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Entenda como as vacinas estão enfrentando as variantes da Covid-19

Entenda como as vacinas estão enfrentando as variantes da Covid-19

Segundo médicos, mesmo que a pessoa seja infectada por uma variante do coronavírus, as chances dela desenvolver um quadro grave da doença são menores.

Publicado em 14 de março de 2021 às 02:00- Atualizado há 3 anos

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Sars-Cov-2, novo coronavírus, vírus da Covid-19
Sars-Cov-2, vírus da Covid-19. Vacina contribui para diminuir os casos graves de pessoas infectadas por suas variantes. (Pixabay)

Há um ano, quando a pandemia de Covid-19 foi declarada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), cientistas ao redor do mundo começaram a se empenhar no desenvolvimento de vacinas eficazes contra a doença. Agora, com a vacinação em curso, a preocupação da comunidade científica é sobre a eficácia das ampolas já aprovadas para o uso emergencial diante do surgimento de novas cepas, que, de acordo com estudos, se mostram mais transmissíveis e letais.

No Brasil, duas vacinas estão disponíveis até o momento para a população: a CoronaVac, produzida pelo Instituto Butantan com o laboratório chinês Sinovac, e a AstraZeneca, desenvolvida pela Universidade de Oxford com a Fiocruz. Aprovadas no dia 17 de janeiro deste ano pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), os imunizantes foram desenvolvidos de maneiras diferentes.

A vacina CoronaVac foi fabricada com o vírus inativo, que estimula a resposta imune capaz de proteger o organismo contra o novo coronavírus. O diretor do Instituto Butantan, Dimas Covas, informou que a CoronaVac produz anticorpos contra as variantes identificadas no Reino Unido, na África do Sul e no Brasil, conforme pesquisa realizada por cientistas do Instituto Butantan e da USP, no Instituto de Ciências Biomédicas (ICB).

Já a vacina AstraZeneca foi fabricada com uma tecnologia conhecida como vetor viral não replicante. Por isso, utiliza um "vírus vivo", como um adenovírus, que não tem capacidade de se replicar no organismo humano ou prejudicar a saúde. Dados preliminares de um estudo feito pela Universidade de Oxford e pela AstraZeneca também indicam que a vacina contra a Covid-19 desenvolvida pela farmacêutica e pela universidade britânica induz uma resposta imunológica adequada contra a variante de Manaus.

O infectologista e presidente da Sociedade de Infectologia do Espírito Santo, Alexandre Rodrigues, explica que os estudos divulgados até o momento são positivos ao enfrentamento de novas variantes. Segundo o médico, as vacinas estimulam o sistema imunológico humano a produzir anticorpos contra a estrutura viral do coronavírus e conseguem ainda identificar e combater algumas de suas variações.

“As mutações conservam a estrutura parecida com o vírus Sars-Cov-2, mas têm mudanças específicas em seu DNA. Dessa forma, a vacina é fundamental para reconhecer aquele corpo inimigo e tentar eliminá-lo, melhorando a resposta do organismo contra a covid-19. Ou seja, mesmo que a pessoa seja infectada por uma variante do vírus, as chances dela desenvolver um quadro grave da doença é menor do que se ela não tivesse recebido as ampolas de imunização”, explica.

A pneumologista Cilea Martins lembra que vacina não é tratamento ou cura para nenhuma doença, mas uma prevenção e estimulação do organismo para o desenvolvimento de anticorpos. “Nenhuma vacina oferece 100% de proteção e não quer dizer que a pessoa não poderá ser infectada. No entanto, elas são fundamentais para o ser humano desenvolver um mecanismo de defesa para o coronavírus, atacando-o na fase inicial sem permitir o desenvolvimento da doença para a fase aguda, quando a pessoa precisa ser internada e até entubada”, detalha.

PREVENÇÃO DEVE SER MANTIDA

Devido a possibilidade de ser infectado mesmo ao tomar a vacina contra a covid-19, o infectologista e professor da Universidade Federal do Espírito Santo, Crispim Cerutti Junior, alerta sobre a importância de manter os protocolos de prevenção e higienização após a aplicação das ampolas.

