Repórter de Economia / [email protected]
Publicado em 11 de maio de 2021 às 18:19
O governo do Espírito Santo pretende começar a investir em pequenas e médias empresas a partir do primeiro trimestre do ano que vem. Nesta terça-feira (11), o governador Renato Casagrande anunciou o lançamento do edital que vai contratar o responsável por gerir a parcela do Fundo Soberano dedicada a esse fim, em um modelo de Fundo de Investimento em Participações (FIP). >
É esperado que o processo de escolha do gestor leve cerca de 90 dias. A partir daí, a empresa selecionada vai prospectar e captar os negócios que serão beneficiados. A primeira assinatura deve acontecer em 2022, segundo Casagrande.>
O FIP será um fundo de venture capital e terá aporte inicial de R$ 250 milhões do Fundo Soberano. Até 2022 é esperado que esse valor aumente e alcance R$ 504 milhões através dos aportes mensais feitos com o recurso dos royalties e participações especiais do petróleo. >
O venture capital é uma modalidade de investimento que oferece recursos financeiros para uma empresa de pequeno ou médio porte, incluindo startups, que estão em crescimento ou expansão. Por essa razão, ele é considerado de alto risco, já que não há qualquer garantia de que a empresa que receberá o investimento terá sucesso.
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Esse será o maior fundo de venture capital com dinheiro público do país, segundo o executivo estadual. >
“Nossa expectativa é de que os investimentos durem de cinco a dez anos. Temos regras de entrada e saída nesses negócios. Após sairmos, esse capital retorna e o fundo soberano volta a investir em novos negócios”, explicou o Secretário de Inovação e Desenvolvimento, Tyago Hoffmann. >
Segundo ele, o modelo é baseado em experiências nacionais e internacionais. Assim, o Fundo Soberano foi dividido em duas partes: 40% voltado para uma reserva financeira gerida pelo Banestes, que será uma poupança de longo prazo do Estado, e 60% para compor o FIP, que será usado para investir em empresas. >
O secretário esclareceu que, mesmo colocando dinheiro nessas empresas e, na prática, adquirindo parte delas, o governo do Estado não tem interesse em exercer papel de gestão nos negócios. >
“O fundo não será sócio-gestor nem participará de conselho de administração. O fundo é sócio-investidor, que vai estabelecer um contrato de metas com a empresa e depois disso vai recebendo o cumprimento dessas metas. E realizando os investimentos necessários de acordo com o cronograma acordado com essas empresas”, disse. >
Poderão ser contempladas empresas capixabas (com sede fiscal no Espírito Santo) que queiram atuar em outros Estados, ou empresas de outras unidades federativas interessadas em atuar no Espírito Santo. >
Inicialmente, segundo o governo, foi escolhido um leque amplo de setores, que vão desde os mais tradicionais, como rochas ornamentais e metalmecânico, até alguns ligados à indústria 4.0, como energias renováveis e economia criativa. >
"Mais que ter gestão fiscal responsável, estamos dando outro passo adiante pra preservar recurso do presente para o nosso futuro. Uma riqueza que é finita, estamos transformando em infinita. Que pode parte dela se manter como poupança inter-geracional. E 60%, inicialmente, para investimento efetivo", afirmou o governador. >
O objetivo, ainda segundo Casagrande, é criar oportunidades de emprego e renda para a população do Espírito Santo. A medida é uma das apostas do Estado para ajudar a economia capixaba a se recuperar da crise econômica causada pela pandemia do novo coronavírus, embora o Fundo Soberano tenha sido criado em 2019, antes do surgimento da Covid-19.>
Atualmente, essa parte do fundo é gerido por um Conselho Gestor e tem sua operação pelo Bandes, mas a escolha de um gestor de investimentos exclusivo para o FIP tem a intenção de gerar novas receitas para o Estado e também trazer governança e transparência para as aplicações. A previsão é de que em 60 dias essa empresa já esteja selecionada para prospectar novos negócios. O gestor terá um contrato de 10 anos com o Estado, prorrogável por mais dois.>
O Fundo Soberano foi constituído, junto com o Fundo de Infraestrutura, após o Espírito Santo fazer um acordo com Agência Nacional de Petróleo (ANP) e Petrobras para a unificação dos campos de petróleo do Parque das Baleias, na porção capixaba da Bacia de Campos.>
Com a união, o Estado passou a receber mais participações especiais por conta do grande volume de produção de petróleo na região, também chamada de Novo Jubarte, no Litoral Sul do Espírito Santo, entre Anchieta e Presidente Kennedy.>
Atualmente, o Espírito Santo é o 4º maior produtor de gás natural do país e o 3º maior produtor de petróleo. Com isso, o Estado recebe receitas ordinárias vindas da exploração, produção e comercialização do petróleo, do gás natural e dos seus derivados. Ao Espírito Santo são pagos royalties, participação especial e tributos (ICMS), que totalizam pouco mais de 20% da receita corrente líquida estadual. >
Em abril de 2019, o Estado assinou um acordo com a Petrobras e a Agência Nacional do Petróleo (ANP) para dar fim a disputa jurídica em torno do Parque das Baleias, localizado no Litoral Sul do Estado, na parte capixaba da Bacia de Campos. O dinheiro que tem entrado no caixa do Tesouro é uma consequência da unificação de uma série de campos de petróleo que, para efeito de cálculo das compensações, é considerado apenas um, desde 2012.>
A lei que criou o fundo foi sancionada em junho de 2019. Quando passou pela Assembleia Legislativa do Estado, foi aprovado por todos os deputados presentes na votação.
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