do praticado pelo mercado. O dinheiro de uma pessoa que entra no negócio fraudulento é usado para pagar quem já estava na rede.

O sistema, embora não seja considerado sustentável, pode durar por anos e mesmo décadas. Um exemplo é o Ponzi de Bernard Bernad Madoff que sobreviveu por 20 anos, vindo a quebrar na crise financeira de 2008, quando os investidores tentaram sacar sua poupança e descobriram que não havia dinheiro para pagar todos os poupadores da corretora.

Já o esquema de pirâmide financeira clássica funciona da seguinte forma: pessoas pagam para entrar num negócio e ganham dinheiro ao colocar outros investidores. Quanto mais gente agregar ao negócio, mais lucro essa pessoa tem. Mas o negócio acaba também não conseguindo sobreviver por muito tempo, já que a velocidade de inclusão de novos participantes vai se reduzindo até chegar num nível de não conseguir mais honrar com as promessas de lucro.

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A empresa ainda é suspeita de realizar a venda irregular de consórcios e também de oferecer opções de investimentos financeiros
Operação no Sul do ES desarticula empresa suspeita de praticar crime de pirâmide financeira. (Maíra Brito/TV Gazeta Sul)

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