Publicado em 23 de setembro de 2020 às 21:37
Mesmo com a perspectiva de autorização do governo do Estado para a retomada das atividades presenciais da educação básica a partir de outubro, em mais de 50 municípios do Espírito Santo se caminha para outra direção: manter apenas as aulas remotas até o final de 2020. O funcionamento das escolas foi suspenso em março devido à crise sanitária provocada pela Covid-19. >
É o que indica um levantamento feito pela União dos Dirigentes Municipais de Educação do Espírito Santo (Undime-ES), na última semana, para ter um panorama do quadro no Estado. Dos 78 municípios capixabas, 69 responderam aos questionamentos da entidade e, destes, somente 22% manifestaram a intenção de voltar às aulas presenciais ainda este ano da educação infantil e do ensino fundamental caso o governo autorize. >
Presidente da Undime-ES, Vilmar Lugão de Britto explica que não pode listar os municípios porque ainda não se trata de uma decisão oficial, porém relaciona vários fatores que contribuem para esse cenário. >
Uma das dificuldades para a retomada das atividades presenciais, aponta Vilmar Lugão, é o cumprimento dos protocolos de segurança estabelecidos em portaria conjunta das Secretarias de Estado da Saúde (Sesa) e da Educação (Sedu). Como há necessidade de aquisição de inúmeros itens que não faziam parte da rotina das escolas como máscaras e dispensadores de álcool em gel os gestores precisaram promover licitação, procedimento legal que é demorado e, em alguns locais, ainda não foi concluído. >
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Outro aspecto que pesa na decisão de alguns secretários de Educação é o número de profissionais que fazem parte do grupo de risco da Covid-19, como hipertensos e diabéticos, condição que os impede de retornar para a escola. Dessa maneira, as prefeituras precisariam fazer novas contratações que, em período eleitoral, têm bastante restrição. >
Além disso, ressalta o presidente da Undime-ES, o protocolo de retomada apresenta uma série de exigências, com limite do número de alunos, rodízio e escalonamento que, no momento atual do ano letivo, a atividade presencial pode se mostrar pouco efetiva. >
"Várias questões são postas pelos municípios. Considerando que o ensino médio comece mesmo em outubro, o fundamental vai ser só a partir de novembro e, o infantil, em dezembro. Diante de tantos protocolos, entradas variadas, o tempo do aluno para aprendizagem vai ser reduzido. Então, é preciso pensar estrategicamente cada passo e avaliar se essas semanas de aula na escola para alguns não chegará nem a um mês teriam um verdadeiro significado pedagógico na vida dos alunos", pondera.>
Na Grande Vitória, alguns municípios avaliam a possibilidade de não voltar, e o posicionamento será apresentado após consulta à comunidade escolar. Em Cariacica, o contato com as famílias já foi iniciado, e a expectativa é que a Secretaria Municipal da Educação tenha o resultado desse levantamento no início de outubro. >
"Iniciamos um trabalho de alinhamento com as comunidades escolares, conversando com pais e professores, para saber deles como é essa sensação para o retorno presencial. Terminando essa esculta, poderemos tomar uma decisão mais assertiva. Acredito que, nos próximos 10 dias, teremos o retrato do que a rede pensa", afirma o secretário da Educação, José Roberto Martins Aguiar.>
Quanto à rede, ele assegura que as escolas estão preparadas na área de biossegurança para receber os estudantes e os profissionais ainda em 2020, caso seja esse o entendimento. José Roberto ressalta, inclusive, que durante o tempo em que estiveram fechadas devido à pandemia, muitas unidades foram submetidas a obras. Segundo o secretário, eram intervenções necessárias e que precisavam de prazo maior de execução do que os tradicionais 30 dias de recesso no início de cada ano. >
O município de Vitória também vai fazer um levantamento com a comunidade, através de seus conselhos escolares, assim que o governo definir a data para a retomada presencial. Com as orientações sanitárias do Estado, será aberta a consulta. A secretária municipal da Educação, Adriana Sperandio, observa que, como as famílias têm a opção de não encaminhar as crianças para as aulas presenciais, a prefeitura ponderou que também caberia partilhar com os pais e responsáveis dos alunos a decisão pela volta ou não à escola em 2020.>
Adriana acrescenta que os processos para a aquisição de materiais estão concluídos, e alguns já foram entregues às escolas. Outros itens, como máscaras, somente serão fornecidos quando houver definição sobre a data de retorno. >
Em Vila Velha, o secretário da Educação, Roberto Beling, diz que está aguardando o próximo decreto governamental para que possa definir os encaminhamentos para as escolas da rede municipal. "Talvez, pelo período existente, não haja tempo hábil para o retorno da educação infantil. Mas não temos uma definição no momento. Estamos trabalhando e acompanhando as decisões do governo", sustenta. >
Na Serra, a possibilidade de manter apenas as atividades remotas também está sendo avaliada, segundo a assessoria da Secretaria Municipal da Educação. Questionada sobre o assunto, esclarece, em nota, que "todas as alternativas estão sendo estudadas para garantir mais segurança no retorno dos alunos e profissionais, e que está realizando um amplo diagnóstico das unidades de ensino, considerando as orientações dos órgãos de saúde para esse momento de pandemia. Caso haja o retorno presencial ainda este ano, os alunos voltarão de forma escalonada.">
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