“Estudos já indicam que as variantes são potencialmente mais transmissíveis, e outros já começam a trazer evidências que também são mais letais. A vacinação em massa precisa estar combinada com a manutenção dos protocolos de prevenção, como o distanciamento social, o uso de máscara e o uso de álcool em gel”, destaca.

VACINAS DISPONÍVEIS NO BRASIL

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  • CORONAVAC   

  • Nome da vacina: CoronaVac (anteriormente PiCoVacc) 
  • Fabricante: Sinovac, laboratório Chinês. No Brasil, a produção é realizada pelo Instituto Butantan. 
  • Eficácia: 50,38% 
  • Dosagem: 2 doses, com intervalo de até 28 dias entre uma e outra .  
  • Armazenamento: entre 02º₢ e 08ºC 
  • Países que aprovaram o uso emergencial: Azerbaijão , Brasil , Camboja, Chile, Colômbia, Equador, Hong Kong, Indonésia, Laos, Malásia, México, Filipinas, Tailândia, Turquia, Ucrânia, Uruguai  e Zimbábue. 
  • Produção: Sinovac Biotech, uma empresa privada chinesa, desenvolveu uma vacina inativada chamada CoronaVac no início de 2020. No início de 2021, testes no Brasil e na Turquia mostraram que o imunizante poderia proteger contra a Covid-19, mas eles produziram resultados diferentes - em parte porque eles projetaram os testes de maneiras diferentes. No Brasil, a eficácia contra o Covid-19 com ou sem sintomas foi de 50,38%. Na Turquia, a eficácia contra o Covid-19 com pelo menos um sintoma foi de 83,5%. O Brasil autorizou o CoronaVac em 17 de janeiro. Depois de construir uma segunda linha de produção em parceria com o Instituto Butantan. 

  • ASTRAZENECA 

  • Nome da vacina: AZD1222 (também conhecido como Covishield na Índia) 
  • Fabricante: Universidade de Oxford e Laboratório de Astrazeneca 
  • Eficácia: 82,4% 
  • Dosagem: 2 doses, com intervalo de 21 dias entre uma e outra. 
  • Armazenamento: entre 02º₢ e 08ºC
  • Países que aprovaram o uso emergencial: Argélia, Argentina, Austrália, Bangladesh, Bahrain, Butão, Botswana, Brasil, Canadá, Chile, Colômbia, República Dominicana, Egito, El Salvador, União Europeia, Islândia, Índia, Indonésia, Iraque, Kuwait, Malásia, Maldivas, México, Moldávia, Mongólia, Marrocos, Nepal, Nigéria, Noruega, Paquistão, Papua Nova Guiné, Filipinas, Arábia Saudita , Seychelles, Sri Lanka, África do Sul, Coréia do Sul, Tailândia, Ucrânia , Reino Unido, Vietnã. 
  • Produção: Em 8 de dezembro de 2020, pesquisadores da Universidade de Oxford e da empresa sueco-britânica AstraZeneca publicaram o primeiro artigo científico em um ensaio clínico de Fase 3 da AstraZeneca. O ensaio demonstrou que a vacina pode proteger as pessoas da Covid-19, mas ainda foi considerado inconclusivo. Aa AstraZeneca é fabricada com um vetor viral não-replicante de adenovírus de chimpanzé, que é manipulado geneticamente para inserir o gene da proteína “Spike” (proteína “S”) do Sars-CoV-2. Depois de obtido, os adenovírus são amplificados em grande quantidade usando células cultivadas em biorreatores descartáveis. Estes adenovírus são purificados, concentrados e estabilizados para compor a vacina final. Os adenovírus que compõem a vacina não podem se replicar na pessoa vacinada (vírus não-replicante), mas são reconhecidos por nossas células, que desencadeiam uma resposta imunológica específica para a proteína S, gerando anticorpos e outras células (células T) contra o novo coronavírus.

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