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Priorizar escolas não é abrir já, mas não dá para esperar controle total, diz Unicef

Priorizar escolas não é abrir já, mas não dá para esperar controle total, diz Unicef

Para Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil, priorizar a retomada das aulas presenciais significa ter um planejamento de investimento financeiro na educação

Publicado em 22 de setembro de 2020 às 08:39

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escolas
A OMS e o Unicef fizeram um alerta de que a reabertura das escolas deve ser prioridade no processo de retomada das economias. (Pixabay)

Um dos países com o maior tempo de suspensão de aulas presenciais, mas também o terceiro do mundo em número de casos de coronavírus (mais de 4,5 milhões) e segundo em mortes (136,9 mil), o Brasil enfrenta confusão no processo de reabertura das escolas.

No momento em que as autoridades brasileiras apresentam dificuldade em definir quando e como será o retorno das aulas, a Organização Mundial da Saúde (OMS) e o Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef) fizeram um alerta de que a reabertura das escolas deve ser prioridade no processo de retomada das economias.

Para Florence Bauer, representante do Unicef no Brasil, priorizar a retomada das aulas presenciais significa ter um planejamento de investimento financeiro na educação, reorganização escolar e proposição de ações pedagógicas para recuperar as aprendizagens.

"É fundamental que a reabertura seja feita com diálogo com toda a sociedade. A volta vai exigir um comprometimento de todos, por isso, é importante que todos, professores, alunos funcionários, se sintam seguros e saibam o seu papel para evitar o contágio dentro da escola", diz.

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    Sim, é o momento de preparar a volta às aulas pensando na situação epidemiológica de cada região, cada estado, cidade e até mesmo bairro. O Brasil é um país muito grande, não podemos esperar que a situação esteja controlada em todo o território para a reabertura das escolas.

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A OMS preparou um documento com orientações sobre como fazer essa volta às aulas de acordo com a situação epidemiológica. O Brasil hoje tem esses quatro cenários diferentes acontecendo em cada local. Cidades sem nenhum caso, com casos esporádicos, com transmissão localizada e com transmissão comunitária.

Para cada uma dessas situações, há recomendações específicas a serem aplicadas para a reabertura das escolas. E mesmo onde não for possível reabrir, é importante que se iniciem as ações de preparação, garantir que as unidades tenham água potável, sabonete, ventilação nas salas.

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    É importante que essas questões sejam solucionadas e, mais ainda, reconhecidas. Precisamos reconhecer que as escolas públicas têm estrutura muito precária. Ainda temos unidades sem abastecimento de água.

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Mas essas disparidades não vão ser resolvidas de um dia para o outro. O importante é tomar medidas realistas para que a volta às aulas aconteça o mais rápido possível. Por exemplo, se a escola não tem água encanada, é preciso providenciar uma estação para a lavagem das mãos, com um contêiner ou alguma solução nesse sentido.

É preciso pensar em medidas que podem ser tomadas rapidamente. Evidentemente, faltam recursos, mas é preciso uma organização rápida para possibilitar a volta.

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    Precisamos pensar no impacto das escolas fechadas. Apesar da tentativa de manter as atividades de forma remota, muitos alunos não conseguiram acessá-las. Há um risco muito grande de abandono escolar, aumento das disparidades.

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Há o impacto óbvio na educação, mas também há consequências negativas na nutrição das crianças, do desenvolvimento social, o impacto da violência doméstica. O fechamento das escolas tem um efeito muito negativo e profundo.

O fechamento foi necessário, mas a prioridade nesse momento deve ser a de analisar a situação de cada local para preparar essa volta.

O que me preocupa é a inércia. É a sociedade se acostumar com as escolas fechadas, não estar disposta a pensar nas estratégias para a reabertura.

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    É uma situação muito inédita, de muita incerteza. Por isso, o planejamento é fundamental. Na situação atual, a prioridade deve ser a reabertura das escolas, mas não que essa abertura vá ocorrer amanhã e de qualquer forma. Mas pensar em como ela se dará de forma segura.

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Assim que a pandemia arrefecer, a abertura tem que ser rápida. Precisamos enxergar como uma questão de urgência colocar as crianças na escola novamente. Manter as unidades fechadas deveria ser apenas em casos extremos.

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    O fundamental é tomar essa decisão pensando no impacto para as crianças, sempre garantindo a segurança delas. Nesse processo, o diálogo com as famílias, alunos, professores também deve acontecer de forma constante. É importante que todos se sintam seguros e saibam qual é o seu papel nesse retorno.

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Todos têm que ter entendimento sobre as medidas necessárias, o respeito às regras para que a volta às aulas aconteça de fato de forma segura. Se não houver diálogo com as famílias, como esperar que os pais não mandem para a escola uma criança com sintomas de gripe? A comunicação é fundamental.

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