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Taxa de transmissão da Covid volta a ficar acima de 1 na Grande Vitória

Taxa de transmissão da Covid volta a ficar acima de 1 na Grande Vitória

Maior interação social e mudança no modelo de testagem de casos suspeitos podem ter contribuído para este cenário

Publicado em 2 de outubro de 2020 às 15:37

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Taxa de transmissão da Grande Vitória, Estado e interior da semana do dia 18 de setembro
Taxa de transmissão da Grande Vitória, Estado e interior. (Divulgação/NIEE)

A taxa de transmissão (RT) do coronavírus voltou a subir e está acima de 1 nos municípios da Grande Vitória. Os dados do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE) apontam que o indicador chegou a  1.07 em 18 de setembro, demonstrando uma tendência de crescimento que já vinha sendo registrada nas semanas anteriores. O dado mais recente revela que um grupo de 100 infectados com a Covid-19 transmite a doença para 107 pessoas.

Taxa de transmissão da Covid volta a ficar acima de 1 na Grande Vitória

As informações foram extraídas nesta quinta-feira (1º) do Painel Covid-19, ferramenta do governo do Estado com atualização diária sobre a doença. Nele também consta que a atual taxa de transmissão no Estado é 0.93,  ou seja, 100 pessoas transmitem o vírus para outras 93. Nas cidades do interior, o indicador é mais baixo, mas também registrou crescimento e chegou a 0.83. Neste cenário, 100 infectam 83. Vale ressaltar que esses dados são consolidados porque já decorreu um período de 14 dias, intervalo que a doença pode se manifestar após o contato de uma pessoa com o vírus. 

O índice de contágio na região metropolitana está maior que o do Estado. O monitoramento realizado pelo NIEE revela, ainda, que a taxa de transmissão da Grande Vitória não era maior que a constatada nos municípios do interior, pelo menos, desde o dia 10 de julho.

Pablo Lira é diretor de Integração e Projetos Especiais do Instituto Jones dos Santos Neves (IJSN) e membro do Núcleo Interinstitucional. Segundo ele, o aumento representa "variações positivas observadas na curva epidemiológica."

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Isso já aconteceu no dia 10 de julho, quando a nossa taxa de transmissão estava em 0,95, na semana seguinte foi pra 1,17 e, depois, voltou a cair

Pablo Lira
Membro do Núcleo Interinstitucional
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Na avaliação de Lira, três fatores podem ter contribuído para a elevação da taxa, como o aumento da interação social, a mudança do modelo de testagem para a Covid-19 e o inquérito sorológico do sistema prisional.

"Temos de acompanhar o comportamento da doença nas próximas semanas e desenvolver uma análise empírica para estabelecer esse nexo causal com precisão. Ainda é cedo para fazer qualquer afirmação", argumenta.

POSSIBILIDADES PARA O AUMENTO 

  • 01

    Interação social

    De acordo com Pablo Lira, o aumento da interação social registrada após a flexibilização das medidas restritivas pode ser considerado um fator causador do aumento do RT na Grande Vitória. "Só que ainda é cedo pra fazer essa afirmação. Do feriado de 7 setembro, o ciclo da doença completaria os 14 dias no dia 21 do mesmo mês. A taxa de transmissão desse período só pode ser analisada na próxima semana".

  • 02

    Mudança no padrão de testagem

    Desde o dia 14 de setembro, a Secretaria de Estado da Saúde (Sesa) testa qualquer pessoa no Espírito Santo que apresente algum sintoma respiratório característico dos casos suspeitos de Covid-19.  "Isso pode influenciar uma variação positiva na taxa de transmissão, aumenta o diagnóstico de casos confirmados e, então, a média móvel de casos também é influenciada", destaca Pablo Lira.

  • 03

    Inquérito sorológico do sistema prisional

    O estudo indicou que, entre os 22 mil presos do sistema penitenciário do Estado, cerca de sete mil teriam sido infectados. Na região Norte, 43,7% dos custodiados testados tiveram resultado positivo para a Covid-19; na região metropolitana essa taxa foi de 28,7%; e, na região Sul, 19,8% dos presos testados tiveram contato com o vírus. "O maior número de unidades prisionais está na Grande Vitória", pontua Pablo Lira.

Mesmo diante da pandemia, as praias da Grande Vitória ficaram lotadas neste domingo, 27
Praias lotadas durante a pandemia. (Fernando Madeira)

REDUÇÃO LENTA

"Hoje estamos com uma taxa de transmissão de 0,93 no Estado. Nas últimas nove semanas, desde  17 de julho, a nossa taxa está abaixo de um. Ficando abaixo de um, demonstra que estamos reduzindo.  Mas o aumento de 0,77 para 0,93, no dia 18 de setembro, mostra que estamos diminuindo o ritmo de redução." A afirmação é de Pablo Lira, membro do Núcleo Interinstitucional de Estudos Epidemiológicos (NIEE).

Mesmo diante deste cenário, Lira prevê que os dados que serão analisados na próxima semana, possivelmente no dia 8 de outubro, vão registrar redução das taxas de transmissão a partir do número de casos confirmados e os óbitos provocados pela Covid-19.

"O Painel Covid-19 mostra que a média móvel de casos confirmados dos últimos 14 dias está em queda de -11,74%, e o número de óbitos tem redução de -27,93%. Tudo indica que na semana posterior à semana do dia 18, muito provavelmente, teremos uma taxa de transmissão voltando a cair", estima.

CÁLCULO

A taxa de transmissão é baseada em um cálculo que mede a velocidade em que o vírus se dissemina na população. A análise considera dados coletados durante o inquérito sorológico – realizado com base em testagem por amostragem pela Sesa, como o número de casos confirmados de Covid, registros de óbitos e percentual de prevalência. Também entram na conta quem ainda não se infectou e a parcela da população que está suscetível ao vírus.

Taxa de transmissão da Grande Vitória, Estado e interior(Divulgação/NIEE)

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