Publicado em 11 de agosto de 2020 às 12:37
O Banestes fechou o primeiro semestre de 2020 com lucro de R$ 125 milhões, volume 14,4% maior que os primeiros seis meses do ano de 2019, quando o banco capixaba alcançou R$ 109 milhões em resultado. Os três primeiros meses deste ano, no entanto, período pré-pandemia, foram cruciais para garantir esses bons números.>
De janeiro a março, o banco atingiu lucro recorde, de R$ 83 milhões. No entanto, o ritmo de crescimento da instituição financeira retroagiu. O resultado entre abril a junho foi de R$ 42 milhões, 7,5% menor que o do mesmo período do ano passado, de R$ 46 milhões.>
A retração ocorreu ao mesmo tempo em que o coronavírus avançava no Estado, causando graves efeitos na economia. Mas o Banestes disse que outros motivos também influenciaram nos dados.>
Em comunicado ao mercado, divulgado nesta terça-feira, o banco, que tem o governo do Estado com acionista controlador, explicou que um dos fatores foi a redução nas receitas com a prestação de serviço e tarifas (5,4%) por causa do impacto da Covid-19 nos segmentos do varejo e de serviços. O resultado foi de R$ 87 milhões.>
>
A receita também caiu por causa da redução das rendas com administração e gestão de fundos (-10,2%), com cartões (-8,8%) e com conta-corrente e depósitos (-12,6%).>
Segundo o diretor de Relações com Investidores e de Finanças do Banestes, Fernando Poncio, como muitas famílias tiveram perda de renda ou mesmo de emprego neste período de crise, a saída encontrada pelos consumidores para economizar foi também renegociar os gastos bancários. "As pessoas trocaram pacotes na tentativa de economizar. E isso foi um dos motivos para a receita com tarifas ter caído", destacou. >
Ele ainda acrescentou que no caso dos cartões de crédito houve também contratação. "O menor uso impacta na receita. As pessoas reduziram os gastos porque não sabem o dia de amanhã. Temos muitos servidores públicos como clientes do crédito consignado. Essas pessoas não foram tão afetadas pela pandemia. Mas o mercado privado, que representa uma boa fatia da carteira, foi muito atingido. O que elevou a cautela com as despesas.">
Outra explicação foi um custo adicional de R$ 6 milhões com a provisão de debêntures e do ajuste da destinação dos juros de capital próprio, determinado pelo Conselho Monetário Nacional (CMN). Esta última alteração impediu o uso de benefício fiscal no período. >
Poncio esclareceu que a regra do Banco Central fez com que a instituição financeira deixasse de agregar R$ 7 milhões em créditos tributários. "A resolução limitou em até 25% do resultado o valor pago aos acionistas. Ao tirar das participações os recursos que não puderam ser repassados, o banco deixa de ter ganho fiscal. Mas isso deve ser revertido no segundo semestre", explicou.>
Aos acionistas, o Banestes pagou R$ 27 milhões a título de juros de capital próprio. A maior fatia, de quase R$ 25 milhões, foi para o caixa do Tesouro Estadual.>
No segundo trimestre, o faturamento do banco foi de R$ 511 milhões, um recuo de 24,1% em 12 meses por conta dos impactos diretos da redução história da taxa básica de juros (Selic) nas operações bancárias.>
No semestre, as receitas com prestação de serviços e tarifas atingiram R$ 177 milhões, mantendo-se estável e positiva (0,1%), com destaque para as rendas de gestão e administração de fundos (2,1%), de tarifas em operações de crédito (+8,8%) e angariação de seguros (+47,7%). "Este comportamento dependerá do retorno à normalidade da atividade econômica nos próximos meses", explicou o fato relevante.>
O relatório financeiro aponta que o Banestes realizou quase R$ 2 bilhões em operações de crédito, sendo R$ 1,43 bi em novos empréstimos: R$ 758 milhões para empresas, em especial as de pequeno e médio porte; R$ 672 milhões para pessoa física.>
Mesmo sem ter um avanço da inadimplência no primeiro trimestre, a preocupação de como será o atraso no pagamento dos empréstimos pelos devedores no banco nos próximos meses levou o Banestes a tomar medidas mais conservadoras. Entre abril e junho, a instituição provisionou R$ 22 milhões para trazer segurança financeira caso muitos clientes não consigam honrar os compromissos.>
Com a pandemia, o banco concedeu R$ 324 milhões em prorrogação de crédito para clientes pessoa física e jurídica. A carência de muitos começa a vencer em outubro e novembro. "A volta do pagamento das parcelas pode causar um aumento na inadimplência, por isso as medidas preventivas", destacou Poncio.>
Segundo o comunicado ao mercado financeiro, o índice de inadimplência no primeiro semestre na carteira de crédito ampliada ficou em 2,2%. Enquanto a inadimplência na carteira de crédito comercial atingiu 3,5%. >
As operações com atraso superior a 90 dias no segmento de pessoa física atingiram 2,6%, enquanto, no segmento corporativo fechou em 5,0%. "Em suma, a inadimplência das operações com pessoa física ficaram estáveis comparado ao primeiro semestre de 2019, enquanto, a inadimplência das operações corporativas apresentaram melhora 0,8 p.p. na mesma comparação, porém ainda não capturado na totalidade o impacto e efeito da crise sanitária instalada (Covid-19) na economia local e consequentemente em nossas operações.">
O Banestes é um banco com capital aberto e tem suas ações negociadas na Bolsa de Valores de São Paulo, a B3. O lucro por ação ficou em R$ 133,58 por trimestre. >
Notou alguma informação incorreta no conteúdo de A Gazeta? Nos ajude a corrigir o mais rápido possível! Clique no botão ao lado e envie sua mensagem.
Envie sua sugestão, comentário ou crítica diretamente aos editores de A Gazeta