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Publicado em 10 de março de 2022 às 16:52
Após passar pelo pesadelo de perder o bebê em um acidente na madrugada do último dia 28, a caminho de Santa Maria de Jetibá, Luciana Casarotto Pontiari, de 35 anos, contou que o sofrimento não é somente dela e do marido. "Difícil, bastante difícil para nós. Não só para a gente enquanto casal, mas para toda a família também. Está todo mundo sofrendo, seria nosso primeiro filho", disse, em entrevista à repórter Carol Monteiro, da TV Gazeta.>
Luciana, que estava grávida de nove meses, entrou em trabalho de parto e o acidente ocorreu no trajeto para o hospital. O marido dela, o pedreiro Luan Jonas Chiabai, de 30 anos, não conseguiu desviar de um buraco na estrada que liga o distrito de Caramuru ao centro de Santa Maria de Jetibá, e o carro acabou saindo da pista e capotando. O bebê nasceu dentro de um veículo que parou para ajudar o casal, mas não resistiu e morreu antes mesmo de chegar à unidade hospitalar. >
Segundo Luciana, o filho Luiz Antônio – nome em homenagem ao avô da criança – nasceu com 52 cm e 3,7 kg, dentro dos parâmetros considerados saudáveis e adequados. Ela lembra que, pouco antes da tragédia, estava em Caramuru aproveitando os dias de carnaval com sua família, quando a bolsa estourou e o casal precisou sair de casa às pressas.>
Segundo o pedreiro Luan Jonas Chiabai, o que teria sido um sonho realizado foi interrompido por uma estrada escura, sinuosa, e com muitos buracos.>
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Luan Jonas Chiabai
Pedreiro
O percurso que seria feito até o hospital duraria cerca de meia hora. Mas, para dificultar a chegada, nos postes da estrada não há iluminação nenhuma, de acordo com Luan . Como tudo aconteceu de madrugada, estava tudo escuro. "A única coisa que iluminava um pouco era o farol do carro. Quando minha esposa saiu, falou que o neném estava nascendo. Eu me lembro que entrei umas três vezes no carro, revirei tudo e não achei nossos celulares. Fiquei em dúvida se saía para procurar ajuda e a deixava sozinha", relatou.>
O pedreiro disse que queria procurar ajuda, mas não queria largar Luciana sozinha, sob o risco de que algo pior acontecesse. "Perguntei se ela aguentava subir o morro, ela disse que sim. Subimos para pedir ajuda. A primeira pessoa encontrada, um caminhoneiro que saía de uma granja, não quis ajudar. Pensei que ele ajudaria, pedi socorro, gritando. Ele olhou e virou para o outro lado e foi embora", lamentou. >
Inicialmente, sem conseguir ajuda, Luan e Luciana caminharam cerca de 400 metros, com o desespero aumentando na proporção da dor. Finalmente, um casal se solidarizou aos gritos de socorro e foi ajudar.>
Luan Jonas Chiabai
Pai da criançaÀ reportagem da TV Gazeta, Luciana afirmou que não se lembra de quase nada da tragédia e que foi o marido quem contou como tudo aconteceu. Ela demorou vários dias para conseguir mexer no enxoval da criança.>
Segundo apuração da repórter Carol Monteiro, da TV Gazeta, ainda nesta semana era possível ver pedaços do carro no meio do mato. Enquanto a equipe de reportagem passava na estrada para chegar ao local do acidente, foram encontrados trabalhadores da prefeitura de Santa Maria de Jetibá fazendo reparos e consertando outros buracos. E não eram poucos.>
O sentimento para Luan é de total indignação. "É uma vergonha o conserto que estão fazendo, uma vergonha para a prefeitura. A gente paga imposto caro para ter um asfalto daquele e é uma estrada muito movimentada, em um distrito que gera muito dinheiro. Muita vergonha", ressaltou.>
À reportagem da TV Gazeta, a Secretaria de Estado da Agricultura, Abastecimento, Aquicultura e Pesca (Seag) informou, em nota, que o trecho da estrada citado faz parte do programa "Caminhos do campo" e que lá foram realizados os serviços de tapa-buraco e limpeza em fevereiro deste ano, além de já ter sido solicitado um novo serviço de pavimentação. A pasta também afirmou que o trecho contém curvas acentuadas e características que exigem que o usuário transite em velocidades baixas, de no máximo 40km/h. >
Também demandada, a Prefeitura de Santa Maria de Jetibá informou que está realizando um serviço de tapa-buracos, ativo em todas as vias de responsabilidade municipal. Segundo o órgão, o trabalho tem sido desenvolvido por localidade. Além dele, já foram pavimentados mais de 10 km das vias do interior e asfaltados 35 km do município, tudo isso para garantir a trafegabilidade, segurança e escoamento de produtos.>
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