Publicado em 29 de agosto de 2020 às 21:40
Na esperança de que uma vacina contra o coronavírus comece a ser distribuída no Brasil em janeiro de 2021, médicos que atuam na linha de frente da pandemia contam com a utilização de medicamentos já identificados como promissores no combate aos sintomas do vírus e, assim, ampliam alternativas de tratamento. >
Alexandre Barbosa é médico infectologista, chefe de Infectologia da Universidade Estadual Paulista (Unesp) e consultor da Sociedade Brasileira de Infectologia (SBI). Segundo ele, a experiência adquirida ao longo dos meses de convivência com a doença tem sido o principal trunfo.>
Ele relata que os médicos começaram a entender quais procedimentos e medicamentos têm sido mais eficazes no tratamento aos sintomas e complicações que o vírus provoca no organismo. Ele atestou que, na suspeita de contaminação, o teste PCR é a primeira medida adotada, seguida com o isolamento do paciente.>
Antes, a gente deixava a pessoa com sintomas em casa. Hoje sabemos que é melhor internar mais cedo. A gente também intubava precocemente. Agora já se sabe que talvez seja melhor intubar mais tarde. Tem uma medicação que mudou um pouco a história, que é o corticóide. Quando usado em paciente grave, que precisa de ventilação mecânica, há melhora no quadro, explicou Alexandre.>
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Um dos corticóides utilizados é a dexametasona. O remédio serve para controlar o quadro inflamatório grave do pulmão que aparece entre o sétimo e o décimo dia da presença da doença no organismo. Além dos corticóides, os especialistas explicam que os pacientes com quadro clínico grave podem ser medicados com anticoagulantes e antibióticos.>
A aplicação dos medicamentos vai variar de acordo com o quadro clínico identificado. Além da dexametasona, o corticóide metilprednisolona também tem sido recomendado.>
Já na classe dos anticoagulantes, os mais comuns são a heparina e enoxaparina. Se durante a avaliação houver um quadro de infecção bacteriana no pulmão, os médicos também podem receitar o uso de antibióticos.>
Quanto às vacinas, quatro compostos estão sendo testados no Brasil: o produzido pela farmacêutica americana Pfizer em parceria com a alemã BioNTech; a vacina da AstraZeneca, desenvolvida na Universidade de Oxford; a chinesa Coronavac, feita em parceria entre o Instituto Butantan com a chinesa Sinovac; além da Janssen-Cilag, da Johnson & Johnson.>
A Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa) autorizou os quatro estudos clínicos de vacinas no Brasil. De acordo com o órgão federal, as pesquisas estão em andamento, e por isso, não é possível fazer previsão sobre quando esses produtos estarão disponíveis à população.>
É importante destacar que o papel da Anvisa é técnico e voltado para a validação da segurança e eficácia desses produtos utilizados pela população. A aquisição e distribuição de medicamentos e vacinas não é atribuição da agência, explicou a Anvisa, por meio de nota.>
Questionado, o Ministério da Saúde informou que a estratégia da campanha de vacinação contra a Covid-19 vai considerar as 100 milhões de doses e a transferência de tecnologia, disponibilizadas no acordo com a empresa AstraZeneca. A previsão é que o insumo comece a ser entregue a partir de dezembro deste ano para que a vacina comece a chegar à população em janeiro.>
O governo federal ressaltou que a distribuição da vacina seguirá os trâmites do que já é praticado nas campanhas de vacinação do Sistema Único de Saúde (SUS): as doses serão enviadas aos estados - que farão a entrega aos municípios de sua respectiva região. Os grupos prioritários para vacinação estão sendo estudados pelo Programa Nacional de Imunizações.>
(Os grupos) levarão em conta análises epidemiológicas da situação no país e as evidências científicas disponíveis - considerando também os grupos mais vulneráveis à infecção e complicações da Covid-19. A pasta está atenta aos estudos e a todas as vacinas em desenvolvimento e garante que, assim que tiver acesso à vacina comprovadamente eficaz contra a Covid-19, colocará à disposição dos brasileiros, afirmou, por meio de nota.>
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